Dia 25 de janeiro é o aniversário de umas das principais metrópoles do mundo. A cidade de São Paulo completa 466 anos e recebeu diversas homenagens do Corinthians ao longo do dia. Desde interação com o público até uma carta pública dedicando todo o amor, o Corinthians colocou tudo o que já viveu na cidade e tudo o que habita nela.
Com referências a Adoniran Barbosa, lembranças da história do próprio time com ídolos e as gírias paulistas, confira a carta aberta do Corinthians:
Fala, Sampa! Tudo bem, meo?
Desculpa falar assim com você, mas é que tem um outro time na cidade com teu nome, e já que a gente tem intimidade há mais tempo que eles, eu vou dizer Sampa mesmo, tá ligado?
Meo, hoje é teu aniversário. E mais do que nunca a gente precisa estar presente nesta festa. Então eu resolvi escrever uma carta pra você pra gente celebrar junto. A gente sempre teve tudo a ver. Do Bom Retiro ao Morumbi, palco da Quebra do Tabu de 1977 e do Mundial de 2000. Da Lapa a São Mateus. Ixi, mano. É tanto bairro, tanta quebrada que viu você crescer e me viu vencer. Do Lenheiro, Ponte Grande, Fazendinha e Arena Corinthians. Do lampião ao LED do Telão.
Das diferenças que nos fazem mais iguais. Classes sociais, crenças, sexo, raça, etnia. Hoje é festa pra todo mundo. Mas eu já falo disso. Agora eu queria falar de você.
Sabe, Sampa….eu também vi a imigração de italianos, portugueses, alemães, judeus, japoneses, poloneses, franceses, húngaros, armênios, espanhóis, a galera do Oriente Médio chegar, e claro, os ingleses que me inspiraram a nascer e brilhar. E tanta gente dos rincões do meu Brasil. Por falar em rincões, teve até um que veio da Colômbia morar aqui e foi capitão do meu primeiro Mundial da FIFA.
Como cantava o Seu Nenê, eu cresci chacoalhando a tristeza no balanço do trem quando a coisa não ia tão legal dentro de campo. Mas a Saudosa Maloca, do corinthianíssimo Adoniran Barbosa nunca abaixou a cabeça não.
Sabe, Sampa. Eu tô preocupado um pouco. Não é nem só com você não, que você tá cada vez melhor. Mas eu fico triste quando eu vejo o povo contra o povo. Lembra do Ato das Diretas que o meu povo lotou junto as suas ruas por liberdade de pensamento?
Ce acredita, meo…que tem gente que quer que tudo aquilo, aquela maluquice de censura, caretice e opressão volte? Contra os direitos dos manos, das minas e das monas. O Magrão lá do céu ficaria orgulhoso de quem levanta esse monte de bandeira pelo bem estar de todo mundo, né velho?
A única treta legítima é quem bota catchup na pizza. Aí quebrou o pau na casa de Noca, como diria Osmar Santos.
Mas não tem nada não. Vem cá, vamos falar de festa? Eu me adiantei, viu. Mas você já ligou pra Rita?
Como assim que Rita, Sampa? Tá me tirando? A Lee, meo! A Rainha do Rock. Deixa que eu mando um salve pra ela no zap. Ela não pode faltar. Ah, liga pro Tom Zé. Ele não é paulistano mas ama isso aqui feito o bando de louco.
A galera do Pagode, do Samba e do Sertanejo também vai colar, viu? O KondZilla disse que vai fazer uns videos loucos. Isso se não ficar preso no engarrafamento da ZL, porque tá osso. A Gaviões da Fiel e as escolas de samba eu garanto. Tenho um monte da minha galera espalhado pelas escolas de seus bairros.
Ah! Também chamei o Roger com os meninos do Ultraje, o Nasi do Ira!, o Supla, o João Gordo. O Arnaldo Antunes disse que vem, mas já falou que vai chamar também todos os rapazes dos Titãs. O Marcelo disse que vai prestigiar do céu. Ele tava escrevendo a Biografia do Casagrande quando foi embora, lembra? Mas ó: eu quero todos na tua festa, porque clássico daora tem que ter rival também. Tem uns gente boa, da paz.
Me leva a mal não, mas isso aí é saudades dos clássicos meio a meio no Pacaembu e no Morumbi.
Que pena que a Elis e a Hebe não estão mais aqui pra ver o festão. Se você soubesse como elas te amavam…
Sampa, vou ficando por aqui. Que você viva cada vez mais bela, mais plural, mais humana e mais igual dentre tanta gente diferente. A Fiel te ama. Ama pra ca***ho, meo!