Home Mídia Esportiva Narrador do SporTV discute racismo durante programa e lamenta: “nossa redação é um mar branco”

Narrador do SporTV discute racismo durante programa e lamenta: “nossa redação é um mar branco”

Matheus Camargo
Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), colaborador do Torcedores.com desde 2016. Radialista na Paiquerê 91,7.
Narrador do SporTV discute racismo durante programa e lamenta: “nossa redação é um mar branco”

Reprodução/SporTV

Júlio de Oliveira fez um relato da experiência de ser um dos poucos negros no jornalismo esportivo

O narrador Júlio de Oliveira, do SporTV, esteve na bancada do programa Redação SporTV nesta terça-feira (12) e fez um relato que chamou a atenção após os diversos casos de racismo no futebol no último final de semana.

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O jornalista falou sobre o atual cenário da imprensa esportiva, que tem poucos negros em atividade, e citou a própria redação em que trabalha como exemplo.

“Você vê brancos discutindo temas de negros porque falta representatividade de negros participando. A gente olha para nossa redação e é um mar branco, é um mar branco”, lamentou o narrador, que seguiu.

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“Só que a gente trata de um seguimento, que é o esporte, que a essência é negra. No futebol o grande é negro (Pelé), no basquete os maiores da história são negros. (…) Tivemos um negro hexacampeão mundial em um esporte de elite agora, que é o automobilismo (Lewis Hamilton, na Fórmula 1). Só que para discutir esporte são brancos. (54% da população) é negra ou parda. Está errado a participação na essência, na base. É estrutural, é da sociedade, um pouco do estado, mas como formadores de opinião nós precisamos ser mais agentes de transformação.”

O profissional ainda contou sobre sua experiência de vida até chegar ao Sportv. Júlio falou sobre a diferença de caminho que teve em comparação a colegas brancos.

“As barreiras são maiores porque você tem na essência da classe negra a pobreza. Você tem que escolher um caminho, é estudar ou trabalhar. É a base do negro. Você vai estudar ou trabalhar. Muitos não consegue fazer os dois. Meu pai não teve a oportunidade de estudar, então fez questão que os filhos estudassem. Mas a regra para fazer a faculdade era fazer o noturno, porque tinha que trabalhar. Muitos acabam desistindo. É difícil conciliar. Essa barreira fica mais distante. A gente têm esse mar branco porque os negros não conseguem às vezes trilhar esse caminho. Não vamos ter um chefe negro porque não temos jornalistas negros. Eu gostaria de sentar e discutir meus problemas com um chefe negro.”

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Veja o vídeo publicado pelo Sportv:

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