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Home Tênis Aos 61 anos, mãe de comentarista Roger Flores inicia trajetória em novo esporte, acumula títulos e sonha com Mundial

Aos 61 anos, mãe de comentarista Roger Flores inicia trajetória em novo esporte, acumula títulos e sonha com Mundial

Geuse Galera acumulou sete conquistas nos primeiros meses no beach tennis e lidera o ranking carioca de duplas mistas da modalidade

Por Pedro Cipriano em 30/10/2019 13:24 - Atualizado há 5 anos

Arquivo pessoal Geuse Galera com os filhos Úrsula, Tammy e Roger

Geuse Galera acumulou sete conquistas nos primeiros meses no beach tennis e lidera o ranking carioca de duplas mistas da modalidade

De tanto ver bolinhas de tênis cruzando a vista do mar em seu trajeto de bicicleta com a prancha de standup paddle na orla da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, Geuse Galera decidiu parar para olhar aquele jogo diferente: “Que lance maneiro!”, pensou ela. O beach tennis, febre nas praias cariocas há alguns anos, unia o que a mãe do comentarista Roger Flores mais curtia desde os tempos de adolescente: praia, sol e esporte.

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Foi na década de 1970 que Geuse começou a praticar várias modalidades: vôlei e handebol na escola, e frescobol e vôlei de praia nas areias da Ilha do Governador. Aos 19 anos, porém, a vida mudou de rumo. “Tive que parar tudo porque engravidei inesperadamente. Estudei e logo comecei a trabalhar para poder sustentar o Roger”, lembra Geusa, que se formou em educação física e deu aula de natação e ginástica olímpica por dez anos na ACM (Associação Cristã de Moços), em entrevista exclusiva ao Torcedores. “O Roger praticamente se formou comigo. Depois veio a Úrsula [quatro anos mais nova do que o ex-jogador], e eles me acompanhavam em tudo; brincavam nas quadras e nas piscinas, sempre comigo. Dei muito caldo neles nas aulas para bebês”, brinca.

A mãe-professora acompanhava e incentivava bem de perto a rotina esportiva dos filhos e aproveitava as horas de espera para retomar as atividades físicas: “Enquanto o Roger treinava futebol e a Úrsula fazia ginástica olímpica no Flamengo, eu andava de patins na Lagoa. Nunca fui de ficar na arquibancada”. Geusa conta que nunca cobrou resultados dos filhos – incluindo a caçula Tammy (atleta dos saltos ornamentais) – e sim seriedade, que eles “treinassem sério, comessem sério e descansassem sério”. A mesma disciplina que ela mesma praticava desde os tempos em que passava temporadas com o pai no Japão, onde ele trabalhou durante 40 anos: “A gente educa por exemplo”.

Geuse Galera, mãe de comentarista Roger, começou a jogar beach tennis em 2019 e já acumulou sete títulos

Aliado à boa condição física aos 61 anos, o histórico de prática esportiva fez com que Geuse se destacasse entre os iniciantes do beach tennis. “Essa é a minha diferença: meu corpo está preparado para a rotina de treinos. Agora tenho que pegar mais experiência e melhorar a parte tática, a leitura das jogadas”, conta. Considerada revelação na categoria C, Geuse já acumula sete títulos desde junho, é líder do ranking carioca de duplas mistas e terceiro lugar na lista feminina.

Na rotina, treinos duas vezes por semana na rede de Tony Costa e partidas amistosas ou torneios aos sábados, domingos e feriados: “Sou fominha mesmo. O Roger sempre diz que eu não paro”. E é do filho mais famoso que vem a inspiração para novas práticas, como o kite surf. “Eu não tenho medo do mar e não me importa ficar meia hora largada lá no meio. Prefiro entrar e levar caixote do que não entrar”, diz Geuse. Antes de entrar no mar ela conversa com Naíba, um rapaz que fica de olho para resgatá-la de bote ou jetski caso seja necessário. “O Roger sempre me zoa. Eu saio para a praia e ele pergunta se eu já falei com o Naíba”.

Mãe de comentarista Roger, Geuse Galera pensa em disputar Mundial máster de beach tennis

Como próximos desafios, Geuse já se prepara para disputar o Rei e Rainha do Beach Tennis do Rio de Janeiro e pensa no Mundial Máster: “No ano que vem já devo ir para a categoria B [intermediário], mas não me importo muito com isso. O que quero é vencer na Máster e ir para o Mundial. Nada é impossível”.

Essa confiança foi a que a fez contornar a sequela física resultante da tentativa de assalto em 2011, quando foi baleada e viu seu namorado ser morto. “Depois disso, tentei voltar a jogar vôlei de praia, mas era muito difícil dar o toque com a placa que tenho no braço esquerdo. No beach tennis, sou destra e a placa não me incomoda nos movimentos da esquerda”.

Se a cobrança com relação aos filhos era por seriedade, agora a exigência por rendimento vem por parte da mãe, de 91 anos, que sofre de Alzheimer. “Ela vai comigo para a rede e me dá bronca: pô, você não pegou essa bola!”, ri Geuse. “Eu boto todo mundo para jogar. A Tammy e o Roger são mais competitivos. Agora a Úrsula também está se divertindo com o beach tennis. Para ela fica mais difícil pensar em competir pela lesão neurológica que faz com que ela tenha uma movimentação mais lenta do lado esquerdo”. A irmã de Roger estava no acidente de ônibus da delegação de ginástica do Flamengo que deixou mortos e feridos em 1997.

Foi uma pergunta recente da neta mais nova que fez Geuse resumir sua trajetória para Luna (filha de Úrsula), de 14 anos. “As duas épocas mais felizes da minha vida foram com a sua idade, quando eu só estudava e jogava, não tinha preocupações, e agora, coroa, sem muitas preocupações, ainda jogando e me divertindo muito”, contou a avó à adolescente.

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