Mãe de Bernardo, Tamires já se afastou duas vezes do futebol; hoje brilha na seleção feminina
Única mãe entre as jogadoras, a lateral-esquerda Tamires já pensou em parar de jogar após nascimento do filho. Mas a paixão pelo esporte falou mais alto
O sonho de toda criança é ser jogador de futebol. E com Tamires não foi diferente. Porém, desde pequena, quando jogava com seus irmãos e amigos, ouvia comentários nada agradáveis. E já imaginava que não teria sucesso no futuro.
Ainda bem que ela estava enganada! Moradora de Caeté, cidade a 50km de Belo Horizonte, se mudou para São Paulo aos 15 anos para tentar a sorte no Juventus. E sua vida mudou, de todas as formas. No clube, conheceu César, seu marido; aos 21 anos, tanto ela quanto ele jogavam no time da Rua Javari e descobriram que a família aumentaria.
Para a jogadora, foi um choque descobrir que se tornaria mãe no momento em que sua carreira decolava. E, no primeiro momento, pensou que o futebol havia acabado para ela.
Mas, com o apoio da família e do marido, deu a volta por cima e, depois de ganhar o Bernardo, procurava times de futsal para ficar na ativa. Em 2010, sua volta ao futebol estava se concretizando. Com a criação do time do Atlético-MG, Tamires foi convidada para integrar o elenco.
De São Paulo, a família se mudou para Belo Horizonte; sua volta não foi das mais fáceis. Fora de ritmo, precisou intensificar os treinamentos. Tanta dedicação e a lateral-esquerda voltou à boa forma.
A distância atrapalhou
Com Tamires atuando pelo Galo e César defendendo a Patrocinense, distante mais de 600km de Belo Horizonte, a rotina da família mudou. Viagens frequentes dos dois e Bernardo sendo cuidado pela avó, mãe de Tamires. Essa logística durou pouco mais de um ano.
Pensando no bem estar do filho, a pausa na carreira veio novamente. Tamires largou o Atlético-MG e foi acompanhar o marido em Patrocínio. Prática comum, não só no futebol; geralmente a mãe é quem larga o trabalho para cuidar dos filhos.
Entretanto, essa pausa foi rápida. César mudou de equipe e foi jogar em um clube perto de São Paulo. E Tamires participou de testes no Centro Olímpico, tradicional equipe paulistana. em 2013, a lateral-esquerda estava de volta ao esporte.
E a seleção brasileira agradece. Atuando pelo clube, ela foi convocada para defender a camisa do Brasil. De 2013 até agora, a jogadora participou da Copa do Mundo 2015, medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos, Jogos Olímpicos Rio 2016 e agora, sua segunda Copa do Mundo.
Vida nova, novamente
Após o Pan-Americano 2015, Tamires foi contratada pelo Fortuna Hjorring, time da Dinamarca. E foi a vez de César abdicar de sua carreira e acompanhar a esposa!
No novo país, o filho do casal teve dificuldades de adaptação; Bernardo estava com 4 anos na época e a língua foi um grande problema. Mas, as crianças ensinam muitas coisas para os adultos e, de uma hora para outra, estava adaptado, inclusive na escola.
César também teve alguma dificuldade; hoje em dia trabalha no mesmo clube de Tamires, além de auxiliar a equipe nos treinamentos. Assim, ela e César conseguem dividir os cuidados com o filho, de 8 anos.
Na reportagem ao site Dibradoras, Tamires foi perguntada qual a parte mais difícil de sua profissão. Para ela, as viagens longas, quando fica quase um mês sem voltar para casa e, consequentemente, sem ver seu filho e marido.
Para ela, a mulher precisa ter uma estrutura para que possa engravidar, com respaldo de um clube, e voltar ao esporte, sem deixar o sonho acabar.
E ela assegura que ter um filho foi a coisa mais maravilhosa que aconteceu em sua vida. E chegar do treino e vê-lo abrir a porta com sorriso e abraço, é um presente.
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