O Corinthians já foi apontado como um dos favoritos ao título do Campeonato Brasileiro aqui na coluna PAPO TÁTICO (clique aqui e relembre). Mas a maneira como Fábio Carille conseguiu resolver a ausência de um atacante de qualidade é que vem merecendo destaque na imprensa esportiva. A saída de Jô para o futebol japonês fez com que o Timão passasse por um período mais incerto no começo da temporada. Carille tentou o turco Kazin, o paraguaio Romero (como referência mais móvel) e até mesmo Júnior Dutra no setor, o comandante corintiano achou a formação ideal (pelo menos até o momento) com Rodriguinho e Jadson como atacantes móveis num 4-2-4 que resgata os velhos tempos do futebol brasileiro. A goleada sobre o Paraná Clube na manhã deste domingo mostrou um Corinthians rápido, envolvente e muito móvel. Mesmo que a equipe tenha sido mais “reativa” em alguns momentos da partida, os comandados de Fábio Carille mostraram a sua superioridade na Vila Capanema. E isso tudo com o “dedo” do treinador na escalação e nas estratégias de jogo do escrete corintiano.
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Antes de mais nada, é preciso dizer que o Corinthians começou a partida contra o Paraná adotando uma postura mais cautelosa. O time se fechava num 4-4-2 com Jadson e Rodriguinho à frente das duas linhas e com os “pontas” Mateus Vital e Romero auxiliando os laterais Sidcley e Fagner na marcação. A equipe paranista, embalada pela bela festa realizada pela sua torcida na Vila Capanema, se mandava para o ataque forçando as jogadas pelo lado direito de ataque, com Alemão e Raphael Alemão. Bastou o Corinthians se acertar para abrir o placar aos vinte e cinco minutos da primeira etapa com uma jogada que começou no lado direito e que mostra bem essa dinâmica do esquema tático de Fábio Carille. Rodriguinho avança como autêntico centroavante, Jadson recua para o meio-campo e Mateus Vital abre o corredor para a subida de Sidcley pela esquerda. O lateral-esquerdo viu o camisa 26 entrando na área e cruzou rasteiro. Primeiro gol do Timão no melhor estilo Fábio Carille: passes rápidos, triangulações e objetividade.
Para se ter uma ideia mais clara dessa movimentação e também dessa organização do 4-2-4 de Fábio Carille, é preciso se observar o momento em que Sidcley parte com a bola para marcar o segundo gol do Timão. Assim que o lateral se livra do adversário, os quatro atacantes partem para o ataque obedecendo a disposição definida pelo treinador corintiano. Observem no frame abaixo como Jadson é o jogador que se lança para o campo ofensivo (puxando a marcação paranista e abrindo espaço para a chegada de outros jogadores) e Rodriguinho é quem permanece mais atrás. E tudo isso sem deixar Gabriel e Renê Júnior sobrecarregados na marcação. Tudo é feito com muita sincronia, ocupação inteligente dos espaços, movimentação e bastante disciplina tática. É bem verdade que o time do Paraná Clube facilitou muito a vida do Corinthians ao se lançar para o ataque sem se preocupar muito com a defesa. Mas não há como se tirar os méritos dos comandados de Fábio Carille e, evidentemente, do próprio treinador.
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Mas não é só do 4-2-4 que vive o Corinthians. Com a vantagem no placar (e com o ímpeto crescente do Paraná Clube na segunda etapa), o técnico Fábio Carille sacou Jadson da partida para a entrada de Clayson com a intenção de dar mais velocidade à sua equipe nas tramas ofensivas. No lance do terceiro gol do Timão (marcado justamente pelo camisa 25), a equipe executa a cartilha de Fábio Carille mais uma vez com bastante eficiência. Romero abre o corredor para a subida de Fagner que cruza para a área. A bola passa por toda a defesa paranista até chegar em Clayson que só teve o trabalho de escorar para as redes. Notem no frame abaixo como Rodriguinho (que atuava como autêntico “falso nove”) recua para permitir que os meias pisem na área. Além disso, o 4-2-4 deu lugar a um 4-2-3-1 igualmente móvel e envolvente. E tudo isso sem contar com um atacante de ofício no comando do setor ofensivo. Apenas na base da movimentação e da ocupação inteligente dos espaços na intermediária adversária.
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O quarto gol seguiu a cartilha de Fábio Carille mas com um ingrediente que ainda não havia sido citado neste humilde artigo: a chegada dos volantes. Enquanto Renê Júnior cadencia o jogo e dá qualidade à saída de bola, Gabriel subia mais ao ataque e pisava mais na área. Tanto foi assim que o camisa cinco recebeu belo passe de Clayson para fechar a goleada na Vila Capanema. O time do Corinthians sabe o que faz com a bola, sabe o momento certo de atacar e o principal: sabe como se defender e como suportar a pressão adversária. O Paraná Clube até que fez um bom segundo tempo, criou algumas chances, mas acabou não conseguindo furar o bloqueio defensivo do Corinthians (e isso tudo sem mencionar mais uma bela atuação da dupla de zaga formada por Balbuena e Henrique).É nítido que o técnico Fábio Carille encontrou a formação ideal para a sua equipe e mostrou que nem sempre é preciso jogar com um atacante de ofício para ser uma equipe ofensiva. Já são seis gols em duas partidas no Brasileirão.
Alguns me perguntam sobre Roger. O ex-atacante do Botafogo mostrou que pode jogar num esquema com mais movimentação e pode sim ser muito útil ao técnico Fábio Carille assim como foi para Jair Ventura. Sabe jogar mais centralizado (como referência) e também sabe como abrir espaços para as chegadas dos meio-campistas. Mas pelo que esse 4-2-4 vem mostrando dentro de campo, deve demorar um pouco até que Roger conquiste uma vaga no time titular mesmo podendo ser importante no esquema tático do treinador. Carille vem fazendo um grande trabalho e não é obra do acaso.