Gustavo Henrique tem 33 anos, virou goleiro de futebol de várzea por causa do seu pai, Seo Francisco, e trocou as luvas pelo apito por indicação de um amigo. “Eu já ouvia xingamento quando era goleiro, quando ficava perto do alambrado. Mas agora, como árbitro, recebo muito mais”, diz. Fã de Dida, Marcos e, agora, de Raphael Claus, Regildênia de Holanda Moura e Ânderson Daronco, Gustavo conta como foi trocar o gol pela arbitragem. E tudo na várzea.
Cornetas da Bola: Quer dizer que Seo Francisco era goleiro. Ele que te influenciou, então?
Gustavo: Sim. Desde pivete, ia ver meu pai que era goleiro de várzea. Aos 8 anos, faltou um goleiro numa categoria de base que meu pai cuidava e aí ele me colocou pra jogar. Depois daquele dia, defendi o gol até 2015. Meu pai foi com certeza o meu primeiro ídolo no futebol.
CB: E quais foram seus ídolos depois?
G: Eu sempre gostei muito do Dida e do Marcos. Sempre foram espelhos para mim.
CB: De onde surgiu a ideia de jerico de virar árbitro?
G: Recebi um convite de um amigo, Marcos Roberto Soares (árbitro profissional). Ele me ensinou muita coisa e me levou num clube na zona norte pra auxiliar ele. Mas eu já apitava em alguns jogos que eu jogava (risos). Quando eu estava machucado, apitava.
CB: Quando goleiro, você já xingou árbitro?
G: Quem nunca? Reclamar é do jogo, mas ofender não. Eu sempre fui mais tranquilo, pode perguntar pra quem jogou comigo. Nem quando o árbitro errava. Eu não era de sair do gol.
CB: Você já se adiantou num pênalti e precisou voltar?
G: Não! Juiz nunca voltou pênalti meu. Até, porque, sempre tive uma estatura boa (1,91m) e sempre esperei, não saía antes. Quando fomos campeões (venceu a Copa Kaiser em 2013 pelo Leões da Geolândia), peguei pênalti na semifinal contra Danúbio.
CB: É mais difícil apitar ou defender?
G: Acho que é mais difícil apitar. Eu me garantia mais pra defender do que pra marcar.
CB: Já levei cartão quando era goleiro?
G: Normalmente goleiro leva cartão por retardar jogo. Foi por isso que tomei.
CB: E quando você vê um goleiro fazendo isso, agora? O que você faz como ábitro?
G: Eu tenho que marcar, né? A gente tem que prevenir, vai em direção do goleiro para ele cobrar logo. Se não der certo, tem que advertir mesmo. Não tem jeito.
CB: Por que mudou?
G: Conheço muitos dos jogadores. Eu parei “cedo” de ser goleiro porque a filha nasceu, parei de treinar.
CB: Até que ponto conhecer jogador facilita ou complica pra apitar?
G: Apito muitos jogos de jogadores que joguei há poucos anos. Eu acho que isso ajuda a controlar o jogo, porque de alguma parte vai existir um pouco mais de respeito. Conhecem você, sua índole. Árbitro é muito apontado por favorecer aquele ou outro time, então é sempre bom ter gente que te conhece dentro de campo.
CB: Já apitou jogo do seu ex-time, o Leões da Geolândia?
G: Ainda não apitei. Mas vai ser como aquela relação com outros jogadores que fui campeão.
Por Diego Viñas