Os clubes de várzea de São Paulo, em uma grande maioria, são muito pobres. Sobrevivem da paixão de seus colaboradores que contribuem com uma pequena taxa para ajudar seu time de pouca estrutura.
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A sede, quando não é o bar da esquina, é uma pequena casa, onde os quartos foram transformados em vestiários e a sala no salão de jogos. São as mesas de bilhar e pebolim que ajudam na renda.
O mais importante na sede é o bar, onde é vendido pinga, cerveja e um ou outro tira gosto, como carne de segunda cozida, batatinha no vinagrete e, o insubstituível, ovo cozido colorido. Além disso, a sala dos troféus é onde a diretoria exibe, com orgulho, as marcas de suas conquistas.
Em Itaquera, um bairro com pessoas apaixonadas por futebol, não é diferente. Andando pelo bairro, achamos diversos lugares prontos para receber a famosa “pelada”, desde campos de terra como campos com grama bem cuidada. Mas isso é o que menos importa quando rola a bola, pois podemos ver a alegria estampada no rosto do povo, como diz Walter Silva Rocha, apreciador do futebol de várzea.
“Sempre acompanho o futebol de várzea. As pessoas jogam com uma imensa alegria, jogam com amor. Para muitos, o futebol é uma terapia onde as pessoas esquecem dos problemas, pois aqui na várzea elas encontram paz, amigos e diversão proporcionada por grandes jogos e resenhas, que acontecem durante e após partidas nos domingos.”
Em 1954, surgiu o time de várzea mais famoso de Itaquera, o Falcão do Morro, que completará 62 anos no mês de agosto. No topo da colina do morro, os garotos Dejair, Dalo, Pedrão, Pinheirinho, Budi, Finho, e vários outros amigos, com enxadas e enxadões, arrancaram as goiabeiras e, com troncos de eucalipto, construíram as traves. O primeiro fardamento foi doado por João Mendonça Falcão, presidente da Federação Paulista de Futebol na época, e – em homenagem ao mesmo – foi dado o nome do time.
Passaram-se quase 62 anos e o campo e o time continuam lá no topo da colina, onde o Falcão do Morro acolhe os amigos todos os finais de semana para um jogo, muito papo e recordações.
Outro grande time de várzea do bairro se chama “Papo de Craque”. O time surgiu de uma ideia de rapazes que jogavam bola todo fim de semana no setor H, localizado na COHAB 2, em Itaquera. O time está crescendo e chamando atenção das pessoas, pois jogam um futebol bonito e alegre, que já rendeu alguns títulos para a equipe. Os rapazes do time têm o desejo de, um dia, ser tão reconhecido quanto o famoso Falcão do Morro, que serve de inspiração não só para o Papo de Craque mas pra tantos outros times de várzea de Itaquera.