Quem é a Klar, nova patrocinadora do Corinthians?
Daniel Keppler, aluno de Jornalismo que mantém o blog Fiel Corinthiano, publicou na última terça-feira, dia 8, uma série de questionamentos (levantados e fomentados em uma discussão no grupo Barbearia Battaglia) sobre a nova patrocinadora do Corinthians, anunciada, discretamente, no último dia 2. Em meio a grandes promessas para o Timão nos próximos anos, tanto financeiras quanto de jogadores e até mesmo de naming rights da Arena, e após as embasadas e pertinentes indagações de Keppler, uma pergunta surge nos horizontes alvinegros: quem é a Klar?
Daniel Keppler, aluno de Jornalismo que mantém o blog Fiel Corinthiano, publicou na última terça-feira, dia 8, uma série de questionamentos (levantados e fomentados em uma discussão no grupo Barbearia Battaglia) sobre a nova patrocinadora do Corinthians, anunciada, discretamente, no último dia 2. Em meio a grandes promessas para o Timão nos próximos anos, tanto financeiras quanto de jogadores e até mesmo de naming rights da Arena, e após as embasadas e pertinentes indagações de Keppler, uma pergunta surge nos horizontes alvinegros: quem é a Klar?
A primeiro momento, em release divulgado pelo clube (http://www.corinthians.com.br/noticias/ver/58117#.Vmd7krgrLIU), sabe-se que a Klar, marca especializada em produtos para limpeza, pertence à Tabor Chemicals, empresa que por sua vez pertenceria ao conglomerado Holding GLAIC – tornando a Klar apenas uma pequena fatia de todo o bolo.
Novamente,a primeira impressão que se pode ter é a de uma empresa que busca aumentar seu nome no mercado (e competir com empresas como Unilever e P&G, como dito em matéria do jornal Valor Econômico) através do esporte, mais especificamente dentro do futebol e no Corinthians, que é uma marca fortíssima em todo o Brasil. Porém as ambições demonstradas pela(s) empresa(s) demonstram algumas coisas a mais.
Os valores inicialmente divulgados para 2016 e 2017 eram de R$5 milhões ao ano, mas o presidente da Klar no Brasil, Marcelo Prado, disse que os valores poderiam chegar a US$20 milhões, que equivalem a cerca de R$80 milhões, mais que o dobro do que a Caixa paga ao Corinthians como patrocínio principal na camisa do time – R$31 milhões. E essa grana toda seria injetada sem mesmo o espaço em que a marca seria estampada na camisa ser definida, afinal essa decisão é do Corinthians, e ele pode desejar que o logo da Klar fique no meião, nas mangas, abaixo do número etc.
Marcelo foi além e fez promessas que fizeram o corintiano mais fanático virar os olhos. Primeiro, prometeu contratar um jogador de grande nome internacional, cujo país participou das semifinais da Copa de 2014, no Brasil – na lógica, um jogador holandês, argentino ou alemão. Não o bastante, disse que ainda tem planos de comprar os naming rights da Arena Corinthians, e que tem uma proposta que segue os critérios desejados pelo próprio clube para o negócio: um contrato de 20 anos no valor de R$400 milhões.
As coisas começam a ficar obscuras a partir daí. O nome do dono da Klar é Miguel Ángel Larios Peres, nicaraguense radicado no Brasil, formado em engenharia mecânica e dono de uma série de empresas, em sua maioria no Rio. Larios Peres, inclusive, é dono de um time chamado Tigres do Rio, que foi campeão duas vezes nas divisões inferiores do campeonato carioca e, curiosamente, firmou um acordo recentemente com o Corinthians (pouco antes do acerto do novo patrocínio), no qual o time paulista mandava jogadores para lá, e tinha prioridade de compra sobre jogadores que lá se destacassem. (Nota de rodapé: em 2015, o Tigres esteve envolvido em uma polêmica sobre a mudança da equipe de Xerém para Itaguaí, e até mesmo sobre a mudança do nome do time para algo como “Itaguaí Futebol Clube”. Após uma série de trâmites e reviravoltas nas negociações, no fim das contas, o prefeito de Itaguaí, Luciano Mota, patrocinador da equipe e envolvido nas negociações com Larios acerca da mudança do Tigres, teve seu mandato cassado, acusado de corrupção.)
Antes de se chamar Tigres, nome alterado em 2005, o time de Miguel Larios se chamava Esport Club Poland do Brasil, nomenclatura similar a de uma outra empresa sua, a Poland Química. Ao procurar no site da Receita Federal registros e dados da Klar, Daniel Keppler, do blog Fiel Corinthiano, achou o seguinte: existiam apenas dois registros do nome “Klar” ligados a empresas do ramo de limpeza – e as duas foram fechadas! Uma em 1994 e outra esse ano. Porém, por exemplo, no site Econodata, a Klar é registrada com seu CPNJ inválido. A resposta da ausência do registro dada por Felipe Larios, executivo da Tabor Chemicals, foi a de que a Klar é uma marca da Tabor, criada com o objetivo da empresa penetrar no mercado brasileiro – logo, não necessitaria de CNPJ, mesmo um dia ele, possivelmente, tendo existido.
Outra curiosidade encontrada pelo estudante foram os registros da Tabor Chemicals e da Poland Química (que mantêm os seus CNPJ ativos), cujos endereços eram exatamente os mesmos. (Em uma tentativa nonsense de diferenciação, os CEPs estão diferentes nos dois registros, o que não isenta o fato dos endereços serem os mesmos.)
A Tabor Chemicals não possui nenhum site ou conta em rede social – o que pode representar uma incoerência, já que possui o CNPJ e é responsável pela marca Klar. A Poland mantém um site com poucas informações sobre as suas conexões. Não existe absolutamente nada na internet sobre a existência da Holding GLAIC, conglomerado detentor de todas essas companhias.
Após todas essas considerações, o que não faltam são questionamentos. Como uma marca fundada em 2014, pertencente a uma empresa que não possui informações e com renda desconhecida, conseguirá tantos recursos para investir de forma tão pesada no Corinthians? – ainda mais com um capital social de R$500 mil, notoriamente baixo para suas pretensões. Quais são os outros investimentos e negócios conhecidos da Tabor Chemicals? – foram citados investimentos em diversas indústrias, “como Petróleo & Gás, Agricultura, Papel & Celulose, Tintas & Vernizes, Construção Civil e Esporte” (retirado do release divulgado pelo próprio Corinthians). Por que não existem informações mínimas de uma empresa que quer ingressar no mercado nacional de forma tão forte, e que pretende desembolsar valores milionários para isso? Em suma, quem irá bancar tudo isso: a Klar, a Tabor Chemicals, a Poland Química, o próprio Miguel Larios ou o misterioso Holding GLAIC?
E, mais do que tudo, atrai natural curiosidade questionar quais foram as bases de confiança que fizeram o Corinthians assinar um contrato com a Klar/Tabor Chemicals, e chegar a discutir negócios tão importantes e altos, como o naming rights do estádio do próprio clube. O que levou o time de Parque São Jorge a confiar em uma marca pertecente a uma empresa sem qualquer vestígio, cujo endereço é o mesmo de outra empresa, e que pertence a um conglomerado completamente desconhecido? Na pior das hipóteses, o tempo poderá responder.
Crédito da Foto: Daniel Augusto Jr./Agência Corinthians.