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Dudu e Veiga são os dois maiores artilheiros do século do Palmeiras (Foto: Ettore Chiereguini/AGIF (via AP))
Contratação de ex-Santos aumenta opções de Abel Ferreira no Verdão e “formata” time que tira o melhor de suas referências
A contratação de Felipe Anderson pelo Palmeiras pegou todo mundo de surpresa na última segunda-feira (15). O sigilo foi tamanho que a negociação deve ter surpreendido até os futuros companheiros do jogador, cria do Santos e atualmente na Lazio-ITA.
Fora o ‘susto’, a chegada do atleta de 31 anos pode causar certa ansiedade em alguns jogadores do Verdão. Afinal, além da grife de “europeu”, Felipe vive seu auge físico — aspecto ressaltado pelo próprio clube brasileiro no anúncio da assinatura de pré-contrato — e é extremamente versátil, podendo atuar, numa linha de meias-atacantes, tanto pelos dois lados do campo quanto centralizado.
Felipe Anderson, então, ameaça tanto as vagas de pontas, como Dudu (que ainda se recupera de lesão), Lázaro e Estêvão como a de Raphael Veiga, esta tida como “cativa” no Palmeiras há algumas temporadas.
No entanto, o camisa 23 do Verdão tem mais motivos para comemorar a nova contratação do que para desconfiar.
Apesar da versatilidade, o jogador da Lazio — que também atuou por West Ham-ING e Porto-POR — é primariamente um ponta. Das 44 partidas que fez na atual temporada, 39 foram pelas beiradas — ainda que seja importante dizer que o esquema de Maurizio Sarri, técnico da equipe italiana pela maior parte do calendário, não utilizava meias-atacantes por dentro.
Dessas 39 partidas, inclusive, 30 delas foram pela ponta direita, o que também é “boa notícia” para Dudu, que jogou a maior parte da carreira pela ponta-esquerda e também teria motivos para se preocupar com a concorrência, que chega ao Palmeiras em julho, ao final da temporada europeia.
Felipe Anderson é mais substituto de Scarpa do que de Endrick no Palmeiras
Se o técnico Abel Ferreira mantiver a tendência e escalar Felipe Anderson como um ponta-direita no Palmeiras, o desenho da equipe pode voltar ao que existia antes da ‘era Endrick’ no clube paulista.
Antes da ascensão do jovem atacante, o Verdão atuava com Raphael Veiga centralizado e um meia-atacante de cada lado, normalmente Dudu e um outro — que já foi o Scarpa, até o final de 2022, e que chegou a ser Arthur até a reta final da temporada de 2023.
Com a lesão de Dudu, em agosto do ano passado, e a entrada de Endrick no time titular, o Palmeiras passou a variar entre ter um atacante aberto pelas pontas ou um lateral adiantado, normalmente Mayke, pela direita.
Coletivamente, a alteração da formação não impactou o desempenho da equipe, especialmente sua capacidade de conquistar títulos. Mas, individualmente, tirou de Raphael Veiga o destaque que tinha há pelo menos duas temporadas.
Como Endrick joga pelo corredor direito, só que mais por dentro, e mais fora da área, o camisa 23 perdeu um pouco de sua “zona de conforto”, onde podia atuar próximo da área e com o pé esquerdo sempre virado para o gol para finalizar.
A provável entrada de Felipe Anderson no lugar do camisa 9 — que deixa o Palmeiras justamente em julho, ao completar 18 anos e ser legalmente permitido a atuar no Real Madrid — abre novamente o campo para Veiga, que volta não só a atuar na sua zona “quente” como ter uma dinâmica que o favoreceu muito na equipe.
Em 2022, Raphael Veiga teve sua temporada mais artilheira pelo Verdão, com 21 gols. Foi também o ano em que Dudu atuou mais vezes (26) aberto pela ponta direita com Abel Ferreira.
A dinâmica entre os dois, com Veiga se colocando do centro à direita e tabelando com o camisa 7, que com pé “para fora” fazia mais jogadas de linha de fundo, criou lances memoráveis como os gols do meia diante de São Paulo, na final do Paulistão, e Flamengo, no primeiro turno do Brasileirão.
Versatilidade de Felipe Anderson pode ser “descanso” para titulares
Além da questão tática, a chegada de Felipe Anderson pode, por fim, dar mais descanso às duas referências do Palmeiras. Se o jogador da Lazio pode atuar tanto no lugar de Dudu quanto no de Veiga, o técnico Abel Ferreira pode rodar mais o elenco e tirar o “peso” de seus jogadores mais utilizados.
Para o camisa 7, isso pode significar menor pressão no seu processo de retorno da lesão no ligamento do joelho direito; para o camisa 23, pode diminuir a exigência física em uma temporada excepcionalmente desgastante, com a presença da Copa América no calendário.
Já para o Verdão, pode significar a retomada de um elenco forte, de fartas opções para Abel Ferreira.
