O tênis brasileiro viveu um 2023 de um certo “renascimento”. Isso se deve, muito, ao desempenho de Bia Haddad no circuito da WTA. E 2024, já começou com a “explosão” do fenômeno João Fonseca, pelo menos para fora do mundo da modalidade. Rafael Westrupp, presidente da Confederação Brasileira de Tênis, desde 2017, tem uma notícia animadora: não vai parar por aí.
Esses, e outros assuntos, estão nesta exclusiva do dirigente ao Torcedores.com
Torcedores – Como você avalia a 10ª edição do Rio Open, dentro e fora de quadra?
Rafael Westrupp: Foi, de fato, uma edição histórica. Sobretudo pela performance dos tenistas brasileiros. O Rio Open tem um papel fundamental na geração de oportunidade para os esses atletas participarem num torneio desta envergadura. O público brasileiro, também ganha, ao poder prestigiar in loco alguns dos maiores nomes do tênis mundial.
Torcedores: O que a CBT tem feito para não deixar a “onda” Bia Haddad passar, como aconteceu, quando o Guga jogava e estava no auge?
Westrupp: Penso que as ações da CBT são anteriores ao fenômeno Bia. Desenvolvemos diversas ações e iniciativas que contribuem, e muito, para o desenvolvimento e consequente surgimentos de outros tenistas com muito potencial. Destaco:
O calendário infantojuvenil nacional, que hoje atende cerca de 10 mil crianças e jovens entre 10 e 18 anos. O calendário internacional realizado no Brasil, traz a condição para que os principais destaques brasileiros no juvenil possam participar e conquistar pontos no ranking mundial, elevando seus níveis tenísticos.
A inserção dos principais tenistas juvenis nas Equipes de BJKC (Billie Jean King Cup) e Copa Davis;
A CBT realiza (e é a única confederação no mundo que o faz), três torneios que são parte do Grand Slam: Roland Garros, Wimbledon e Australian Open. Todos estes, realizados em solo brasileiro e premiando os campeões com wild card para participarem nos torneios do Grand Slam.
Semanas de Treinamento, nas quais reunimos os principais juvenis juntamente com seus treinadores para troca de informações e incremento no nível técnico individual e coletivo.
A CBT investe cerca de R$ 15 milhões, por ano, diretamente no tênis de alto rendimento de base e profissional, seja via patrocínio direto, via custeio logístico, via realização de torneios, etc.
Torcedores: De que maneira a confederação pode ajudar na volta de um torneio, pelo menos 250, da WTA?
Westrupp: A CBT tem o maior interesse em que o Brasil volte a sediar um torneio WTA 250. Fizemos contato, inclusive, com o Lui Carvalho, diretor do Rio Open, para nos colocarmos à disposição. Estamos ansiosos por um retorno e para unir forças. Vale lembrar, que já estamos realizando torneios W60 e W80 (disputas de menor pontuação no ranking), que foram essenciais para tenistas como Laura Pigossi, Carolina Meligeni, Taísa Pedretti, entre outras, poderem conquistar pontos valiosos na WTA.
Torcedores: Você também é presidente da COSAT (Confederação Sul-Americana de Tênis) A partir disso, como massificar mais a modalidade na América do Sul? Os custos dela, ainda são altos, por aqui?
Westrupp: O tênis está em alta,na América do Sul, com um volume de prática altíssimo. A COSAT possui um dos maiores e mais fortes circuitos juvenis do mundo, revelando inúmeros tenistas para o mundo. A COSAT atua fortemente com as Federações.
Torcedores: Porque um país como a Argentina, que passa por dificuldades financeiras maiores que o Brasil, é um grande revelador de jogadores, principalmente no masculino? O que podemos aprender com eles, enquanto organização e métodos de trabalho?
Westrupp: Vejo que a principal força do tênis argentino é a sua própria cultura, que perdura há mais de 50 anos.
Torcedores: O surgimento, pelo menos para grande parte dos torcedores, do João Fonseca, qual a parcela da CBT no processo, na sua opinião? Crê que ele pode ser uma “virada de chave” na formação de novos atletas?
Westrupp: Penso que os méritos dos tenistas devem ser sempre deles mesmos, seus treinadores e família. O João, bem como uma legião de jovens tenistas brasileiros, participa desde muito pequeno nas ações do programa de desenvolvimento da CBT. Por meio de wild cards (convites) em torneios, desde pequeno (Banana Bowl 2019, é um exemplo). Wild card em torneios ATP Challengers da CBT (leia-se Engie Open 2023); semanas de treinamento da CBT; participação no torneio de Roland Garros realizado no Brasil (João venceu em 2022, no Rio de Janeiro, e recebeu wild card para RG 2022); ou mesmo fazendo parte da equipe da Copa Davis como sparring por diversas vezes. Embora todas as lentes estejam voltadas para o João, repito: ele não é o único beneficiado com todas as ações do programa.