Poucas equipes suscitaram tanta curiosidade neste que escreve como o Internacional do técnico Eduardo Coudet. Não somente pela ótima janela de transferências, mas pelo potencial que a equipe tem com as opções que o “Chaco” ganhou nesse começo de 2024.
A vitória sobre o rival Grêmio no final de semana foi uma boa amostra dessa capacidade. O Colorado manteve a concentração e o foco no plano de jogo estabelecido pelo seu comandante mesmo saindo atrás no placar. E tirando o tropeço diante do Guarany de Bagé, o escrete vem conseguindo ótimos números e bons resultados nesse início de temporada. São seis vitórias seguidas e a liderança na primeira fase do Gauchão.
As contratações, as opções no elenco e o vasto repertório tático do time de Coudet estão fazendo muita gente se perguntar se finalmente chegou a vez do Internacional. Difícil prever o futuro num esporte tão caótico como o futebol. Mas a equipe parece estar no caminho certo.
Intensidade (com e sem a bola) e busca pelo espaço entrelinhas
O Colorado venceu o Grêmio executando bem dois preceitos defendidos por seu técnico. O primeiro deles é a intensidade com e sem a posse da bola. Partindo do 4-4-2 para outras formações (como veremos a seguir), o escrete consegue fechar espaços e pressionar o portador da bola. O objetivo aqui é acelerar ao máximo assim que a posse é retomada e não dar tempo para que o adversário se reorganize.
Retomada a posse, o Colorado adota o segundo preceito defendido por “Chaco”: a busca pelo espaço entrelinhas. Alan Patrick joga com muita liberdade para circular por toda a intermediária de ataque. Com isso, Bruno Henrique e Maurício se juntam a Enner Valencia, Bustos e Wanderson num desdobramento para um 3-2-5 clássico. Não é por acaso que o gol de empate no Gre-Nal 441 sai de uma dessas jogadas.
A movimentação ofensiva ajuda na criação das jogadas e dá opção para que Maurício e Alan Patrick (a dupla responsável pela criação) consigam encaixar bons passes por dentro e por fora. Além disso, o time ganha amplitude com Bustos e Wanderson jogando como autênticos pontas. Há organização e muito comprometimento com o plano de jogo.
Descobrindo as (muitas) opções táticas de Eduardo Coudet
A vantagem obtida pelo Imortal logo no começo do segundo tempo fez com que Coudet colocasse em prática algumas das suas variações. Com Renê se juntando a Vitão e Robert Renan na popular “saída de três”, e Lucas Alario no lugar de Bruno Henrique, o Internacional ganhou criatividade por dentro com Alan Patrick mais recuado. Além disso, a dupla de ataque ajudou a gerar superioridade numérica no setor ofensivo.
Com o empate e o recuo excessivo do Grêmio (num 4-5-1 que abriu espaços demais entrelinhas e abriu a defesa por conta das longas perseguições individuais), o técnico colorado mandou Bruno Gomes, Wesley, Rômulo e Lucca para o jogo e posicionou sua equipe de modo a explorar as deficiências do seu rival na cobertura desses espaços. Foi por isso que os donos da casa acharam tanto espaço às costas dos volantes e pelos lados.
Notem que o Internacional encontrou soluções, controlou as ações e manteve a força mental no primeiro compromisso contra um adversário do Brasileirão Série A. E logo num clássico dentro de um Beira-Rio lotado. Não só o resultado, mas a atuação coletiva e a superação das dificuldades podem sim dar confiança ao time nesse início de 2024.
Será que finalmente chegou a vez do Internacional sair da fila?
É possível afirmar sem medo que o escrete colorado parece no caminho certo para se colocar na briga por títulos importantes nessa temporada. O troféu do Gauchão depois de oito anos já seria excelente por evitar o heptacampeonato do rival e consolidar esse trabalho de Coudet. Do mesmo modo, uma boa campanha na Copa do Brasil (depois da eliminação para o Globo em 2022 e para o América-MG em 2023) também ajudaria nesse processo.
O Internacional inicia sua caminhada no mata-mata nacional de 2024 nesta quarta-feira (28), diante do Asa de Arapiraca. O goleiro Rochet, o zagueiro Mercado e o atacante Enner Valencia são desfalques. Mesmo assim, a equipe parece mais concentrada e mais focada. Ainda mais sabendo que o “fantasma” da eliminação na primeira fase já assombrou o clube. Vencer (e bem) será fundamental.