Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a virada sobre o Mirassol e a busca do técnico Abel Ferreira pelo time ideal
A vitória sobre o Mirassol era o que o Palmeiras precisava para acalmar o ambiente depois do empate contra o Corinthians. Além da classificação antecipada para as quartas de final do Paulistão, Abel Ferreira realizou novos testes na sua equipe. Há pontos positivos e negativos a serem destacados.
A equipe alviverde, de fato, apresentou mais contundência e mais agressividade no ataque com a formação que o treinador português colocou em campo neste sábado (24).
Nesse quesito, é possível destacar as boas atuações de Raphael Veiga, Endrick, Aníbal Moreno e Zé Rafael (este último desempenhando uma nova função no time). Por outro lado, o sistema defensivo apresentou problemas na recomposição e no posicionamento da última linha.
De qualquer maneira, o Palmeiras segue como forte candidato ao título pela regularidade e pela regularidade da equipe. Os testes realizados no Paulistão servem justamente para que Abel Ferreira encontre a formação ideal. E a grande notícia é que ele tem um leque mais amplo de opções na equipe.
Zé Rafael e Endrick nas pontas e laterais por dentro
O Palmeiras entrou em campo no 4-2-3-1 costumeiro de Abel Ferreira. Com Aníbal Moreno e Richard Ríos na “volância”, o treinador manteve Flaco López no comando de ataque e escalou Zé Rafael e Endrick nas pontas.
Sempre que o Palmeiras tinha a posse da bola, os dois poderiam abrir o corredor para as descidas de Marcos Rocha e Piquerez ou mesmo ficar mais abertos enquanto os dois laterais alviverdes apareciam por dentro.
O Mirassol, por sua vez, se fechava bem com o recuo do volante Gabriel entre os zagueiros Lucas Gazal e Luiz Otávio formando uma linha de cinco defensores na frente da área. Mas é interessante notar que o gol de Rodrigo Ferreira aos quatorze minutos de jogo não abalou o Palmeiras.
A equipe seguiu firme no ataque e levou perigo nas combinações de Endrick e Marcos Rocha à direita e Zé Rafael e Piquerez pela esquerda.
Apesar do jogo consistente do Verdão, o gol de empate só veio com o oportunismo de Aníbal Moreno na forte jogada de bola aérea da equipe de Abel Ferreira. O 4-2-3-1 funcionou bem e ganhou outra dinâmica com Zé Rafael atuando como um “falso ponta” pelo lado esquerdo.
Ao mesmo tempo, Flaco López se movimentava bastante e Raphael Veiga aproveitava bem esses espaços na intermediária. Apesar dos sustos, o Palmeira fazia bom jogo.
Virada no segundo tempo e ajustes na defesa
A virada veio apenas no segundo tempo com os gols de Raphael Veiga (cobrando penalidade com muita categoria) e Breno Lopes em belo contra-ataque armado por Zé Rafael. Só que nem tudo são flores.
Embora bastante consistente no ataque, a nova formação acabou expondo demais a última linha. Principalmente às costas de Marcos Rocha e Piquerez, espaços que Aníbal Moreno se desdobrou para cobrir em determinados momentos da partida.
Com Breno Lopes e Caio Paulista jogando pelos lados e Gabriel Menino e Richard Ríos mais fixos na proteção da última linha, Zé Rafael foi jogar como um “10” mais próximo de Rony.
Na prática, um 4-4-2 que tinha como objetivo claro retomar a posse da bola o mais rápido possível e administrar o tempo que faltava para o apito final. Boa vitória do Palmeiras diante de um adversário organizado, coeso e bastante consistente.
A formação utilizada na virada sobre o Mirassol teve pontos positivos e negativos. A equipe ganhou outra dinâmica com Endrick e Zé Rafael nas pontas, mas sofreu com os espaços nas laterais e alguns saltos precipitados de Luan na pressão.
Mesmo assim, a vitória e a classificação antecipada para as quartas de final devem acalmar um pouco o ambiente e permitir que Abel Ferreira faça novos testes em busca do time ideal para o Palmeiras.
Abel Ferreira reconhece que o time ainda precisa de correções
É interessante notar que o próprio Abel Ferreira reconheceu que o Palmeiras concedeu espaços demais na defesa. A dificuldade que Endrick e Zé Rafael tinham na recomposição resultou em poucas bolas para Flaco López na frente.
Vale destacar que o time só melhorou quando o treinador português corrigiu (em parte) esse problema no segundo tempo com as linhas mais baixas de marcação e uma postura mais voltada para os contra-ataques.
Fato é que a classificação antecipada para as quartas de final traz um pouco de tranquilidade para a equipe. E enquanto espera o retorno de Gustavo Gómez e Mayke, segue a busca pelo time ideal já visando o inicio da Libertadores, do Brasileirão e da Copa do Brasil. O Palmeiras ainda pode crescer demais na temporada. E Abel Ferreira sabe disso.