Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa o primeiro Clássico dos Milhões de 2024 e as ideias de Tite e Ramón Díaz
O resultado mais justo do primeiro embate entre Vasco e Flamengo de 2024 foi mesmo o empate. Além da igualdade no placar final no Maracanã, fica também a certeza de que as duas equipes ainda precisam melhorar muito. Isso porque o Clássico dos Milhões foi marcado por uma série de erros dos dois lados.
É lógico que o fato de estarmos no início da temporada conta muito nesta análise. Os jogadores do Vasco já estão mais familiarizados com os conceitos trabalhados por Ramón Díaz e executam os movimentos e as funções táticas com um pouco mais de naturalidade. Do outro lado, Tite chegou no final do ano e vem tentando tirar o melhor de um elenco que dá a impressão de estar desinteressado do que acontece dentro de campo em alguns momentos.
Mesmo assim, fica a certeza de que o estrelado time do Flamengo pode dar muito mais de si nas partidas pela qualidade do elenco e pelas chances não aproveitadas no jogo deste domingo (5) por puro preciosismo. Aliás, os erros foram a tônica desse primeiro Clássico dos Milhões de 2024.
Flamengo tem a posse da bola, mas é o Vasco quem leva mais perigo
A partida deste domingo (5) começou com o Flamengo tomando a iniciativa. Com mais posse de bola, o escrete comandado por Tite tentou furar a linha de cinco defensores montada por Ramón Díaz. Como era de se esperar, Everton Cebolinha foi o “desafogo” do time no lado esquerdo de ataque, com De La Cruz saindo da direita para dentro e se juntando a Arrascaeta na criação das jogadas e Pedro no comando de ataque.
Só que o Vasco conseguiu suportar bem a pressão inicial e se aproveitou dos problemas defensivos do seu adversário. Embora Ramón Díaz tenha optado por um 5-4-1 em bloco mais baixo, o Trem Bala da Colina teve alguns bons momentos quando teve a posse da bola e levou perigo quando explorou as descidas de lado esquerdo e os cruzamentos para Pablo Vegetti às costas de Varela, que jogou improvisado no lado esquerdo da defesa rubro-negra.
Inclusive, a melhor chance do Vasco nasceu de um desses cruzamentos de Piton para Vegetti que Léo Pereira salvou em cima da linha. Apesar da igualdade no placar, o campo nos mostrava um Vasco um pouco mais seguro do que tinha que fazer com e sem a bola. Já o Flamengo mostrava o mesmo “ar blasé” de outros tempos e encontrava dificuldades para entrar na área vascaína. Faltava intensidade e concentração.
Entrada de Gabigol melhora o Fla, mas Léo Jardim brilha no fim
A segunda etapa um Flamengo mais presente no campo de ataque, mas que seguia sofrendo com as investidas de Payet, Lucas Piton e Vegetti. Curiosamente, a entrada de Gabigol no lugar de Pedro deu a mobilidade que o escrete rubro-negro não teve na primeira etapa e fez com que De La Cruz aparecesse mais no jogo com seus passes por dentro. Mesmo assim, o Fla jogava menos do que podia diante de um Vasco que já sentia o cansaço.
Vegetti desperdiçou uma chance incrível embaixo da trave num dos poucos contra-ataques que o Vasco conseguiu encaixar no segundo tempo. Apesar do cansaço, no entanto, o time comandado por Ramón Díaz controlou bem o espaço às suas costas e se manteve atento às investidas de Bruno Henrique e Luiz Araújo nas costas de Paulo Henrique e Lucas Piton. Gerson ainda tentou levar o Fla à frente, mas sem muito sucesso.
Ainda houve tempo para Léo Jardim se transformar no herói da partida ao defender penalidade (muito mal) cobrada por Gabigol no último minuto de partida. Mesmo com o desgaste físico falando mais alto e com o técnico Ramón Díaz tendo que dar sangue novo ao time com as entradas de Rojas e Adson, o Vasco conseguiu anular as investidas do Flamengo e garantiu o pontinho que o mantém próximo dos líderes da Taça Guanabara.
Resumo da ópera no Maracanã: todo mundo precisa melhorar
O primeiro Clássico dos Milhões de 2024 acabou marcado mais pelos erros do que pelos acertos de ambas as equipes. É compreensível que o time do Flamengo ainda precise de tempo para assimilar os conceitos de Tite. O problema é que as atuações seguem muito abaixo da média. Já o Vasco deixou claro que precisa de reforços e de repertório. As próximas competições vão exigir muito mais do que os cruzamentos de Piton para Vegetti.
É óbvio que o início de temporada vem exigindo demais de todos os clubes do Brasil por conta de uma série de motivos. Por outro lado, a partida deste domingo (5) deixou bem claro que Vasco e Flamengo ficaram iguais no placar e na certeza de que precisam melhorar (e muito) se quiserem atingir seus objetivos em 2024.