Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira projeta a participação da equipe comandada por Ramon Menezes no quadrangular final
Se a virada sobre o Equador foi a melhor atuação da Seleção Brasileira no Pré-Olímpico da Venezuela, a derrota para os donos da casa na quinta-feira (1) ligou o alerta mais uma vez. Isso porque a impressão que ficou dessa primeira fase é a de que o time de Ramon Menezes segue refém do talento individual dos seus jogadores.
É compreensível que a Seleção Olímpica tenha entrado em campo na últma rodada da fase de grupos com um time repleto de reservas. No entanto, a apresentação brasileira foi preocupante, já que toda a evolução da equipe parece ter ficado no passado. A tendência é que a vida do Brasil fique ainda mais complicada nesse quadrangular final. O nível de exigência técnica, física e mental vai aumentar consideravelmente a partir de segunda-feira (5) diante do Paraguai.
Depois do que se viu diante da Venezuela, é difícil pensar no Brasil jogando ainda pior com todos os titulares em campo. Mesmo assim, todo cuidado será pequeno no quadrangular final. É por isso que a Seleção Olímpica e Ramon Menezes precisam aprender as lições que essa fase de grupos deixou. Principalmente depois do jogo contra os donos da casa.
A atuação contra a Venezuela e as escolhas ruins de Ramon Menezes
Boa parte da atuação ruim da Seleção Olímpica nesta quinta-feira (1) passam pelas escolhas ruins do técnico Ramon Menezes. Quem via a escalação inicial pensou até que o Brasil fosse jogar num 4-3-3 com Gabriel Pirani e Maurício jogando por dentro e um pouco mais à frente de Ronald. Só que o que se viu foi o velho 4-4-2 espaçado dos jogos contra Bolívia e Colômbia com Marquinhos completamente perdido jogando por dentro.
Giovani e Gabriel Pec ficaram isolados na frente, Gabriel Pirani não se achou no meio-campo e Marquinhos estava completamente desconfortável jogando como volante. Mas quem sofreu mais foi Bruno Gomes. O volante do Coritiba foi improvisado na lateral-direita e sofreu com as investidas de Segovia, Lacava e Bolívar no seu setor. Aliás, poucas vezes a última linha de defesa esteve tão desprotegida como na última quinta-feira (1).
Resumidamente, a Seleção Olímpica beirou o lamentável diante de uma Venezuela que havia entrado em campo sob pressão e com a clara necessidade da vitória. Além dos problemas coletivos, o time também sofria com as péssimas apresentações de nomes como Rikelme, Lucas Fasson e Maurício. O destaque negativo fica com o lateral do Cuiabá, mal contra o Equador e pior ainda contra os donos da casa.
Leve melhora no segundo tempo, mas com os problemas de sempre
Ramon Menezes fez o óbvio no intervalo. Sacou Marquinhos e Maurício do time para as entradas de Marlon Gomes e Endrick. No entanto, a Venezuela continuou superior apesar da leve melhora da Seleção Olímpica. Tudo por conta dos velhos problemas de controle da profundidade (o popular “correr para trás”) e dos verdadeiros latifúndios entre os setores do escrete canarinho nesse Pré-Olímpico. A Venezuela apenas precisou fazer o simples.
O gol contra de Rikelme praticamente decretou a vitória da Venezuela. Ramon Menezes respondeu com as entradas de Guilherme Biro, Khellven e Alexsander nos lugares de Gabriel Pirani, Luan Patrick e Giovane, adotando um 4-3-3 mais nítido com Biro e Pec nas pontas, Endrick mais por dentro e Alexsander aparecendo como uma espécie de “ponta de lança”. Não por acaso, esse foi o melhor momento da Seleção Olímpica em toda a partida.
Os últimos vinte minutos do jogo desta quinta-feira (1) lembraram (um pouco) o time mais organizado e consistente que virou pra cima do Equador e garantiu a vaga no quadrangular final. Mesmo assim, nem o gol de Alexsander e nem a melhora no desempenho apaga ou sequer diminui a atuação ruim contra os donos da casa. A Seleção Olímpica voltou a apresentar os velhos problemas de outras ocasiões sem suas principais estrelas em campo.
Dependência do talento individual e a parcela de culpa de Ramon Menezes
Pode-se falar muita coisa sobre a atuação individual de vários jogadores que entraram em campo na primeira fase do Pré-Olímpico. Mas é bom lembrar que muito dessa dependência do talento de nomes como Endrick, John Kenndy, Alexsander, Andrey Santos e Marlon Gomes passam pelas escolhas de Ramon Menezes. O jogo coletivo e mais trabalhado visto na virada sobre o Equador ficou no passado. Aliás, faz tempo que a Seleção Brasileira não faz um bom jogo sob o comando do treinador.
Seja como for, a fase de grupos deixa lições valiosíssimas para ele e para todo o elenco. As partidas contra Paraguai, Venezuela e Argentina vão exigir muito de toda a equipe brasileira. Principalmente no que se refer ao jogo coletivo da Seleção Olímpica. A vaga em Paris 2024 depende muito dessa melhora no desempenho coletivo do escrete canarinho.