Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira destaca as escolhas de Fábio Carille e a vitória sobre a Ponte Preta
Mais do que comemorar a vitória sobre a Ponte Preta na última quinta-feira (25), o Santos já celebra uma “mudança de chave” importante nesse início de 2024. A equipe comandada por Fábio Carille mostra uma “cara” muito mais competitiva do que no ano passado.
É óbvio que o momento pede prudência e um pouco de cautela com análises mais profundas sobre o futebol apresentado pelo Peixe nesse início de Campeonato Paulista. Mesmo assim, as duas vitórias consecutivas nas duas primeiras rodadas da competição já nos mostram um Santos bem diferente daquele que foi rebaixado para a Série B no final do ano passado. É possível até afirmar que a equipe vem ganhando uma nova identidade nesse começo de temporada.
A questão aqui nem é saber se o Santos de hoje é melhor do que o Santos de outros anos. É fato que as vitórias sobre Botafogo de Ribeirão Preto e Ponte Preta animaram o torcedor santista e deixaram a sensação de que as coisas podem sim ser bem diferentes em 2024.
Formações iniciais e algumas das ideias de Fábio Carille
Eu e você sabemos muito bem que Fábio Carille é um treinador que sabe muito bem como montar equipes competitivas. E com o Santos não é diferente. Com várias caras novas no elenco, o treinador alvinegro apostou na simplicidade nesse início de ano. Isso explica bem a escolha por um 4-2-3-1 que trazia Guilherme e Pedrinho pelos lados, Giuliano por dentro e Julio Furch no comando de ataque. Ao invés da valorização da posse, um estilo mais vertical.
Dois pontos merecem a nossa atenção nesse Santos. O primeiro deles é o papel dos volantes Diego Pituca e João Schmidt. Além de protegerem bem a última linha, boa parte da construção das jogadas passam pelos dois. O outro é a forma como o quarteto ofensivo santista se comporta. Guilherme, Julio Furch, Pedrinho e Giuliano sempre procuravam as costas da defesa adversária. E a frágil marcação da Ponte Preta facilitou demais a vida da equipe da Vila Belmiro.
Nesse ponto, vale também destacar a atuação dos laterais Aderlan e Felipe Jonatan. O primeiro se comportava como mais um meia de criação junto de João Schmidt e Diego Pituca. Já o segundo aproveitou bem o corredor aberto por Guilherme no lado esquerdo. Características que se completam dentro das engrenagens da equipe comandada por Fábio Carille. E a boa atuação no primeiro tempo mostrou que o Santos está mais competitivo.
A saudável influência de Giuliano
Difícil não guardar espaço nesta análise para falar de Giuliano. Autor de dois gols na vitória sobre a Ponte Preta, o “novo” camisa dez do Santos vem se adaptando muito bem ao estilo trabalhado por Fábio Carille na equipe da Vila Belmiro. Joga com mais leveza, sem tantas obrigações defensivas e aparece sempre como uma espécie de “quarto atacante” no 4-2-3-1 costumeiro do treinador santista.
Quem viu suas atuações apagadas com a camisa do Corinthians no ano passado sabe que essa mudança de ares vem fazendo bem para Giuliano. Primeiro por poder jogar numa faixa de campo onde se sente mais confortável. E depois por ter assumido o papel de referência técnica nesse inicio de temporada. Mesmo com apenas duas partidas oficiais na temporada, Giuliano vem exercendo bem sua influência num Santos redivivo em 2024.
Não foi por acaso que Giuliano foi considerado o melhor em campo no jogo desta quinta-feira (25). A impressão que fica é a de que o jogador parece bem à vontade com a lendária camisa dez do Santos e não parece ter problemas em se tornar um dos líderes da equipe pela experiência e pela vivência no futebol. E isso conta muito nesse processo de reconstrução do Peixe.
Palmeiras fora de casa: o primeiro grande teste
É possível dizer que o Santos vai colocar à prova essa sua nova identidade no clássico do próximo domingo (18) diante do Palmeiras. É a primeira grande missão de Fábio Carille no comando do Peixe: armar a equipe para enfrentar o atual campeão brasileiro num Allianz Parque tomado por torcedores rivais. Ao mesmo tempo, também não deixa de ser a chance perfeita para se afirmar nesse início de temporada e ganhar ainda mais confiança para chegar na fase seguinte do Paulistão.
Essa “nova faceta” do Santos pode não ser do gosto da maioria dos torcedores. Mas é preciso deixar claro que Fábio Carille parece estar no caminho para resolver o grande problema do Peixe na temporada passada: a falta de competitividade e de confiança nos momentos decisivos. O clássico de domingo (28) será um ótimo termômetro nesse início de ano na Vila Belmiro.