Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a estreia do jovem treinador no São Paulo e a vitória sobre o Santo André
O São Paulo venceu o Santo André por três a um neste sábado (20) na rodada de abertura do Paulistão. Além da boa vitória, a partida também marcou a estreia do promissor Thiago Carpini no comando do Tricolor Paulista.
E o que os mais de 45 mil torcedores presentes no Morumbi viram foi um São Paulo um pouco diferente daquele do ano passado. Algumas ideias de Carpini batem com o que Dorival Júnior pensava e pensa sobre futebol, mas também foi possível ver a um pouco da “assinatura” do substituto do novo comandante Tricolor. Principalmente na organização defensiva e na forma como o time titular foi montado na vitória sobre o Santo André.
É lógico que ainda é muito cedo para se fazer análises mais profundas. Mas a forma como a equipe se comportou no primeiro jogo oficial da temporada deixou no torcedor a esperança de que o ano de 2024 pode ser tão feliz como 2023 foi. Principalmente se a diretoria der condições, tempo e paciência para que Thiago Carpini possa trabalhar.
Organização defensiva e escolha por uma equipe mais “cascuda”
É possível afirmar que o São Paulo fez um primeiro tempo acima do esperado. E isso passa pelas escolhas de Thiago Carpini. O jovem treinador mandou sua equipe a campo com Igor Vinícius, Alan Franco, Diego Costa e Wellington na defesa, Pablo Maia e Alisson na “volância”, Lucas Moura e Wellington Rato pelos lados e Luciano jogando logo atrás de Calleri. Um 4-2-3-1 que lembrou alguns dos grandes momentos da temporada passada.
É claro que o gol de Lucas Moura marcado aos sete minutos do primeiro tempo ajudou a dar tranquilidade. No entanto, vale destacar que a escolha por um time mais “cascudo” ajudou a controlar os ânimos quando o Santo André empatou o jogo aos 21 minutos com Cléo Silva aproveitando falha da zaga tricolor. A experiência ajudou o time a retomar o controle das ações no jogo.
A falta de ritmo ficou evidente em alguns momentos do jogo deste sábado (20). Mesmo assim, o São Paulo tentou colocar em prática os conceitos trabalhados por Thiago Carpini durante os treinamentos: intensidade, trocas de posição, mobilidade e muita atenção na marcação. Nesse ponto, a atuação de Lucas Moura merece destaque. Enquanto esteve em campo, o capitão tricolor se desdobrou pelo lado esquerdo, seja atacando ou defendendo.
Pontas por dentro, laterais espetados e superioridade numérica no meio-campo
É interessante notar que o 4-2-3-1 de Thiago Carpini tem alguns pontos interessantes. O primeiro deles está no comportamento do São Paulo com a posse da bola. Alisson e Pablo Maia jogam mais alinhados, Wellington Rato e Lucas Moura passam a jogar um pouco mais por dentro e abrem o corredor para os ofensivos Igor Vinícius e Wellington subirem ao ataque. Esse comportamento ajudou o time a ganhar superioridade numérica no meio-campo e a controlar mais o jogo.
Dependendo da situação, Luciano poderia ser uma espécie de “segundo atacante” logo atrás de Calleri ou arrastar a marcação consigo (caindo pelos lados do campo) para abrir espaços entre as linhas do Santo André. Se Igor Vinícius se alinhava a Pablo Maia, Wellington avançava por dentro e Alisson atacava por dentro. Boa dinâmica ofensiva no São Paulo de Thiago Carpini.
A vantagem de três a um obtida no primeiro tempo deu a tranquilidade necessária para que o São Paulo diminuísse um pouco o ritmo e cadenciasse mais o jogo. Thiago Carpini, por sua vez, descansou alguns dos seus principais jogadores e desse minutos para alguns recém-contratados pelo clube nessa janela de transferências, como Ferreira, Erick e o veterano Luiz Gustavo. O Santo André ainda tentou um “abafa” no segundo tempo, mas sem muito sucesso.
E quais são as primeiras impressões do São Paulo de Thiago Carpini?
Mesmo sendo a primeira partida da temporada e sabendo da mudança profunda ocorrida no comando do São Paulo (com a saída de Dorival Júnior para a Seleção Brasileira), é possível dizer que Thiago Carpini fez boa estreia. É lógico que o Tricolor Paulista tem pontos que precisam de ajustes e que a formação escolhida na vitória sobre o Santo André pode encontrar problemas diantes de adversários mais qualificados (o que deve acoontecer em breve).
Mesmo assim, há muitos pontos positivos. O jovem treinador de 39 anos começa sua trajetória no comando do São Paulo com o pé direito. Resta apenas saber se vai encontrar respaldo da diretoria tricolor e a paciência necessária para trabalhar e mostrar aquilo que já mostrou no comando do Água Santa e do Juventude.