Antes de mais nada, é preciso dizer que o placar final na Arena MRV não reflete exatamente o que foi o jogo deste domingo (26). Isso porque o Grêmio criou algumas boas chances de balançar as redes e chegou a encurralar o Atlético-MG no seu campo em determinados momentos. Por outro lado, o time comandado por Luiz Felipe Scolari foi muito mais feliz na escolha da estratégia para a partida diante do Tricolor Gaúcho. O encaixe dos jogadores na proposta tática do treinador do penta e a excelente fase de nomes como Hulk, Paulinho e Guilherme Arana são algumas das virtudes de um Galo Forte, Vingador e que pinta sim como forte candidato ao título do Campeonato Brasileiro.
Os números da equipe no segundo turno da competição falam por si só. Nas últimas dezesseis rodadas, o Atlético-MG conquistou dez vitórias, três empates e sofreu três derrotas. São 24 gols marcados e apenas dez sofridos. Além da eficiência da sua dupla de ataque, o time também sabe se defender bem e aproveita as jogadas em transição rápida para o ataque como poucas no futebol brasileiro. E a atuação consistente e segura contra o Grêmio de Renato Gaúcho (outra equipe que merece muito mais respeito por parte da imprensa esportiva) só reforça a tese deste que escreve. Embora Felipão se esquive da euforia da torcida, o Galo entrou sim na briga pela taça de campeão.
É interessante notar que o Atlético-MG usou todas as ferramentas que tinha a seu favor na partida deste domingo (26). Quase todos os titulares à disposição, a atmosfera favorável na Arena MRV e a postura agressiva do 4-4-2 utilizado por Felipão diante de um Grêmio insinuante no ataque, mas que cedia espaços demais na sua defesa. O escrete atleticano marcava no campo de ataque e causava ainda mais danos no setor que mais deu dores de cabeça para Renato Gaúcho na temporada. E o objetivo da equipe mineira era claro: marcar forte desde o campo de ataque para retomar a posse e acelerar na direção do gol gremista buscando a sintonia fina entre Hulk e Paulinho no ataque.
Do outro lado, o Grêmio até conseguia levar perigo ao gol de Everson com Luisito Suárez, Everton Galdino e Cristaldo tentando ocupar os espaços no 3-4-2-1 montado por Renato Gaúcho. No entanto, além de sentir demais as ausências de Villasanti, Pepê (ambos suspensos) e João Pedro (machucado), o escrete gremista teve a marcação por encaixes facilmente manipulada pelo setor ofensivo do Atlético-MG. Sempre que tinha a bola, o Galo acelerava com Saravia e Guilherme Arana abrindo bem o campo e Igor Gomes, Edenílson e Zaracho se aproximando de Hulk e Paulinho.
Vale destacar que essa coordenação da dupla de ataque atleticana foi responsável pelas melhores chances da equipe nessa primeira etapa. Isso, pelo menos, até o golaço de Guilherme Arana (marcado aos 24 minutos do primeiro tempo). O que se via era um Grêmio que era facilmente manipulado pela movimentação do quarteto ofensivo do seu adversário e que apresentou sérios problemas para fechar os espaços na entrada da área do goleiro Gabriel Grando. Aos poucos, o Atlético-MG foi deixando o jogo à sua feição e explorando a essa desorganização do seu oponente.
A vantagem no placar permitiu que o escrete comandado por Luiz Felipe Scolari baixasse um pouco o bloco de marcação e passasse a explorar ainda mais os contra-ataques. E esse panorama ficava ainda mais favorável ao time da casa por conta da falta de auxílio na recomposição por parte de Cristaldo e Everton Galdino, ponto que sobrecarregava demais Ronald e Carballo na proteção da última linha. Não foram poucas as vezes em que o Atlético-MG teve superioridade numérica no campo de ataque com Hulk, Paulinho, Zaracho e Saravia (ou Guilherme Arana) partindo em velocidade na direção da área adversária. Estava claro que o grande problema do Grêmio estava na defesa.
Renato Gaúcho sacou Bruno Uvini e Cristaldo logo depois do intervalo e mandou Nathan Fernandes e Ferreira para o jogo. O 3-4-2-1 foi desfeito e deu lugar a um 4-4-2 mais ofensivo e mais pronto para a “trocação”. O Grêmio melhorou muito no começo da segunda etapa, mas seguia se defendendo mal. Os gols marcados por Zaracho (aos três) e Hulk (aos doze minutos) minaram a confiança de uma equipe que poderia até ter empatado o jogo, mas que sofreu com a principal arma ofensiva do seu adversário: os contra-ataques bem encaixados. O Grêmio é sim um bom time do meio para a frente. Mas jogar dessa forma contra uma equipe que sabe aproveitar espaços na defesa é suicídio futebolístico.
Fato é que o Atlético-MG mostrou as virtudes de quem quer sim entrar na briga pelo título do Campeonato Brasileiro. A consistência da estratégia trabalhada por Luiz Felipe Scolari e o encaixe dos jogadores só reforça a tese de que o Galo é sim uma das equipes que mais cresceu nessa reta final de competição. Enquanto o Grêmio ainda convive com sérios problemas na hora de se defender, o Galo parece ter resolvido esse problema com muita competitividade e a alternância da altura dos blocos de marcação e a compreensão clara daquilo que Felipão quer que sua equipe faça com e sem a bola. Enquanto o Grêmio observava, o Atlético-MG competia muito. Essa foi a chave desse jogo.
Este que escreve não tira o Atlético-MG da briga pelas primeiras posições. Muito pelo contrário. O histórico de Felipão e das suas equipes nesses últimos anos nos indicam que a tendência é vermos um Galo ainda mais forte e vingador nessa reta final de competição. Fora isso, tudo parece conspirar a favor da equipe mineira. Desde a ótima fase dos seus principais jogadores chegando na atmosfera extremamente favorável dos jogos da equipe na Arena MRV. O duelo contra o Flamengo, marcado para a próxima quarta-feira (29), promete fortíssimas emoções.