Antes do início do clássico espanhol entre Atlético de Madrid e Real Madrid, realizado no último domingo (24), e que terminou com vitória do time da casa por 3 X 1, uma menina negra de apenas oito anos e suas tias foram duramente hostilizadas no arredores do Estádio Civitas Metropolitano por torcedores colchoneros.
O motivo, além do escancarado preconceito, foi o fato de a menina estar com uma camisa do craque brasileiro Vini Jr., vítima recorrente de episódios racistas por parte não apenas dos colchoneros, mas de outros torcedores espanhóis.
Em entrevista à rádio espanhola SER, uma das tias relatou o episódio de horror: “Sou Atlético desde que nasci. Começaram a cantar “Vikingo não”, “macaco”, “preta de m****”. Não sabia que era com a gente, jamais imaginaria que era por causa da menina. Até que um cara se aproximou, me deu uns golpes no braço e disse: “Sai daqui ou vamos matar essa criança de merda”. Uma barbaridade os insultos e tudo mais. Aí você olha e vê muita gente, uma multidão apontando para a garota, a insultando e xingando”.
Real Madrid faz convite
Por meio do ex-atacante Emilio Butragueño, o Real Madrid fez um convite a toda família para acompanharem a partida entre o clube madrilenho e o Las Palmas, nesta quarta (26), às 14h (horário de Brasília) no camarote do clube.
A ação faz parte de uma mobilização do clube em prol da luta contra o racismo no futebol espanhol.
Os episódios recorrentes de ataques racistas contra Vini Jr. acenderam um alerta em toda comunidade futebolística europeia.
Real Madrid e Vini Jr.
Vinícius Jr. é atualmente o jogador de maior destaque no Real Madrid. Oriundo da base do Flamengo, foi vendido ainda com 18 anos ao Real Madrid.
Nos últimos anos, Vini Jr. tem sofrido cada vez mais ataques por parte de torcedores racistas. Um dos mais graves aconteceu em janeiro, quando um boneco com vestido com a camisa do jogador foi pendurado em uma ponte simulando enforcamento nos arredores do estádio do Atlético de Madrid.
Outro episódio deplorável ocorreu em maio durante o jogo entre Valencia e Real Madrid. A torcida do time da casa entoou cânticos racistas e o chamou de “macaco”. Vini Jr. se irritou profundamente, mas apontou ao juiz de onde vinham as ofensas, mas nada aconteceu.
De lá para cá, a Federação Espanhola de Futebol tem sofrido duras críticas para trabalhar não apenas com campanhas de conscientização, mas para garantir punição severa aos torcedores racistas.