Chegada do craque deve beneficiar não só o Inter Miami, mas também toda a MLS
Mesmo sem entrar em campo, Lionel Messi já causa um grande impacto na indústria esportiva e pode revolucionar a MLS.
Um levantamento da empresa Big Data Sports aponta que a chegada do craque argentino tem tudo para mudar algo que vem sendo trabalhado pela liga norte-americana há tempos.
A chegada de Pelé em 1975, contratado pelo Cosmos foi o primeiro grande movimento nesse sentido. Já em 2007 aconteceu a chegada de Beckham, contratado pelo Los Angeles Galaxy.
Mas a ida de Messi, um ícone do futebol mundial, é tratada como algo que pode realmente colocar a liga em outro patamar. Isso tanto dentro como fora de campo.
Modelo de negócio para viabilizar ida de Messi
É importante diferenciar a transferência do craque para o PSG da sua negociação com o Inter Miami.
Quando um jogador do porte de Messi muda de time, é claro que existe um aumento em venda de camisas e crescimento nas redes sociais. Mas sem a conquista da tão sonhada Champions League, sua passagem pela equipe terminou sem uma mudança significativa ou mesmo um legado.
A situação é diferente ao olhar para o Inter Miami, já pensando no que foi feito para que essa transferência acontecesse:
- Adidas como patrocinadora técnica global das 29 franquias e com embaixadores totalmente identificados com a marca, como Beckham e Messi.
- Apple TV+ como única proprietária dos direitos de dez anos e distribuidora do conteúdo da MLS, em um negócio sem precedentes em ligas esportivas profissionais do planeta.
- Um futuro para Messi como acionista e membro da diretoria do Inter Miami, em uma possibilidade aparentemente não cogitada, e até inviável, nos clubes do formato europeu.
- A MLS como organização esportiva que busca o equilíbrio econômico e esportivo em toda a liga com seus jogadores DP (jogadores franqueados), tetos salariais e benefícios coletivos para os clubes.
Messi vende camisas e todos os clubes ganham
A Adidas é a patrocinadora técnica da MLS desde sua criação em 1996. Veste todos os clubes do campeonato. A última renovação de contrato foi em janeiro de 2023 e com prazo estendido de seis anos. A Adidas paga à MLS, segundo cifras do mercado, 833 milhões de dólares por esse período.
Se Messi receberá parte de sua receita com a venda de camisas com seu nome, a situação não é diferente para clubes que não sejam o Inter Miami: todas as franquias recebem 15% da receita gerada com a venda das camisas. Isso significa que a venda das camisas de Messi no Inter Miami também é um benefício para os demais clubes.
Outro fato que fala do significado coletivo da MLS e de como as franquias não competem entre seus membros, mas buscam crescer juntas: em dezembro de 2023, o acordo que a liga fez com o Ai.io, ferramenta de prospecção que permite você detectar talentos à distância e em todos os cantos dos Estados Unidos a partir de um smartphone.
Foco no entretenimento
O Inter Miami ocupa a última posição da Conferência Leste, mas como é padrão nas ligas norte-americanas não existe rebaixamento.
Outro ponto importante é que nos Estados Unidos eles pensam muito no esporte ligado ao show, ao entretenimento e a chegada de Messi tem grandes chances de trazer um impacto positivo na MLS nesse sentido.
Cada jogo onde o craque estará em campo será uma oportunidade tanto para os fãs, mesmo de outros times, terem a oportunidade de ver um jogador desse nível de perto.
Esse é um fato que não é inédito no esporte norte-americano. Um exemplo claro foi a década de 1990, quando Jon Spoelstra, um famoso profissional de marketing esportivo da NBA, projetou campanhas de marketing para a venda de ingressos do New Jersey Nets com base na influência e na imagem de Michael Jordan, que jogou pelo Chicago Bulls. Comprar ingressos locais para ver um time ruim -o dele- e que não acendeu paixões, foi o passaporte para ver o fenômeno Jordan quando ele visitou a cidade.
O valor dos ingressos para aquela ocasião subiu porque sendo torcedor do NJ Nets -hoje Brooklyn Nets- duas vezes por temporada era possível ir ao estádio ver Michael Jordan.
Detalhes da MLS
A liga norte-americana foi criada em 1996, buscando aproveitar o “boom” da Copa do Mundo realizada no país em 1994. Mas antes disso o futebol teve um primeiro momento midiático com o Cosmo, que contou com Pelé, Beckenbauer e Giorgio Chinaglia nos anos 70.
Posteriormente o que se viu foi uma aposta em nomes de peso do futebol europeu. Um dos exemplos foi David Beckham, atual dono do Inter Miami.
A chegada de Messi chega em um momento em que a MLS tem um salto no seu número de franquias. De 10 clubes a MLS terá 30 em 2025, com a chegada de San Diego.
Outros pontos a serem destacados da liga:
- É uma “Sociedade de Responsabilidade Limitada” (LLC) organizada sob a figura de “Single Entity” ou entidade única;
- A Liga é dona de todas as franquias;
- Proprietários de franquias são investidores que pagam uma taxa para operar a franquia;
- Cada franquia deve ter seu estádio;
- Não há promoções ou rebaixamentos, é um campeonato fechado;
- Todo o seu sistema é baseado no princípio da não competição entre seus membros
Mudança de patamar financeiro
Quando David Beckham chegou na MLS, há mais de 15 anos, o valor mais caro de uma franquia era de 10 milhões de dólares. O Toronto FC pagou esse valor em 2005.
San Diego se estabelecerá na MLS em 2025 como o 30º clube e o valor dessa franquia já é meio bilhão de dólares. Como em muitos outros setores, aqueles que chegaram lá primeiro fizeram negócios melhores. A vantagem de estar entre os pioneiros.
Messi e Apple TV+
O craque argentino é o primeiro jogador de futebol da história cuja transferência de um clube para outro é baseada em um modelo de assinatura de conteúdo. O acordo da MLS para a distribuição exclusiva de suas partidas e todo o conteúdo adicional por meio da plataforma Apple. O contrato é válido por dez anos por 2.500 milhões de dólares.
Todas as partidas serão transmitidas via streaming, nas mãos de um único detentor de direitos. A contratação de Messi permitirá ampliar a base de assinantes do Apple TV.
- No meio da temporada, a Apple TV oferece desconto na assinatura do MLS Pass;
- Não é necessário ser assinante da Apple TV para acessar o MLS Pass, mas os assinantes do sistema pagam menos pela assinatura;
- Cada assinante da Apple TV, pelo menos nesta primeira temporada, pode compartilhar sua assinatura com cinco membros.