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Atual camisa 10 do Timão demonstra faro de gol e está próximo de bater recordes pessoais; melhora em campo se reflete também no setor defensivo
Artilheiro do Campeonato Paulista de 2023 ao lado de Galoppo, do São Paulo, e responsável por três dos últimos quatro gols marcados pelo Corinthians, Róger Guedes vive sua melhor fase desde a chegada ao clube. Pela atual temporada, o camisa 10 já foi às redes por 11 oportunidades em 16 jogos disputados e serviu uma assistência. Sua presença, portanto, causou impacto em 12 dos 25 tentos da equipe, representando 48% em participações. Além dos números ofensivos, houve também uma evolução em sua colaboração defensiva.
Até o momento, Guedes é o único do elenco alvinegro a marcar gols por três competições diferentes neste ano.
Anotou oito em 13 partidas pelo estadual e dobrou a marca alcançada na edição anterior, onde havia feito quatro em 14 aparições. Deixou sua marca pela Copa Libertadores e fez o segundo da vitória por 2 a 1 sobre o Cruzeiro neste domingo (16), pela estreia no Brasileirão Série A.
Oito de seus tentos ocorreram em Itaquera. Fora de casa ele balançou o barbante da Vila Belmiro no empate por 2 a 2 pelo clássico diante do Santos, no Paulistão, e guardou mais dois contra o Liverpool-URU no lendário estádio Centenário, em Montevidéu, pelo torneio continental.
Ótimo início de ano pode impulsionar o camisa 10 a marcas importantes na carreira
O bom momento se reflete pela nítida evolução no faro de gol. Guedes está a apenas cinco de ultrapassar seu ápice anual em termos de números.
Sua estreia pelo Corinthians, em 7 de setembro de 2021, deu uma pequena amostra do que estaria por vir. Já naquela ocasião, um belíssimo gol numa cobrança de falta decretou o empate em 1 a 1 com o Juventude-RS, em duelo válido pela 19ª rodada do Brasileirão, na Neo Química Arena.
Durante sua temporada de debute pelo clube de Parque São Jorge, participou de 19 jogos e emplacou sete bolas dentro da baliza. Em 2022, os 15 gols feitos igualaram sua melhor performance em um ano, registrada em 2018, quando atuou por Atlético-MG e Shandong Taishan (antigo Shandong Luneng) da China.
Ainda há a possibilidade de Róger Guedes se isolar como o maior artilheiro da história da Neo Química Arena. Seus 23 gols na casa corintiana lhe rendem o quarto lugar no ranking, atrás somente de Jô (30), Romero (27) e Jadson (24).
Ana Paulo Araújo, jornalista e colunista do portal “Meu Timão”, produziu um levantamento comparando a média de gols entre cinco atacantes de renome que passaram pelo clube nos últimos dez anos. Os dados levam em conta o mínimo de 72 partidas, quantidade disputada pelo argentino Mauro Boselli.
O atual 10 alvinegro possui a segunda melhor marca com 33 tentos em 101 jogos, média de 0,32. Apenas Paolo Guerrero assinala uma média superior, com 0,41 por partida advindos de 54 gols em 130 jogos.
Sequência de atuações em setor preferido do campo ajuda a explicar a evolução
Sob o comando de Fernando Lázaro, Guedes está atuando pelo setor onde se sente confortável e mais produtivo, o lado esquerdo. A posição tinha Willian como dono até meados de agosto do ano passado. Durante as passagens de Sylvinho e Vítor Pereira e antes da chegada de Yuri Alberto, o atacante era bastante utilizado como centroavante. Por algumas vezes atuava, também, pelo lado direito do ataque.
Agora ele frequenta a ponta-esquerda com liberdade para avançar em diagonal e se aproximar de Yuri Alberto, cumprindo, por vezes, um papel de segundo atacante.
A imagem abaixo contendo o mapa de calor detalha e corrobora a diferença de seu posicionamento entre as edições do Paulistão de 2022 e 2023.
A cor vermelha indica as áreas de maior presença dentro de campo. Podemos observar que as ações do atacante ocorreram majoritariamente pelo lado esquerdo durante a competição estadual de 2023, enquanto no ano anterior ele flutuava entre os demais setores do ataque.
Além do ganho ofensivo, Fernando Lázaro fez questão de elogiar, no mês de fevereiro, a contribuição defensiva derivada da constância na posição:
– “Eu vejo que alguns atletas, e o Róger é um deles, têm uma participação mais marcante. Ele tem conseguido concretizar muitas possibilidades, tem uma definição muito forte. É toda uma etapa que o time propicia a ele, a finalização é uma grande virtude também. Ele também está colaborando de forma satisfatória defensivamente. Uma parte potencializa a outra, ele tem essa tranquilidade, tem sido muito eficiente”, disse o treinador.
Para efeitos de comparação, um recorte recente baseado nos dados produzidos pelo site SofaScore aponta que, durante o Brasileirão de 2022, Róger Guedes obtinha médias de 0,2 desarmes por jogo e 3,5 duelos ganhos. Pelo Campeonato Paulista de 2023, sua estatística defensiva elevou-se para 0,7 desarmes e 4,9 duelos ganhos.
Saída de Vítor Pereira e relação com Lázaro ajudaram a melhorar seu desempenho, diz o atacante
Não é novidade para ninguém que Róger Guedes e Vítor Pereira desenvolveram desavenças entre si. Ambos externaram algumas enquanto trabalharam juntos e a novela se desenrolou ao longo de 2022.
Tudo começou em abril, quando o atacante pediu por mais oportunidades para atuar pela ponta-esquerda. No mês seguinte, o treinador respondeu que o atleta deveria aceitar ser escalado em outros setores da parte ofensiva e cobrou, publicamente, mais dedicação aos treinamentos.
Houve também a famosa passagem em que o português afirmou à imprensa que não enxergava a possibilidade de viabilizar uma parceria entre Róger Guedes e Yuri Alberto, pois a dupla prejudicava o desempenho defensivo da equipe.
A trama se encaminhou para o desfecho após um desentendimento durante as finais da Copa do Brasil, diante do Flamengo. O atacante foi substituído nas duas partidas decisivas. Ao sentar-se no banco foi flagrado, em tom de muita irritação, dizendo: “todo jogo eu sou tirado”.
O último capítulo foi escrito em novembro, com a polêmica saída de Vítor Pereira. Em sua participação no podcast “PodPah”, no dia 27 de fevereiro de 2023, o jogador não fugiu desse assunto e demonstrou seu descontentamento pelas situações vividas durante o período:
– “A gente ia ficar feliz só de saber que o outro (Vítor Pereira) já tinha saído também, a gente já estava feliz com isso. Não precisa negar, não precisa mentir na frente das câmeras”.
Por fim, Róger Guedes também citou ser possível formar uma dupla com Yuri Alberto e analisou que a mudança no comando impactou positivamente não somente em seu rendimento, como também de outros jogadores do elenco.
