Na tarde de quinta (29), no hospital Albert Einstein, em São Paulo, morreu Edson Arantes do Nascimento, conhecido mundialmente por Pelé, o maior jogador da história do futebol, vítima de complicações em decorrência de um câncer no cólon.
Aos 82 anos, o ídolo do Santos e da seleção brasileira estava internado desde o final do mês de novembro, quando o tratamento quimioterápico não mais surtiu o resultado esperado pelos médicos, e Pelé passou então a ficar sob cuidados paliativos.
Na semana passada, os médicos divulgaram um boletim informando a progressão da doença oncológica, o que também provocou disfunções renal e cardíaca em seu quadro clínico.
Nascido na cidade mineira de Três Corações, no dia 23 de outubro de 1940, o Rei do Futebol iniciou a carreira profissional no Santos, onde chegou em 1956 e permaneceu até 1974.
Autor de 1.281 gols e vencedor de três Copas do Mundo, além de inúmeros títulos pelo clube da Vila Belmiro, Pelé foi eleito em 1981 o “Atleta do Século”, em votação realizada pelo jornal francês “L’Equipe” com jornalistas das 20 mais importantes publicações esportivas do planeta.
Pelé disse que “tremeu” no momento do histórico gol 1.000
Há pouco mais de 53 anos, exatamente na noite de 19 de novembro de 1969, Pelé marcava contra o Vasco, no estádio do Maracanã, em duelo válido pela então Taça de Prata, o histórico gol de número 1.000 em sua carreira.
O Rei do Futebol balançou as redes pela milésima vez em cobrança de pênalti aos 34 minutos do segundo tempo.
A partida no Rio de Janeiro terminou com triunfo do Peixe de virada pelo placar de 2 x 1 e o feito histórico foi registrado por profissionais de imprensa do mundo inteiro.
Em novembro de 2019, quando o milésimo gol completou 50 anos, Pelé concedeu entrevista ao site da “Folha de S.Paulo” e revelou que “tremeu” no momento da cobrança da penalidade diante de mais de 65 mil espectadores no Maracanã.
“Todo mundo fala que bater pênalti é fácil. Mas é fácil quando está 2 x 0, 3 x 0… Mas tremer como eu tremi quanfo fui bater meu pênalti… Duvido que alguém já tenha passado por isso. Eu falava: ‘Meu Deus do céu, e se eu perder o pênalti?’”, declarou à “Folha” o Rei do Futebol. E completou:
”O mais engraçado é que eles fizeram uma homenagem e ninguém ficou na área. Quando olhei para trás, estava todo o time do Santos no meio de campo. Eu falei: ‘Pô, e se bate na trave ou o goleiro rebate, meu time está todo lá atrás’. Mas ninguém veio”, relembrou o ex-camisa 10 santista.
Pelé também falou sobre o racismo no esporte
Ainda na entrevista à “Folha de S.Paulo”, Pelé também falou sobre casos de racismo em estádios de futebol.
“Já tivemos isso há um tempo atrás e achavam que as coisas eram por causa do tempo. Agora que estamos no mundo moderno está acontecendo mais ou menos a mesma coisa. Mesmo uns absurdos, negócios de guerra, de briga, são coisas tristes que acontecem no futebol (…) Infelizmente, essas coisas que estão acontecendo agora não deviam acontecer mais, né?”, lamentou Pelé ao site.
“Eu acho que teve alguma mudança, mas infelizmente não chegou ao que eu acho para um esporte, para qualquer esporte (…) É triste. Eu joguei em vários lugares, mas graças a Deus nunca tive nenhum problema. Até na Argentina, que era uma rivalidade danada contra o Brasil, já tive jogo contra o Boca Juniors, contra o River Plate, e não passamos por isso”, acrescentou.
Obrigado, Rei Pelé. pic.twitter.com/2Xb7XElR41
— Santos FC (@SantosFC) December 29, 2022
O velório de Pelé está programado para a próxima segunda (2), no estádio Urbano Caldeira, a Vila Belmiro, atendendo a um pedido do próprio ídolo e Rei do Futebol.
O público terá acesso ao centro do gramado, onde ficará o caixão, a partir das 10h00.
O sepultamento acontecerá no dia seguinte, quando um cortejo percorrerá as ruas de Santos em direção ao Memorial Necrópole Ecumênica. O lóculo de Pelé está localizado no nono andar do espaço vertical, que tem visão para a Vila Belmiro.