Home Futebol Flamengo conquista o Tri da América com a assinatura de Gabigol, Everton Ribeiro e Dorival Júnior

Flamengo conquista o Tri da América com a assinatura de Gabigol, Everton Ribeiro e Dorival Júnior

Luiz Ferreira analisa a final da Libertadores e a vitória sobre o Athletico Paranaense na coluna PAPO TÁTICO

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

É verdade que o Flamengo, tal como aconteceu na decisão da Copa do Brasil, sofreu além do necessário diante de um Athletico Paranaense que fez o que pôde para evitar mais um vice-campeonato da Libertadores. Por outro lado, a vitória magra no Estádio Monumental de Guayaquil e toda a campanha quase perfeita na edição de 2022 teve a assinatura de três personagens bem conhecidos de toda a torcida rubro-negra. Daqui a alguns anos, os flamenguistas vão contar histórias sobre os gols e o poder de decisão de Gabigol, a genialidade de Everton Ribeiro (o melhor em campo disparado) e o trabalho de Dorival Júnior à frente de um time que era dado como acabado no meio do ano.

Não que jogadores como David Luiz, Arrascaeta, Pedro (artilheiro da Libertadores), João Gomes, Thiago Maia e Léo Pereira (um gigante nessa final) não mereçam destaque na história do Flamengo. A questão é que os três citados no título desta humilde análise tática se transformaram nos pilares de um clube que finalmente está se acostumando a quebrar recordes e a levantar taças. Mesmo sem jogar aquilo que o torcedor espera da equipe. E o jogo contra o Athletico Paranaense trouxe todos os componentes típicos de uma final de Libertadores.

Isso porque Luiz Felipe Scolari sabia como travar o Flamengo e seus principais jogadores. A escolha do pentacampeão mundial foi um 4-5-1 que trazia Hugo Moura próximo da zaga, Fernandinho e Alex Santana fechando em cima de João Gomes e Everton Ribeiro e Vítor Bueno de olho em Thiago Maia. Marcação por encaixes para travar o já conhecido 4-3-1-2/4-3-3 de Dorival Júnior e explorar os contra-ataques com bolas longas para Vitinho e Vítor Roque partindo em diagonal na direção do gol de Santos. Não foi por acaso que o Fla encontrou dificuldades.

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Formação inicial das duas equipes. O 4-5-1 do Athletico Paranaense encaixou a marcação em cima do Flamengo.

O Furacão realmente começou melhor a partida deste sábado (29) e criou alguns problemas para o time do Flamengo. Aos poucos, o time de Dorival Júnior foi se soltando com a movimentação de Arrascaeta pela direita, Everton Ribeiro por dentro e Gabigol às costas de Khellven. A expulsão de Pedro Henrique prejudicou demais o escrete de Felipão e facilitou a vida do Fla. Mesmo assim, o único gol do jogo só saiu nos acréscimos da primeira etapa. Com Rodinei e Thiago Maia mais à frente e manipulando a marcação por encaixes do Athletico Paranaense, Everton Ribeiro encontrou o espaço para ir até a linha de fundo e colocar Gabigol em ótimas condições de balançar as redes.

Thiago Maia e Rodinei avançam e Everton Ribeiro inicia a jogada do gol. Foto: Reprodução / YouTube / Conmebol Libertadores

Vale destacar que mesmo antes mesmo do Furacão perder Pedro Henrique por duas faltas violentas, o Flamengo conseguia manipular os espaços e fazer a bola chegar na área do goleiro Bento Faltava a objetividade que Everton Ribeiro teve na tabela com Rodinei e a leitura perfeita de Gabigol no ataque do espaço entre Khellven e Fernandinho. Aliás, quem acompanha o trabalho de Dorival Júnior desde seu retorno ao Fla sabe muito bem que esse tipo de jogadas (com trocas rápidas de passe) se transformou numa das marcas registradas dessa equipe.

Chega até a ser falta de respeito afirmar que o treinador do Flamengo apenas “faz o simples”. Encaixar Everton Ribeiro, Arrascaeta, Pedro e Gabigol num time minimamente equilibrado é tarefa que poucos conseguiram realizar. Fora toda a organização ofensiva do Mais Querido do Brasil que permitia que os jogadores de frente encontrassem espaços entre as linhas do 4-4-1 inicial de Luiz Felipe Scolari no Athletico Paranaense. Fosse o Flamengo um pouco mais caprichoso nas finalizações, a vantagem no placar em Guayaquil poderia ter sido bem maior.

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Everton Ribeiro explorava os espaços no 4-4-1 do Athletico com facilidade. Foto: Reprodução / YouTube / Conmebol Libertadores

Só que o Flamengo sofreu além do que deveria e poderia sofrer diante de um adversário que partiu para um “abafa” com um jogador a menor. Pode ser que o desgaste físico de alguns jogadores (principalmente Arrascaeta) tenha cobrado seu preço nesse final de temporada. Por outro lado, o Athletico Paranaense levou certo perigo com as bolas levantadas na área e as entradas de Terans, Cannobio e Pablo. Com Victor Hugo, Everton Cebolinha e Vidal em campo, o Fla se fechava na entrada da sua área e tentava valorizar mais a posse da bola embora falhasse demais nas trocas de passe no campo ofensivo. Mesmo assim, não foi suficiente para levar a decisão para o tempo extra.

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Felipão mandou o Athletico Paranaense para o ataque num 4-2-3 e o Flamengo tentou explorar os contra-ataques.

Com a conquista do tricampeonato da América (e a terceira final em quatro edições), o Flamengo se consolida como grande força do continente. Quem via o time no início do ano jamais pensaria que 2022 terminaria de maneira tão brilhante. Gabigol igualou ninguém menos que Zico em gols marcados em finais de Libertadores e mostra o mesmo gosto pelas decisões que Nunes tinha no início dos anos 1980. Ao mesmo tempo, Everton Ribeiro se consolidou como um dos grandes da história do clube da Gávea e calou a boca dos críticos que o consideravam acabado para o futebol há pouco menos de seis meses. Inclusive, é muito possível que ele esteja presente no grupo que vai ao Catar.

Mas talvez ninguém mereça mais esse título do que Dorival Júnior. Sua chegada ao Flamengo esteve cercada de desconfiança, mas o já experiente treinador conseguiu transformar organizar as coisas num elenco desequilibrado e conquistar o maior título da sua carreira. A Glória Eterna, meus amigos, é para poucos. Mas ela premia aqueles que mais se dedicam e trabalham. Esse é o espírito.

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