Quem lê o título desta humilde análise pela primeira vez pode pensar que este que escreve não anda lá muito bem da cabeça. Mas é isso mesmo, pessoal. Corinthians e Flamengo têm motivos de sobra para lamentarem o empate sem gols no “primeiro round” da final da Copa do Brasil. Isso porque ambas as equipes produziram boas chances de gol, mas acabaram pecando demais nas finalizações e no último passe. O goleiro Cássio e o zagueiro Gil foram os destaques pelos lados do time comandado por Vítor Pereira e Thiago Maia foi o melhor em campo (pelo menos para este colunista) pelo escrete comandado por Dorival Júnior. O resultado foi justo. Mas o prejuízo existiu sim.
Principalmente pelos lados do Flamengo, considerado por muitos colegas de imprensa como o favorito ao título da Copa do Brasil. Ao Corinthians, segundo estes, restava conquistar uma boa vantagem diante da sua fanática torcida na Neo Química Arena já pensando no jogo de volta, no Maracanã. E não é difícil concluir que foi o Timão quem melhor executou o plano do seu treinador. Vítor Pereira não escolheu o 4-3-3 à toa. Ele sabia que o Flamengo marcava bem por dentro, mas a formação escolhida por Dorival sobrecarregava os laterais.
Foi sempre buscando essa triangulação com Du Queiroz, Adson e Fagner na direita e Fábio Santos, Renato Augusto e Róger Guedes na esquerda que o treinador português conseguiu se impor diante do seu forte adversário. O melhor momento da primeira etapa aconteceu quando Thiago Maia evitou o gol de Yuri Alberto com um carrinho preciso na bola. E embora tivesse mais a posse, o Flamengo pecava demais pela lentidão, visto que Everton Ribeiro e Arrascaeta estavam muito bem vigiados. Faltava mobilidade no 4-3-1-2 de Dorival Júnior.
Além de tirar a velocidade e o espaço dos principais criadores de jogadas do Flamengo, o Corinthians protegiam bem a entrada da sua área. Nesse ponto, o veterano Gil merece o destaque pela partida primorosa que fez na cobertura de Fagner pela direita e no combate direto a Pedro (que jogou mais aberto pela esquerda do que o costume). Ele, Balbuena, Fábio Santos e Cássio foram os grandes nomes da equipe comandada por Vítor Pereira na partida desta quarta-feira (12). Mas no que se refere à estratégia de jogo e sua execução, é impossível não destacar o camisa 4 corintiano pela dificuldade da sua missão contra um dos ataques mais poderosos do continente. Gil foi gigante.
Pelos lados do Flamengo, conforme mencionado anteriormente, Thiago Maia foi o melhor jogador rubro-negro pelo “golaço” que marcou ao evitar gol certo de Yuri Alberto no primeiro tempo, pela sua atuação na proteção da última linha e na organização da saída de bola. Difícil encontrar um outro nome que tenha se destacado tanto como o camisa 8 do Fla. E isso tudo num ambiente completamente hostil. Enquanto o escrete de Dorival Júnior tentava criar chances de gol (e acabava parando na grande atuação de Cássio), Thiago Maia segurava as pontas lá atrás e ainda teve que se multiplicar em campo quando um desconcentrado Vidal entrou no lugar de João Gomes e sobrecarregou o sistema defensivo.
A segunda etapa acabaria marcada pelas grandes chances desperdiçadas pelo Flamengo e pelo volume de jogo do Corinthians. Ciente de que não teria o polivalente João Gomes no jogo do Maracanã (por conta do cartão amarelo discutível que levou no primeiro tempo), Dorival Júnior sacou os pendurados e reorganizou sua equipe numa espécie de 3-5-2 com Fabrício Bruno jogando como “lateral-base” pela direita e Victor Hugo na frente dos volantes. Do outro lado, Vítor Pereira manteve seu 4-3-3 básico, mas o medo do desgaste (ou até de uma lesão) fez com que ele sacasse Róger Guedes e Renato Augusto da partida. Difícil não perceber a nítida queda de rendimento do Timão depois das mexidas do treinador português.
Sobre a arbitragem do senhor Bráulio da Silva Machado, não resta nada a fazer senão lamentar. E o problema não foi só a suposta penalidade não assinalada a favor do Corinthians, mas o critério que ele e todos os outros árbitros usaram e usam no país. O cartão amarelo dado para João Gomes num dos primeiros lances da partida também deveria ter sido mostrado outras três vezes para jogadores do Corinthians. E sobre o lance do toque de mão de Léo Pereira dentro da área, este que escreve viu movimento natural do camisa 4 do Flamengo no lance, mas sabe que nossos árbitros marcam penalidades assim a esmo no futebol brasileiro. Quem está certo? Quem está errado?
Certo é que Corinthians e Flamengo têm motivos para lamentar o empate sem gols desta quarta-feira (12). Não deixa de ser um resultado justo diante das circunstâncias, mas o “prejuízo” das duas equipes fica evidente quando se volta as atenções para as chances criadas e desperdiçadas ao longo dos noventa e poucos minutos de partida. Talvez esse peso seja maior no Fla por conta do peso do favoritismo. E o confronto segue completamente aberto.