Home Futebol Internacional aproveita apatia do Fluminense e mostra que está vivo no Brasileirão

Internacional aproveita apatia do Fluminense e mostra que está vivo no Brasileirão

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira explica como Mano Menezes "travou" as principais armas do time de Fernando Diniz

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Estava mais do que claro que o Internacional precisava dar uma resposta rápida depois da eliminação para o Melgar na Copa Sul-Americana. Mas a vitória justíssima sobre um Fluminense apático e sem muito brilho não serviu apenas para acalmar os ânimos. Ela mostrou que o time comandado por Mano Menezes tem plenas condições de ir longe nesse Brasileirão e jogar um futebol muito mais eficiente do que o apresentado nos últimos dias. A apresentação consistente e a maneira como o Colorado “travou” as principais armas ofensivas do escrete comandado por Fernando Diniz comprovam essa tese. Melhor do que os três pontos foram as pazes feitas com os pouco mais de 14 mil torcedores no Beira-Rio.

Na verdade, o Internacional começou a vencer o jogo deste domingo (14) a partir da formação escolhida por Mano Menezes. Sem Edenílson e Taison, o treinador colorado apostou num 4-1-4-1/4-3-3 bem fechado e compactado que trazia Gabriel, Johnny e Carlos de Pena na frente da zaga, Maurício abrindo o corredor para as chegadas de Bustos na direita, Wanderson à esquerda e Alemão no comando de ataque. Do outro lado, Fernando Diniz mantinha seu 4-2-3-1 costumeiro e de muita aproximação com Ganso por jogando mais por dentro, Matheus Martins e Jhon Arias se juntando a Germán Cano no comando de ataque e Samuel Xavier e Caio Paulista aparecendo com frequência na linha de fundo.

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Formação inicial das duas equipes no Beira-Rio. Mano congestionou o meio-campo e Fernando Diniz manteve sua estratégia.

Apesar dos protestos da torcida no Beira-Rio, estava mais do que claro que Mano Menezes tinha escolhido a estratégia correta para “travar” Paulo Henrique Ganso e Germán Cano. Na prática, o Fluminense só teve uma chance clara de gol (justamente com o camisa 14 aos dez minutos do primeiro tempo) e nada além disso. O Internacional foi se impondo no campo de ataque aos poucos e encaixotando os dois jogadores mais perigosos do time adversário. Após a partida, o próprio Mano Menezes explicou como montou o escrete colorado de modo a impedir que os jogadores do Fluminense tivessem espaço para jogar. Tudo parte da ocupação dos espaços e da pressão no portador da bola.

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Foi usando esses dois princípios que Mano Menezes montou seu Internacional na noite deste domingo (14). Gabriel ocupava a entrelinha e não permitia que Jhon Arias e Matheus Martins pudessem jogar por dentro. Johnny ficava mais pela direita e vigiava as chegadas de Caio Paulista junto de Bustos. Do outro lado, Carlos de Pena cumpria a mesma função mais próximo de Renê. Foi ocupando esses espaços pelos lados do campo que o Colorado conseguiu impor seu estilo e sofrer pouco diante de um Fluminense que tinha a posse da bola mas não sabia direito o que fazer com ela. Retomada a posse, o Internacional acelerava com bolas para Alemão e Wanderson explorarem os espaços no campo ofensivo.

O 4-1-4-1 do Internacional travava o Fluminense e explorava o contra-ataque em alta velocidade. Foto: Reprodução / SPORTV / GE

Wanderson acertou a trave aos 31 minutos do primeiro tempo e Fábio salvou o Fluminense praticamente no minuto seguinte em cabeçada de Johnny. Estava mais do que claro que era questão de tempo para que o Internacional finalmente transformasse tanto volume de jogo em gols. E isso aconteceu aos 35 minutos, depois de erro na saída de bola do Tricolor das Laranjeiras (um dos vários cometidos na partida). Bustos recebeu de Johnny e abriu o placar em belo chute de direita. O gol marcado no final da primeira etapa condicionou todo o restante da partida e permitiu que Mano Menezes pudesse jogar como se sente mais confortável. Principalmente contra equipes da parte de cima da tabela.

Fernando Diniz colocou o Fluminense no ataque com as entradas de Felipe Melo, John Kennedy, Nathan e Willian Bigode (além da abandonar o 4-2-3-1 e partir para um 4-3-3 bastante ofensivo). Mesmo assim, o panorama da partida não mudou. O Tricolor das Laranjeiras seguia sem saber o que fazer com a bola e sofrendo com a marcação do Internacional. Mano Menezes, por sua vez, também descansou jogadores, mas manteve seu desenho tático inicial. Não foi por acaso que o ataque colorado seguiu fazendo estragos na defesa adversária. Alemão aumentou o placar aos 26 minutos da segunda etapa e Carlos de Pena fez o terceiro já nos acréscimos. Vitória justíssima do Internacional.

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Mesmo com as mudanças, o ataque do Internacional encontrava espaços na defesa do Fluminense. Foto: Reprodução / SPORTV / GE

É verdade que nem tudo são flores no escrete de Mano Menezes. Mesmo com a vitória, boa parte da torcida ainda segue na bronca com o time e um tanto quanto desconfiada com relação a alguns jogadores. Postura mais do que natural diante da eliminação doída para o simpático Melgar na Copa Sul-Americana dentro de casa. Mas é preciso reconhecer que a atuação contra o Fluminense deixou sim algumas esperanças de que o futuro pode ser melhor do que o presente. Isso porque vimos um Internacional mais intenso e mais objetivo do que em outros tempos. Além disso, a formação escolhida por Mano Menezes parece ter encaixado bem as características dos jogadores à disposição no elenco.

Pode ser cedo para se fazer qualquer afirmação sobre o futuro do Internacional nesse Brasileirão. Mas é possível sim dizer que o time se recuperou a tempo de brigar por algo além da famigerada “taça sétimo lugar” como alguns torcedores rivais costumam dizer. O caminho está traçado. Agora é corrigir os erros e seguir evoluindo.

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