Com mais uma derrota do Flamengo, o treinador português Paulo Sousa não suportou a pressão e foi demitido entre o final da quarta-feira e madrugada de quinta (9). Ao todo, o treinador dirigiu a equipe carioca por apenas seis meses, ainda assim obteve mais tempo que colegas anteriores.
Trabalhar no Flamengo é sinônimo de pressão diária, na história do futebol sempre foi assim. No entanto, é fato que a chegada de Jorge Jesus e o futebol encantador promovido especialmente em 2019 encheu o torcedor de esperança. Afinal, conquistar uma Copa Libertadores e um Brasileirão, sem deixar margem de dúvidas quanto a tais títulos, tem um pacto em qualquer clube.
Com 81,5% de aproveitamento, os cariocas sobre comando do mister, venceram incríveis 44 vezes em 58 partidas. Além disso, aquela equipe proporcionava um futebol de ofensividade, com boa parte dos seus jogadores mais experientes ainda em alta, como Filipe Luís e Diego Alves.
Mas será que esse ano mágico se repetiria novamente em um futebol tão competitivo como o Brasil? Vale ressaltar que nomes importantes como Gérson e Pablo Mari já deixaram o clube, outros jogadores entraram em processo de decadência, afinal, são três anos. Ainda assim, nada parece suficiente para contornar torcedores e até parte da imprensa, enquanto a “sombra de 2019” permanecer.
Tempo Médio de trabalho
Desde a saída de Jorge Jesus para o Benfica, o primeiro a topar o desafio, também foi um europeu, Domènec Torrent, ex-auxiliar de Pep Guardiola. Sem muita experiência o treinador sofreu, curiosamente sendo demitido há exatos um ano e sete meses atrás. Foram apenas três meses de trabalho.
Em seguida, Rogério Ceni topa o desafio com um Flamengo sem vestiário e atravessando uma grande crise. Nem mesmo o título brasileiro na reta final ou a Supercopa do Brasil diante do rival, Palmeiras, estancou a pressão por atuações similares a de 2019. Com exatos oito meses de trabalho, o ex-goleiro também foi demitido.
Para o lugar do treinador que era o atual campeão brasileiro, chegou o experiente Renato Gaúcho. Apesar do trabalho curto, foram 72% de aproveitamento, um vice-campeonato brasileiro e um vice na Copa Libertadores. Naquela altura, nem taça, quanto menos vice, poderia estancar a pressão generalizada. Logo, caindo com 4 meses e 19 dias de trabalho.
Só Jorge Jesus pode dar um ponto final
Desta vez, quem deixa o cargo do Rubro-Negro é Paulo Sousa, ex-treinador da Seleção da Polônia, que poderia disputar uma Copa do Mundo. No geral, o trabalho do comandante acaba deixando a desejar em diversas frentes, mas para um clube que tem quatro treinadores em um ano e sete meses, a mudança parece mais um tapa-buraco.
Com média de aproximadamente quatro meses por treinador, sem considerar interinos, a pressão dentro do clube parece longe de acabar. Sendo assim, dificultando até que novos profissionais topem o desafio.
É fato que esse ano de 2019 só será colocado a prova, e possivelmente, evidenciando a realidade que é o futebol com a volta de Jorge Jesus. Enquanto isso, a memoria afetiva de um ano espetacular vai estar à frente da lógica, prejudicando apenas o próprio clube. Com o “mister” no Fenerbahçe, os próximos passos da diretoria são incógnitas.