Home Futebol São Paulo constrói goleada sobre a Esmac na base organização ofensiva e sem sofrer muito na defesa

São Paulo constrói goleada sobre a Esmac na base organização ofensiva e sem sofrer muito na defesa

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as escolhas de Lucas Piccinato e Breno Luis na partida disputada neste domingo (24)

Por mais que o futebol seja um esporte forjado no mais puro caos e desordem, era muito difícil pensar num resultado que não fosse a vitória do São Paulo. Ainda que a simpática e esforçada Esmac tenha equilibrado o jogo deste domingo (24) em alguns poucos momentos, o escrete comandado por Lucas Piccinato soube muito bem como explorar a qualidade individual das suas jogadoras para construir a goleada por 4 a 1 no Baenão, em Belém. O Tricolor Paulista esteve organizado e bem distribuído no campo ofensivo e quase não sofreu na defesa apesar de algumas problemas nas transições. Contra equipes mais fortes e mais organizadas, isso até pode ser um problema mais sério. Mas o que se viu em campo foi a superioridade de um São Paulo muito consistente e bastante insinuante nas tramas ofensivas.

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O time mandado por Lucas Piccinato a campo indicava um 4-4-2 básico com duas linhas protegendo a área da goleira Michelle e duas atacantes de muita movimentação lá na frente. Assim que a bola rolou, no entanto, foi possível notar que a formação inicial era um pouco diferente. A versátil e polivalente Fê Palermo jogava como zagueira pela direita e se alinhava a Pardal e Thaís Regina. Naná e Dani se transformavam em alas, Maressa e Joyce faziam o apoio por dentro e Moninquinha se juntava a Carol e Rafa Travalão num trio ofensivo de muita velocidade e mobilidade. Com a bola, o São Paulo jogava num 3-4-3 bem ofensivo. Sem ela, no 4-4-2 mais tradicional. Tudo para ocupar bem os espaços e bagunçar a defesa da Esmac.

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Do outro lado, o técnico Breno Luis apostou num 4-1-4-1/4-3-3 que não teve consistência suficiente para segurar o ímpeto do seu forte adversário. Isso porque Rafa Travalão abriu o placar logo aos três minutos de partida numa das primeiras investidas do São Paulo. Ainda que Lari Sanchez tenha empatado o jogo aos 12 minutos (num dos poucos cochilos do sistema defensivo do time de Lucas Piccinato em todo o jogo), a sensação que ficava era a de que o Tricolor Paulista só precisava de um pouco de calma para retomar o controle do jogo e a vantagem no placar. A mesma Rafa Travalão fez o segundo aos 15 minutos e Fê Palermo completou cobrança de escanteio para as redes da goleira Letícia Busatto aos 20 minutos do primeiro tempo.

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Formação inicial das duas equipes no Baenão. Fê Palermo era a terceira zagueira do 4-4-2/3-4-3 de Lucas Piccinato no São Paulo. A Esmac tentava se impor jogando num 4-1-4-1.

Não demorou muito para que Breno Luis fizesse alterações na Esmac. Ele trocou as laterais Milena e Raquel de lado, trouxe a camisa 10 Caixeta para jogar como meio-campista pela esquerda e orientou que as Meninas de Ananindeua formassem duas linhas com quatro jogadoras na frente da área da goleira Letícia Busatto. O problema, no entanto, não estava na formação escolhida, mas na execução. Por mais que houvesse organização na saída de bola e uma proposta de jogo clara, a Esmac abria espaços generosos entre suas linhas e facilitava muito a vida do São Paulo. Moniquinha, Carol e Rafa Travalão sempre recebiam a bola em condições de arrastar a zaga da equipe de Ananindeua para trás e criar superioridade numérica no campo de ataque. Ao mesmo tempo, Joyce e Maressa tinham muita liberdade no meio-campo.

O São Paulo conseguia manipular a marcação do 4-3-3/4-1-4-1 da Esmac com facilidade. Moniquinha, Carol e Rafa Travalão sempre encontravam espaço para atacar e Maressa tinha liberdade para organizar o jogo no meio-campo. Foto: Reprodução / ELEVEN Sports

A vantagem no placar fez com que o São Paulo tirasse um pouco o pé do acelerador no segundo tempo e diminuísse o nível de intensidade. Isso fez com que a Esmac ganhasse um pouco de campo e até criasse pelo menos duas chances de gol. Faltava, no entanto, aprimoramento no último passe e capricho nas conclusões a gol. Por mais que o escrete paraense tentasse, o time comandado por Lucas Piccinato sempre encontrava um meio de se livrar da pressão e fazer a passagem da bola da defesa para o ataque de maneira rápida. Ao mesmo tempo, Breno Luis não conseguiu resolver o problema do seu 4-3-3 e viu sua equipe conceder verdadeiros latifúndios para o São Paulo explorar. Ver Naná e Dani recebendo a bola com liberdade pelos lados do campo foi uma cena bem comum no segundo tempo da partida deste domingo (24).

As alas do time do São Paulo sempre recebiam a bola com certa liberdade pelos lados do campo. Ao mesmo tempo, o trio ofensivo sempre arrastava a zaga para trás e tiravam a pressão de cima de Maressa e Joyce no meio-campo. Foto: Reprodução / ELEVEN Sports

A rigor, o Tricolor Paulista sofreu muito pouco na defesa por conta dessa desorganização ofensiva do seu adversário e foi controlando o jogo até os 45 minutos do segundo tempo, quando Cacau recebeu às costas da zaga da Esmac e fez o quarto gol com um belo toque de cobertura. A goleada fora de casa acabou comprovando a superioridade técnica e tática das comandadas de Lucas Piccinato numa atuação coletiva bastante consistente e que fez com que a equipe sofresse muito pouco. A variação do 4-4-2 para o 3-4-3 pode ser usada mais vezes contra adversários (em tese) mais fracos. No entanto, o posicionamento do trio de zagueiras ainda precisa de alguns ajustes. Fosse a Esmac uma equipe um pouco mais organizada, as coisas poderiam ter ficado mais complicadas para o São Paulo no Baenão.

A primeira vitória do Tricolor Paulista fora de casa no Brasileirão Feminino traz sim confiança para a sequência da competição e para a solidificação da proposta de jogo de Lucas Piccinato. Este que escreve confessa que variações táticas são sempre bem vindas quando executadas da maneira correta. Mas só o tempo poderá dizer se essa será a melhor escolha para encarar equipes da parte de cima da tabela da competição. Ainda mais diante de tudo o que está em jogo nessa temporada.

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