Home Futebol Internacional recupera a consistência e tem boa atuação coletiva na estreia de Mano Menezes

Internacional recupera a consistência e tem boa atuação coletiva na estreia de Mano Menezes

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a vitória colorada sobre um Fluminense confuso e sem brilho neste sábado (23)

O velho e rude esporte bretão já nos mostrou várias e várias vezes que o melhor caminho é a simplicidade. E esse foi o lema do Internacional na boa (e justa) vitória sobre o Fluminense neste sábado (23), no Maracanã, na partida que marcou a estreia de Mano Menezes no comando do escrete colorado. Ao contrário do que acontecia nos tempos de Alexander “El Cacique” Medina, o time do Beira-Rio correu poucos riscos e controlou as ações do jogo diante de um adversário confuso, desorganizado e sem muito brilho individual. Destaque para as boas atuações de Edenílson (que voltou a jogar na sua posição de origem), Wanderson, Bustos, De Pena (o melhor em campo na opinião deste que escreve) e para a estrela de Alemão, que saiu do banco de reservas para marcar o gol da vitória (justíssima) do Internacional.

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A estratégia de Mano Menezes passa bem muito além do “óbvio ululante que pulula nas mentes humanas”, conforme escrito num gibi sensacional da Turma da Mônica. Respeitar as características dos jogadores e encontrar a formação que melhor encaixe as peças à disposição é o básico quando o assunto é o velho e rude esporte bretão. Mesmo quando cada treinador tem seu modelo de jogo bastante solidificado. Ao mesmo tempo, precisamos lembrar que estamos falando de uma estreia. Mano Menezes teve apenas duas atividades para apresentar seus conceitos no Internacional e precisou descomplicar tudo. E esse foi o grande acerto do treinador no Internacional. Simplificar as coisas também é uma virtude e pode ser uma ótima estratégia.

Tudo isso para enfrentar um Fluminense que vinha de uma atuação muito ruim contra o Vila Nova pela Copa do Brasil no meio de semana, mas que pedia atenção e cautela de qualquer adversário que estivesse pela frente. E não foi por acaso que Mano Menezes resolveu escalar sua equipe num 4-1-4-1 bem organizado com Gabriel entre as linhas, Edenílson e De Pena um pouco mais à frente, Wanderson e Maurício pelos lados do campo e Wesley Moraes no campo e ataque. Ainda que o Internacional tenha apresentado alguns poucos momentos de insegurança, o time conseguiu controlar o jogo, esteve muito bem distribuído e preencheu bem os espaços no meio-campo. Tudo para que Ganso não tivesse espaço para lançar Willian Bigode e Cano no ataque.

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Aos poucos, o escrete colorado foi recuperando a consistência de outros tempos e fazendo com que alguns jogadores começassem a se destacar. Wanderson era a principal válvula de escape do time e explorava muito bem o lado direito de defesa do Internacional com boas arrancadas pra cima de Nino e Calegari. Aliás, este que escreve não percebeu durante a partida no Maracanã, mas a disposição tática do time do Fluminense teve uma pequena mudança. O camisa 31 foi muito mais meio-campista do que um ala pela direita. Tanto que o time de Abel Braga nem sempre jogava com uma linha de cinco na frente da sua área e deixava a marcação em cima de Wanderson a cargo de Nino. Bom zagueiro, mas lento para exercer essa função. Não foi por acaso que o Internacional sempre levava perigo quando explorava os lados do campo.

Mano Menezes mandou o Internacional a campo num 4-1-4-1 bem organizado e que explorava bem os lados do campo. O Fluminense não se achou na marcação e sofreu com as investidas de Wanderson e De Pena pelo lado direito de defesa. Foto: Reprodução / Premiere / GE

A rigor, a primeira chance de gol do Fluminense surgiu apenas aos 36 minutos do primeiro tempo quando Cano obrigou Daniel a fazer boa defesa após cruzamento de Calegari. Muito pouco. Do outro lado, o Colorado Gaúcho ia se impondo na base da organização e da ocupação de espaços ainda que também não tenha criado chances claras de gol. A melhor delas aconteceu quando Rodrigo Moledo apareceu sozinho na pequena área e cabeceou pra fora. Estava mais do que claro que Mano Menezes vinha conseguindo potencializar o talento individual de alguns dos seus jogadores na base da simplicidade e da conversa. Mas a escolha do esquema pelo 4-1-4-1 também ajudou muito nesse processo. O Internacional sofreu pouco. Mas ainda faltava alguma coisa.

Foi depois do intervalo que Mano Menezes fez uma mudança tática no Internacional. Alemão entrou no lugar de Wesley Moraes e a equipe se reorganizou temporariamente num 4-2-3-1 com De Pena e Wanderson pelos lados, Maurício mais centralizado e Edenílson subindo para o ataque como “quarto meio-campista”. Por mais que essa variação tenha dado mais campo para o time do Fluminense, o Inter começou a preencher mais o campo ofensivo e chegou ao gol da vitória logo aos oito minutos do segundo tempo em bela escapada de Carlos De Pela pela esquerda logo depois de Nino ter dado um bote errado quando a bola estava com Wanderson. Alemão apenas aproveitou o espaço entre Luccas Claro e David Braz para escorar o cruzamento para as redes de Fábio.

Wanderson passa para De Pena na esquerda que tem espaço e tempo suficiente para fazer o cruzamento para a área. Alemão se projeta no espaço entre David Braz e Luccas Claro para fazer o único gol da partida deste sábado (23). Foto: Reprodução / Premiere / GE

O que se veria daí para o final da partida foi um Internacional seguro na defesa e um Fluminense completamente desorganizado demais até mesmo para fazer o famoso “abafa” com as entradas de Fred, Luiz Henrique, Matheus Martins e John Arias no insano 4-2-4 de Abel Braga. Do lado colorado, Mano Menezes aproveitou a vantagem no placar para dar minutos para David, Rodrigo Dourado e Boschilia. Com dois volantes mais marcadores do que criadores, o Internacional se fechou num 4-4-2/4-2-3-1 e administrou o resultado no Maracanã debaixo das vaias dirigidas para o time do Fluminense, a comissão técnica e a diretoria tricolor. A atuação colorada esteve muito longe de ser brilhante. Mas a aposta na simplicidade se mostrou a mais acertada diante de todo o cenário que se desenhava antes da partida deste sábado (23).

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A vantagem no placar permitiu que Mano Menezes fosse dando minutos para outros jogadores como Rodrigo Dourado e David. O Internacional se fechou num 4-4-2/4-2-3-1 e não permitiu que o Fluminense sequer chegasse perto da sua área. Foto: Reprodução / Premiere / GE

Ao contrário de Alexander “El Cacique” Medina, a aposta em Mano Menezes por parte da diretoria colorada segue uma linha muito mais segura e de “baixo risco”. Além de conhecer bem o futebol gaúcho e saber organizar sistemas defensivos, Mano teve a percepção (correta) do momento do Internacional. Era preciso apostar na simplicidade para recuperar a consistência e voltar a ter atuações coletivas sólidas e foi exatamente isso que Mano fez contra o Fluminense. A formação encaixou bem as características dos jogadores e fez com que as principais armas ofensivas do escrete comandado por Abel Braga tivessem pouco espaço para criar as jogadas de ataque e pouquíssimo tempo para pensar em como se livrar da forte marcação colorada. E os méritos são de todo o time do Internacional e da comissão técnica.

Por mais que estejamos falando apenas do primeiro jogo de Mano Menezes à frente do Internacional, foi possível sim perceber ideias e um modelo de jogo na equipe gaúcha. O elenco tem peças interessantíssimas e um grande potencial de crescimento a médio prazo. É verdade que a equipe como um todo ainda precisa de tempo para assimilar os conceitos e ganhar entrosamento. No entanto, diante do que eu e você vimos no Maracanã neste sábado (23), ficou bem claro que Mano e o Inter escolheram um bom caminho.

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