Home Futebol O empate emocionante entre Manchester City e Liverpool e a beleza incomparável do melhor jogo do ano até o momento

O empate emocionante entre Manchester City e Liverpool e a beleza incomparável do melhor jogo do ano até o momento

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Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as escolhas de Pep Guardiola e Jürgen Klopp na partida disputada neste domingo (10) pela Premier League

É impossível começar essa humilde análise sem exaltar a qualidade do futebol apresentado por Manchester City e Liverpool na tarde deste domingo (10). As duas equipes superaram as expectativas de todos nós e protagonizaram uma das partidas mais emocionantes de toda a temporada (pelo menos até o momento). O emocionante empate em 2 a 2 manteve os Citzens na liderança da Premier League com um ponto de diferença para os Reds (a sete rodadas do fim do campeonato). Além da briga pelo título, havia também o duelo tático intenso entre os gigantes Pep Guardiola e Jürgen Klopp, talvez os dois grandes nomes desse esporte chamado futebol nesses últimos anos por conta da filosofia de jogo e por conseguirem nos entregar o mais puro entretenimento. A beleza incomparável de um jogo de altíssimo nível é resultado do trabalho fenomenal destes dois grandes treinadores.

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As duas melhores equipes da Inglaterra também são as mais estudadas e mais celebradas por parte da imprensa especializada por conta dos títulos e de tudo aquilo que eu e você vemos dentro das quatro linhas. Essa era uma das razões pelas quais o jogo deste domingo (10) era encarado como uma “final” da Premier League por parte de Liverpool e Manchster City. Quem vencesse dependeria apenas de suas forças para levantar a taça no final da temporada e ganharia ainda mais confiança para encarar outros desafios ainda mais complicados. Vale lembrar que Citzens e Reds ainda podem se encontrar numa eventual decisão de Liga dos Campeões da UEFA. Já imaginaram uma final dessas?

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O jogo deste domingo (10) foi marcado pela briga por espaços, intensidade, movimentação constante, duelos táticos na beira do gramado (quase uma partida de xadrez com 22 peças em campo), muitos lances de emoção e uma verdadeira aula daquilo que podemos chamar de futebol de altíssima qualidade sem medo de errar. O Manchester City tinha Kevin de Bruyne, Bernardo Silva, Ederson, João Cancelo e Laporte. O Liverpool tinha Alisson, Van Dijk, Fabinho, Salah e Mané. Grandes jogadores comandados por grandes treinadores. Não é difícil entender por que o duelo entre os líderes da Premier League estava tão cercado de expectativas por todos os amantes do bom futebol.

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É preciso dizer que o Manchester City fez um primeiro tempo de manual. Pep Guardiola armou sua equipe num 4-2-3-1 com referência móvel no ataque. Sterling se movimentava e abria espaços para as chegadas de Kevin de Bruyne por dentro e ainda contava com Foden e Gabriel Jesus pelos lados. Mais atrás, Bernardo Silva jogava mais alinhado a Rodri, mas aparecia no terço final como mais uma opção de passe. Tudo para tirar a superioridade numérica da defesa do Liverpool e pisar na área com mais frequência. Os Citzens abriram o placar logo aos cinco minutos com De Bruyne (em chute que desviou em Matip). No entanto, Digo Jota empatou a partida aos doze minutos numa daquelas transições bem conhecidas do Liverpool. O Manchester City não diminuiu a pressão e marcou o segundo com Gabriel Jesus, a grande surpresa de Pep Guardiola na escalação inicial. O Liverpool simplesmente não conseguia jogar.

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Mas foi nesse momento que brilhou a estrela de Jürgen Klopp. Enquanto muita gente se perguntava o que o técnico alemão faria para recolocar sua equipe no jogo, ele conseguiu corrigir boa parte dos problemas na base da conversa e da observação dos erros cometidos na primeira etapa. Já se sabia que o Manchester City tirava a superioridade numérica da linha defensiva dos Liverpool com Kevin de Bruyne subindo até a entrada da área no espaço entrelinhas e explorando bem as subidas de Alexander-Arnold e Robertson ao ataque. Era necessário igualar os duelos, aproveitar um dos poucos cochilos do time de Pep Guardiola, vencer a pressão e fazer a bola chegar no terço final com qualidade.

Nesse ponto, o gol marcado por Mané logo no primeiro minuto do segundo tempo é uma aula de movimentação ofensiva. Salah recebe a bola pela direita e espera o momento certo para fazer o passe para o camisa 10 do Liverpool. Este aproveitava o balanço da defesa do Manchester City para a esquerda e ataca o espaço que se abre às costas de Walker. O passe de Salah encontra Mané na frente de Ederson e o senegalês finaliza com estilo. Mas vale destacar também a movimentação de Diogo Jota no lance. O atacante português arrasta a marcação de Stones e ajuda a bagunçar a defesa do Manchester City. A nova igualdade no placar era o retrato perfeito da qualidade do jogo.

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Mesmo assim, a impressão que ficava era a de que o time de Pep Guardiola levava mais vantagem para manipular os espaços às costas da última linha do Liverpool. O gol bem anulado de Sterling e as duas boas oportunidades desperdiçadas por Gabriel Jesus nasceram desses movimentos bem conhecidos do escrete de Manchester. Mas é preciso dizer que o Liverpool fez um segundo tempo muito melhor do que o primeiro. O escrete comandado por Jürgen Klopp conseguiu incomodar bastante quando posicionou Salah e Mané para bater de frente com os laterais Walker e João Cancelo. As substituições também surtiram efeito. Keita deu mais consistência ao meio-campo dos Reds e Luis Díaz foi importante nas transições para o ataque. Exatamente como Firmino. Mas o último grande lance de emoção saiu dos pés de Mahrez, que desperdiçou grande chance de marcar o terceiro depois de mais um passe milimétrico de Kevin de Bruyne.

Acabou que o empate foi mesmo o resultado mais justo por conta de tudo que vimos em campo e do intenso duelo tático protagonizado por Klopp e Guardiola na beira do gramado. Certo é que Manchester United e Liverpool nos mostraram que o futebol pode ser maravilhoso e belo num momento em que tanto se fala sobre os “velhos tempos” e sobre a “essência” do velho e rude esporte bretão jogado aqui no Brasil. Ainda há colegas de imprensa que insistem em fechar os olhos para toda uma evolução claríssima do jogo nos últimos anos para manter uma visão preconceituosa e arcaica. Não é por acaso que clubes como Manchester City e Liverpool sempre movem multidões quando entram em campo. Existe uma grande certeza de que o futebol que será apresentado em campo será de altíssima qualidade. E toda essa expectativa é justificada em pelo menos 95 por cento das vezes em que essas duas equipes se enfrentam. Sem exagero.

Este que escreve só gostaria de encerrar esta humilde análise afirmando que todos nós, amantes do velho e rude esporte bretão, precisamos agradecer aos céus todos os dias por termos o privilégio de viver na mesma época de Jürgen Klopp e Pep Guardiola. Não se trata apenas das vitórias obtidas e dos títulos conquistados, mas de toda uma filosofia que prima pela beleza do jogo colocado em prática. É algo incomparável e que também faz com que possamos viver um pouco dos tempos mais românticos do futebol. Klopp e Guardiola merecem a nossa reverência. Sempre.

Better Collective