Home Futebol Tite acomoda os talentos, vê Seleção Brasileira jogar bem e ganha excelentes opções para a Copa do Mundo

Tite acomoda os talentos, vê Seleção Brasileira jogar bem e ganha excelentes opções para a Copa do Mundo

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a atuação de Philippe Coutinho, Daniel Alves, Vinícius Júnior e companhia na goleada sobre o Paraguai

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a atuação de Philippe Coutinho, Daniel Alves, Vinícius Júnior e companhia na goleada sobre o Paraguai

Este que escreve entende perfeitamente que o Paraguai fez muito pouca coisa na partida desta terça-feira (1) e praticamente não conseguiu competir contra a Seleção Brasileira. Por outro lado, foi muito bom ver a equipe comandada por Tite nos brindando com uma ótima atuação coletiva no Mineirão e fazendo aquilo que se espera dela quando enfrenta adversários mais fracos. A goleada no Mineirão não representou apenas mais três pontos na tabela das Eliminatórias da Copa do Mundo. Foi a consolidação de um trabalho de seis anos e a certeza de que o treinador do escrete canarinho ganhou excelentes opções para pensar o time que vai disputar o próximo Mundial. Ao mesmo tempo, Philippe Coutinho e Daniel Alves (dois dos mais criticados assim que a lista de convocados foi divulgada) provaram que ainda entregam desempenho em altíssimo nível na Seleção Brasileira.

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O que pouca gente percebeu é que Tite conseguiu fazer sua equipe jogar de várias maneiras diferentes e praticamente acabar com a dependência do futebol de Neymar, ainda a maior estrela da companhia. É meio complicado exigir que a Seleção Brasileira repita as grandes atuações dos tempos de Pelé, Garrincha e Didi sem se dar conta de que tudo tem seu contexto específico. A importância de um trabalho a longo prazo é justamente essa. Encontrar soluções para as mais diferentes situações de jogo e acomodar os jogadores que vêm se destacando numa equipe coesa e consistente. Há quem diga que o Brasil joga um futebol pobre. Este que escreve, no entanto, garante que a equipe compete e compete demais.

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Eu e você já vimos uma série de formações diferentes na Seleção Brasileira. Relembrando a Copa do Mundo de 2018, Marcelo foi o lateral-esquerdo que dava profundidade ao ataque e Paulinho era o volante que infiltrava às costas da defesa adversária. Nesta terça-feira (1), vimos os comandados de Tite jogando numa espécie de 2-3-5/3-2-5 altamente ofensivo com Philippe Coutinho e Lucas Paquetá pisando na área, Matheus Cunha jogando como referência móvel e Raphinha e Vinícius Júnior abrindo o campo. Daniel Alves se transformou em mais um armador junto de Fabinho e Alex Telles fazia a “saída de três” junto dos zagueiros. Tudo para criar superioridade numérica e permitir que o talento resolvesse lá na frente.

Brasil vs Paraguai - Football tactics and formations

Tite mandou os talentos a campo e viu sua Seleção Brasileira engolir o Paraguai de Guillermo Barros Schelotto. A organização coletiva potencializou o talento individual.

O que se viu no Mineirão não foi uma equipe estática. Muito pelo contrário. Por conta das características dos jogadores que começaram a partida, o escrete canarinho teve muita fluidez nos seus movimentos e buscou ocupar os espaços na defesa do Paraguai a todo momento. Nesse cenário, Raphinha, Lucas Paquetá, Fabinho e (principalmente) Philippe Coutinho foram os melhores em campo no primeiro tempo. Até mesmo Vinícius Júnior parecia mais leve e menos nervoso saindo da esquerda para o meio e acionando os companheiros de equipe com bons passes e cruzamentos. Falta ainda a subida de patamar com a camisa da Seleção Brasileira. Ao mesmo tempo, Marquinhos assumiu o papel de zagueiro construtor em vários momentos da partida com ótimos lançamentos buscando os pontas do escrete canarinho. Aliás, as assistências para os gols de Raphinha e Philippe Coutinho merecem ser emolduradas.

Marquinhos se transformou em mais um armador de jogadas na Seleção Brasileira e brilhou com as assistências para Raphinha e Philippe Coutinho. A movimentação do 4-3-3 inicial da equipe de Tite facilitou bastante as coisas contra um Paraguai que não conseguiu competir. Foto: Reprodução / TV Globo / GE

Mas também precisamos falar de Philippe Coutinho. A atuação do camisa 11 na partida fez com que o torcedor brasileiro lembrasse de algumas das suas grandes apresentações na Seleção Brasileira. E por mais que ele ainda esteja buscando a melhor forma física e ainda esteja cercado de desconfiança, o “Little Couto” foi muito bem no período em que esteve em campo e foi o principal distribuidor de passes da equipe. Este que escreve faz questão de lembrar que, se recuperar a melhor forma física e o futebol de anos passados, Philippe Coutinho tem plenas condições de assumir uma vaga no time titular COM FACILIDADE. Não se trata apenas do belo gol marcado na partida. É o conjunto da obra.

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Tite conhece como poucos o futebol do camisa 11 e tratou de posicioná-lo no setor que permitisse que ele conseguisse partir para o gol adversário com relativo espaço para distribuir passes para o trio ofensivo ou para um Lucas Paquetá cada vez mais adaptado à Seleção Brasileira. Enquanto os pontas abriam o campo e a defesa do Paraguai, Philippe Coutinho ganhava tempo para acionar os companheiros de equipe que atacavam as costas da última linha do escrete de Guillermo Barros Schelotto. É óbvio que o adversário desta terça-feira (1) não serve muito como parâmetro. Mas ver Philippe Coutinho recuperando a alegria de jogar é algo que enche sim o coração do torcedor brasileiro de esperança.

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Philippe Coutinho foi a principal “cabeça pensante” da Seleção Brasileira e foi fundamental na distribuição de passes e lançamentos no meio-campo. O camisa 11 jogou um pouco mais recuado e com espaço para acionar os demais companheiros de equipe e ainda fazer um belo gol. Foto: Reprodução / TV Globo / GE

E ainda temos Daniel Alves. O camisa 13 foi muito mais um meio-campista do que um lateral na goleada sobre o Paraguai e fez de tudo um pouco. Fechou a linha defensiva, apareceu por dentro para qualificar a saída de bola junto com Fabinho e ainda apareceu no terço final para ser mais uma opção de passe. Ofensivamente, Dani Alves entregou tudo que se espera dele. O único “senão” está num ponto crucial do modelo de jogo de Tite: a defesa. Por mais que o escrete de Guillermo Barros Schelotto tenha feito uma péssima partida e entregado um desempenho muito fraco, o camisa 13 da Seleção Brasileira sofreu um pouco na marcação e acabou perdendo quase todos os duelos para o atacante Samudio. A atuação sólida de Fabinho, Marquinhos e Thiago Silva acabou escondendo um pouco esse “calcanhar de Aquiles” de Daniel Alves. Mas ainda é um baita jogador e agrega muito ao escrete canarinho.

Daniel Alves foi muito mais um armador do que propriamente um lateral-direito na goleada sobre o Paraguai. Ao mesmo tempo em que entregou um ótimo desempenho ofensivo, o camisa 13 da Seleção Brasileira ainda deixa dúvidas com relação ao sistema defensivo da equipe. Foto: Reprodução / TV Globo / GE

O que não falta hoje são alternativas para Tite pensar a Seleção Brasileira e montar uma equipe que seja sim competitiva e que jogue em alto nível. Por mais que o Paraguai e os demais adversários da América do Sul não sirvam de parâmetro para testes mais fortes, fica a certeza de que o escrete canarinho tem condições de chegar muito longe na Copa do Mundo. Talvez até brigar pelo título. Pensando num time titular, este que escreve acaha muito difícil que Tite abra mão de um meio-campo que tenha Casemiro e Fred. Ainda mais pensando em confrontos contra França, Inglaterra ou Alemanha. Mas também é fáicl imaginar Neymar entrando no lugar de Vinícius Júnior num quarteto ofenisvo que tenha Lucas Paquetá e Raphinha pelos lados e Matheus Cunha no comando de ataque. Ou até mesmo na mesma formação que goleou o Paraguai dependendo do adversário que vier pela frente. Opções não faltam.

O que falta de nossa parte talvez seja um pouco mais de compreensão e paciência. De nada adianta cornetar a equipe e esquecer que França foi eliminada pela Suíça na Eurocopa e que Itália e Portugal vão ter que jogar a repescagem para se garantir na Copa do Mundo. O discurso não pode ser tão conveniente assim. E por mais que discordemos de algumas das escolhas de Tite (e isso é completamente natural e saudável), precisamos reconhecer que a Seleção Brasileira joga um futebol de altíssimo nível.

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