Home Futebol Atuação no jogo maluco contra o Equador mostra que Fred vem se tornando cada vez mais importante na Seleção Brasileira

Atuação no jogo maluco contra o Equador mostra que Fred vem se tornando cada vez mais importante na Seleção Brasileira

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a apresentação impecável do camisa 8 e as escolhas de Tite no jogo desta quinta-feira (27)

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a apresentação impecável do camisa 8 e as escolhas de Tite no jogo desta quinta-feira (27)

Este que escreve entende que é meio complicado analisar mais profundamente o empate da Seleção Brasileira com o Equador por conta da arbitragem desastrosa do colombiano Wilmar Roldán e pela tola expulsão de Emerson Royal. Por outro lado, as adversidades também revelam e comprovam a importância de certos jogadores dentro do escrete comandado por Tite. E diante de todo o contexto da partida desta quinta-feira (27), é muito difícil não exaltar a importância do volante Fred em todos os sentidos. Mesmo cercado de desconfiança, o camisa 8 do Brasil mostrou mais uma vez por que vem sendo presença constante nas convocações da Seleção Brasileira e vem se mantendo como titular no Manchester United. Fred foi um verdadeiro operário durante os noventa e poucos minutos de jogo: marcou, armou o jogo, pisou na área, distribuiu passes e ainda orientou a defesa. O homem fez de tudo.

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É verdade que as expulsões, o clima mais tenso do jogo, a altitude de Quito e a atuação tenebrosa de Wilmar Roldán (que tem muito mais “grife” do que qualidade) influenciaram diretamente no andamento do jogo e nas escolhas de Tite e Gustavo Alfaro. Sem Neymar, o treinador da Seleção Brasileira apostou num 4-2-3-1/4-1-4-1 de postura mais reativa e com pontas com os “pés invertidos” pelos lados do campo. Philippe Coutinho tentava encontrar espaços entre as linhas do 4-3-3 do escrete do Equador e até conseguia levar certa vantagem sobre Alan Franco e Carlos Gruezo naquele pedaço do campo. Ao mesmo tempo, Raphinha abria o corredor para Emerson Royal e Vinícius Júnior procurava Matheus Cunha no ataque.

Fred atuava mais pelo lado direito do meio-campo brasileiro. Jogando um pouco mais à frente de Casemiro, o camisa 8 esteve um pouco nervoso no começo da partida em Casa Blanca, mas foi se achando aos poucos e encontrando espaços generosos para distribuir passes e ditar o ritmo do jogo enquanto o trio ofensivo empurrava a zaga equatoriana para trás. É bem possível que a altitude tenha falado mais alto e influenciado (um pouco) a atuação coletiva da Seleção Brasileira. Isso explicaria as linhas mais baixas e o ritmo mais lento por parte do escrete canarinho. Mesmo assim, Fred foi participativo e entregou muito em matéria de desempenho, qualidade e regularidade com e sem a posse da bola.

Fred foi o grande nome da Seleção Brasileira no empate contra o Equador. O camisa 8 marcou, distribuiu ótimos passes para Vinícus Júnior e Raphinha, organizou o meio-campo, pisou na área, apareceu na entrelinha e fez de tudo um pouco no 4-2-3-1/4-1-4-1 de Tite. Foto: Reprodução / TV Globo / GE

As expulsões (justas) do goleiro Alexander Domínguez e do lateral Emerson Royal obrigaram Tite e Gustavo Alfaro a mexer na estrutura das suas equipes. Hernán Galíndez entrou no lugar de Alan Franco e Daniel Alves substituiu Philippe Coutinho. A amiga Lorenza Neves (do EXCELENTE Planeta Canarinho) lembrou que é impossível falar qualquer coisa sobre o camisa 11. Quase não houve tempo suficiente para que o meio-campista do Aston Villa pudesse provar que está recuperando a forma. Era possível pensar na saída de Matheus Cunha e na manutenção de Philippe Coutinho como uma espécie de “falso nove”, mas há como se compreender a escolha de Tite com relação ao comando de ataque. Por outro lado, foi a partir do momento em que as duas seleções ficaram com dez em campo que Fred chamou a responsabilidade pra si e tomou conta do jogo. A importância do volante do Manchester United só aumenta na Seleção Brasileira.

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A entrada de Daniel Alves pode ter enfraquecido um pouco o sistema defensivo dos comandados de Tite (e este que escreve ainda não conseguiu entender como o Equador de Gustavo Alfaro explorou pouco o lado esquerdo de ataque sabendo da presença do veterano ali no setor. No entanto, o camisa 13 virou praticamente um lateral-armador quando a Seleção Brasileira tinha a posse da bola e foi importante para organizar e cadenciar o jogo nos momentos mais críticos. Nesse ponto, a experiência do jogador do Barcelona foi importantíssima num dos momentos mais críticos de toda a partida. Ainda mais sabendo que Wilmar Roldán fazia de tudo para estragar a partida. Ainda bem que existe o VAR, não é mesmo?

Com isso, Fred foi se soltando mais e aparecendo mais vezes no ataque (quase como um camisa dez de fato e de direito) já que Daniel Alves sempre buscava o meio para armar o jogo quando a Seleção Brasileira tinha a posse da bola. O camisa 8 se movimentava para abrir espaços na última linha de defesa equatoriana, dar opção de passe e ainda arrastar a marcação adversária. Tudo para que Raphinha e Vinícius Júnior pudessem avançar ao ataque com relativa liberdade. Por mais que o gol de Casemiro (marcado logo aos cinco minutos de partida) tenha dado uma margem de segurança para a Seleção Brasileira, era Fred quem desafogava o jogo e organizava tudo ali no meio-campo do escrete comandado por Tite.

Com Daniel Alves em campo, Fred passou a se soltar mais no jogo e assumiu a responsabilidade da organização das jogadas. Era bastante comum ver o camisa 8 do escrete canarinho atacando espaços, dando opção de passe e ainda arriscando algumas subidas ao ataque. Foto: Reprodução / TV Globo / GE

É óbvio que o cansaço dos jogadores e a influência clara da altitude de Quito ia acabar falando mais alto no segundo tempo. Ainda mais sabendo que a Seleção Brasileira tinha que cobrir um espaço maior do campo por conta da expulsão de Emerson Royal. E por mais que Equador fosse o mais favorecido por conta desse cenário, o escrete canarinho não abdicou do ataque e ainda criou boas chances no segundo tempo com Casemiro, Gabigol e Gabriel Jesus. Faltou aprimoramento na conclusão das jogadas e também um pouco de fôlego. Fred, no entanto, manteve o nível da sua atuação e mostrou muita mobilidade para fechar a entrada da área no 4-4-1 proposto por Tite. Aliás, é possível dizer que o técnico da Seleção Brasileira encontrou o “ritmista” que tanto procurou na Copa do Mundo de 2018 após a lesão de Renato Augusto. Difícil não colocar o camisa 8 brasileiro como o melhor em campo. Disparado.

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Fred também foi importante no balanço defensivo e foi importante para fechar o 4-4-1 proposto por Tite no segundo tempo. O Equador tentou ocupar a área brasileira, mas o escrete canarinho conseguiu conter o ímpeto do seu adversário apesar da atuação mais abaixo. Foto: Reprodução / TV Globo / GE

É verdade que não há muito mais para se analisar da partida por conta da atuação ridícula do tenebroso Wilmar Roldán e por conta das expulsões. Aliás, precisamos aqui exaltar a atuação do VAR nas decisões do árbitro colombiano. Alisson teve a expulsão anulada duas vezes dentro do mesmo jogo. Confesso que nunca vi isso em nenhum lugar. Ao mesmo tempo, a tecnologia foi importante para corrigir a marcação de duas penalidades contra a Seleção Brasileira que não existiram. Difícil não concluir que, por mais que Brasil e Equador não tenham feito um bom jogo, a atuação das duas equipes foi diretamente influenciada pelas lambanças de Wilmar Roldán. Muita grife e muita pose para tão pouco acerto nas marcações. E ele não é o único. Algumas arbitragens dessas Eliminatórias Sul-Americanas beiram o inacreditável. Ainda mais quando falamos de uma competição que já é parte da Copa do Mundo.

Seja como for, é bom que todos entendam de uma vez a importância que Fred tem na Seleção Brasileira. Ele não é um Kroos, um Pogba, um Falcão ou um Gerson. Está longe de ser um extraclasse, é verdade. Mas entrega aquilo que promete. Ele desarmou, ajudou na saída de bola, encontrou boas soluções para sair da pressão e esteve sempre bem posicionado. Não é de hoje que o camisa 8 vem sobrando entre os jogadores da sua posição. É por isso que ele merece muito mais crédito e reconhecimento.

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