Home Futebol Independente do resultado (e da arbitragem), Flamengo não fez um bom jogo contra o Bahia

Independente do resultado (e da arbitragem), Flamengo não fez um bom jogo contra o Bahia

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira explica como as polêmicas da partida influenciaram as escolhas de Renato Gaúcho e Guto Ferreira

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira explica como as polêmicas da partida influenciaram as escolhas de Renato Gaúcho e Guto Ferreira

A arbitragem de Vinícius Gonçalves Dias Araújo é assunto que merece destaque num outro momento desta humilde análise. Mas é preciso deixar claro que as decisões do “homem do apito” tiveram sim influência direta na vitória do Flamengo sobre o Bahia. Ao mesmo tempo, os 3 a 0 desta quinta-feira (11) não escondem mais uma atuação bem abaixo da média e o jogo coletivo bem pobre do escrete comandado por Renato Gaúcho. Na prática, o que tem se visto é uma equipe que ainda depende demais do talento individual dos seus jogadores e que não faz a mínima questão de controlar as ações do jogo. Tudo é feito num modo meio “aleatório”, sem uma organização muito definida e que sofreu um pouco para furar o bloqueio defensivo da equipe de Guto Ferreira antes da expulsão de Matheus Bahia no final da primeira etapa. Se houve algum destaque, este ficou muito mais na esfera individual, onde Vitinho, Michael, Gabigol, David Luiz e Thiago Maia se destacaram. Coletivamente, no entanto, o Flamengo segue muito pobre.

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As dificuldades do escrete de Renato Gaúcho estavam em pontos já bastante debatidos aqui no TORCEDORES.COM em outras oportunidades. O time ocupava muito mal os espaços, mostrava muitas dificuldades para acertar a transição defensiva e exercia uma péssima pressão pós-perda no seu adversário. Além disso tudo, o Flamengo não tinha organização suficiente e nem coordenação nos movimentos ofensivos suficiente para tentar bagunçar defesa adversária e tentar abrir espaços na última linha do Bahia. Guto Ferreira tinha plena ciência dos problemas do seu forte adversário e tratou de montar sua equipe com Danielzinho e Juninho Capixaba protegendo os lados do campo e com Raí Nascimento mais solto (e mais próximo de Gilberto) com o claro objetivo de acelerar nos contra-ataques assim que o escrete soteropolitano recuperasse a posse da bola. Na prática, o Flamengo até conseguia entrar na área adversária, mas apenas através de cruzamentos da intermediária feitos por Rodinei e Ramon. Muito pouco.

Enquanto o Bahia de Guto Ferreira se organizava bem na defesa e bloqueava bem os espaços na frente da área, o Flamengo sofria com a falta de organização ofensiva e apelava para os cruzamentos na área. Na prática, o time de Renato Gaúcho apresentou os mesmos problemas de outras partidas. Foto: Reprodução / Premiere / GE

Com Diego Ribas fora de sintonia (e totalmente fora de si, como veríamos mais adiante), Andreas Pereira brigando contra os zagueiros do Bahia e Gabigol recuando muito para buscar o jogo, o Flamengo não conseguia ter a profundidade e a amplitude necessárias para furar o eficiente bloqueio defensivo do Bahia. Isso até os 26 minutos do primeiro tempo, quando Vinícius Gonçalves Dias Araújo viu toque de braço (???) de Conti dentro da área. O VAR ainda tentou corrigir, mas o árbitro manteve sua decisão e Gabigol abriu o placar cinco minutos depois. Não há como deixar de pensar que na eterna “lei da compensação” que se fez presente mais uma vez nesta quinta-feira (11) depois dos protestos (justos) dos rubro-negros diante dos erros bisonhos da arbitragem nos jogos contra Cuiabá, Atlhletico Paranaense e Chapecoense. Difícil não ver a clara influência do erro da arbitragem no placar do jogo e nas escolhas táticas feitas pelos dois treinadores depois disso. Voltaremos a esse tema mais tarde.

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A expulsão de Matheus Bahia (essa sim acertada) fez com que Guto Ferreira reorganizasse sua equipe numa espécie de 4-4-1/4-3-2 com Gilberto mais à frente e Raí Nascimento mais pela direita. No entanto, quando se pensava que o Flamengo finalmente deslancharia por ter mais espaço e superioridade numérica, os velhos problemas da equipe apareceram novamente. E com muito mais força. Isso porque as dificuldades para explorar os espaços que seu adversário deixava eram significativas. Tudo seguia sendo feito de maneira meio aleatória, sem um planejamento definido (pelo menos aparentemente) e sem a tão necessária pressão pós-perda que evitava os contra-ataques. De bom mesmo, apenas a movimentação de Gabigol por todo o campo ofensivo (ainda que deixasse o Fla sem profundidade contra a bem postada defesa do Bahia), a jogada de desafogo com Michael pela esquerda e o bom entendimento de Vitinho e Rodinei pelo lado direito. O camisa 20, aliás, cumpriu bem seu papel e foi importante no ataque.

Michael já havia feito o segundo aos 12 minutos do segundo tempo, mas o panorama seguia o mesmo. Talvez o ponto que melhor resuma o desempenho do Flamengo tenha sido os problemas para explorar as vantagens que ganhou quando o Bahia ficou com apenas oito jogadores de linha em campo (após as expulsões de Rossi e Diego). O espaço que surgiu nos lados do campo foi muito pouco explorado por Renato Gaúcho que parecia estar muito mais interessado em administrar a vantagem (ainda que não fizesse questão nenhuma de controlar o jogo e cadenciar mais as jogadas) do que em aumentar o placar no Maracanã. Aos poucos, o Fla foi se ajeitando em campo e o Bahia foi sentindo o desgaste físico para fechar os espaços na frente da sua área. Aos 43 minutos, Andreas Pereira aproveitou a marcação mais frouxa na intermediária para carregar a bola até a entrada da área para fazer o terceiro. Era a pá de cal definitiva em cima de um Bahia que tentou competir, mas que sofreu muito com dois jogadores a menos.

Com dois jogadores a menos, o Bahia encontrou muitas dificuldades para fechar os espaços no seu campo de defesa. O Flamengo, apesar de apresentar os mesmos problemas coletivos da primeira etapa, conseguiu se impor a partir do momento em que o escrete comandado por Guto Ferreira cansou e afrouxou a marcação. Foto: Reprodução / Premiere / GE

Por mais que a superioridade técnica do Flamengo tenha sido bem clara na partida desta quinta-feira (11), é preciso reconhecer que a arbitragem de Vinícius Gonçalves Dias Araújo influenciou sim no andamento do jogo e no resultado final. No entanto, como falado anteriormente, a impressão que fica é a de que tudo isso parece uma “resposta” às reclamações dos dirigentes rubro-negros depois dos erros sistemáticos dos “homens do apito” nas últimas rodadas. Também fica difícil entender a reclamação do Bahia. Aqueles que querem rebaixar o Tricolor de Aço são os mesmos que queriam dar o título para o Atlético-MG na última rodada e que favoreceram o São Paulo numa outra oportunidade. A grande verdade, meus amigos, é que a arbitragem brasileira é uma grande porcaria. E o grande problema é que o prejudicado que reclama hoje será beneficiado amanhã e não vai se pronunciar sobre o assunto. E isso vale para jogadores (principalmente os chegados numa cera), treinadores e dirigentes. É quase uma epidemia.

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Fora isso, a nossa cultura simplesmente não ajuda em nada. Os erros dos “homens do apito” servem de cortina de fumaça pra muita coisa. Assim como serviram para Renato Gaúcho esconder os problemas coletivos crônicos do seu Flamengo contra a Chapecoense. Os 3 a 0 em cima do Bahia devem servir de lição. Por mais que a equipe rubro-negra tenha entrado em campo com uma formação bem diferente daquela que o torcedor está acostumado, ficou bem evidente que o time segue altamente dependente do talento individual. E não há resultado e polêmica que consiga esconder isso.

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