Home Futebol Conheça o Guangzhou Evergrande, o “Chelsea Asiático”, e entenda sua relação com a crise mundial na bolsa de valores

Conheça o Guangzhou Evergrande, o “Chelsea Asiático”, e entenda sua relação com a crise mundial na bolsa de valores

Hoje apenas Guangzhou FC, time já foi treinado por Felipão, é a “base brasileira” da seleção chinesa e tem dono que é pivô de uma crise no mercado financeiro global

Lucas Ayres
Jornalista no Torcedores.com desde 2021, sou editor responsável pela coordenação de toda a produção audiovisual do site desde 2022, além de produzir matérias especiais, entre entrevistas, coberturas de eventos e artigos analíticos. Completamente apaixonado por esportes, mas em especial por futebol, seja pela sua parte técnica e tática, seja pela sua parte humana, social e sociológica, trabalho na área do jornalismo de esportes desde que me formei, pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Passei pela Revista PLACAR, pela Premier League Brasil, pela Esportelândia e pela produção do programa "Esporte Record News", da Record News. No futebol, me especializo na cobertura dos seguintes campeonatos: Brasileirão Série A; Copa do Brasil; Copa Libertadores; Champions League; Premier League; La Liga; Campeonato Paulista. Também cubro basquete, em especial a NBA. Você pode conferir alguns dos meus melhores trabalhos aqui [https://lucasrayres.contently.com] e também um pouco do meu trabalho no audiovisual aqui [tiktok.com/@torcedorescom] e aqui [youtube.com/c/TVTorcedoresOficial/videos].

Hoje apenas Guangzhou FC, time já foi treinado por Felipão, é a “base brasileira” da seleção chinesa e tem dono que é pivô de uma crise no mercado financeiro global

Desde que foi deflagrada, em março uma crise financeira e estrutural no seu campeonato — que ocasionou na falência de clubes e a debandada de talentos —, o futebol chinês tem aparecido cada vez menos nos noticiários, com exceção pela saída de jogadores do interesse do mercado brasileiro, como Paulinho, Renato Augusto, Roger Guedes e Anderson Talisca.

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Recentemente, porém, um de seus principais times ganhou a atenção não só do mundo da bola, mas do mercado financeiro: o Guangzhou FC. Antes Guangzhou Evergrande, o clube, oito vezes campeão chinês e duas vezes vencedor da Liga dos Campeões Asiática, tem um dono que pode ser o pivô de uma grande crise global da bolsa de valores.

O proprietário em questão é o Evergrande Real Estate Group, megaconglomerado da construção civil que forma a segunda maior empresa de todo o mercado chinês. Ele comprou a equipe em 2010 e, em 2021, chegou a uma dívida superior à US$ 300 bilhões (não relacionadas ao clube, claro) e criou um temor de “calote” que fez ações despencarem e diversas estruturas e mecanismos financeiros internacionais temerem um rombo irrecuperável.

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Ao mesmo tempo, investe pesado no clube, com a construção de um estádio orçado em mais de US$ 1 bilhão, uma obra que celebraria o sucesso de um projeto de mais de uma década, mas que pode significar o fim de um dos ciclos mais vitoriosos da história do futebol asiático.

Uma década de investimentos do “Chelsea Asiático”

Fundado em 1996 como Guangzhou Football Club, o clube passou a se chamar Guangzhou Evergrande em 2010, justamente quando foi comprado pelo Evergrande Real Estate Group. Na época, assim como boa parte de sua história prévia à compra, figurava na segunda divisão do campeonato chinês.

A partir dos investimentos da Evergrande, porém, o time deslanchou, seja em campo, seja nas contratações. Promovido à elite já em 2011, passou a ter uma postura agressiva no mercado da bola, tanto para jogadores quanto para treinadores.

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No banco de reservas, trouxe Marcelo Lippi, campeão do mundo com a Itália em 2006, depois Luiz Felipe Scolari, o Felipão, e atualmente tem o ex-melhor do mundo Fabio Cannavaro como comandante. Entre os reforços dentro de campo, contratou, entre outros, o argentino Darío Conca, o colombiano Jackson Martínez e os brasileiros Anderson Talisca e Paulinho.

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Os três últimos, aliás, são as maiores contratações da história do Guangzhou. Somados seus valores de transferência, custaram aos cofres da Evergrande mais de € 100 milhões — o valor sobe para mais de € 125 milhões se consideradas todas as operações envolvendo Talisca e Paulinho (que foi contratado três vezes).

Os investimentos fizeram o clube ganhar, lá no começo da década de 2010, o apelido de “Chelesa Asiático”, muito pela enormidade das cifras, gastas sem muita cerimônia. O sucesso do projeto, no entanto, esteve mais para “PSG Asiático”.

O Guangzhou Evergrande, afinal, dominou o futebol nacional, e ainda foi além que seu “par” francês, exercendo seu domínio sobre o continente também. Venceu, desde 2010, oito títulos da Super Liga Chinesa, dois da Liga dos Campeões Asiática e outras seis taças envolvendo os torneios locais

Guangzhou Evergrande é a “base brasileira” da seleção chinesa

Se antes foi Chelsea e PSG, o Guangzhou — que voltou a ter o nome simples por determinação da Liga Chinesa, que baniu os nomes dos investidores —, hoje, está mais para Bayern de Munique. Isso porque segue dominante, mas um pouco menos estrelada e, ainda assim, a grande base da seleção chinesa.

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Na última convocação da equipe do técnico Tie Li, oito vieram da equipe da Evergrande. Curiosamente, quatro deles são naturalizados; desses, três são brasileiros. Melhor ainda, são conhecidos dos torcedores daqui: Alan, ex-Fluminense, Elkeson, ex-Botafogo, e Aloísio, o “Boi Bandido”, ex-São Paulo.

Naturalizados chineses, os três se juntam a Ricardo Goulart, ex-Cruzeiro e Palmeiras, e Fernandinho, ponta que foi formado pelo Flamengo mas não teve carreira no Brasil, no grupo dos atletas do Guangzhou nascidos em terras brasileiras. Estes dois últimos, aliás, também têm a dupla nacionalidade chinesa. Há poucos meses, eles foram desfalcados de Anderson Talisca, que foi para o Al-Nassr, da Arábia Saudita.

Entre uma década de investimentos, muitos títulos e uma boa dose de talento brasileiro, Guangzhou FC, do  Evergrande enfrenta um dos momentos mais decisivos da sua história. Será que sobrevive à crise da sua proprietária?

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