Home Futebol Expulsão de Isla e mudanças no contexto da partida explicam goleada do Flamengo sobre o Grêmio

Expulsão de Isla e mudanças no contexto da partida explicam goleada do Flamengo sobre o Grêmio

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as escolhas de Renato Gaúcho e Luiz Felipe Scolari e explica como o Fla construiu a vitória em Porto Alegre

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as escolhas de Renato Gaúcho e Luiz Felipe Scolari e explica como o Fla construiu a vitória em Porto Alegre

Quem acompanha a coluna aqui no TORCEDORES.COM já deve estar cansado de ver este que escreve lembrar que futebol nada mais é do que contexto. No caso do confronto entre Flamengo e Grêmio (jogo de ida das quartas de final da Copa d Brasil), ele ajuda a explicar o que aconteceu em Porto Alegre nesta quarta-feira (25). A expulsão de Isla (no final do primeiro tempo) condicionou todo o jogo a partir daquele momento e acabou sendo muito mais benéfica do que prejudicial para os comandados de Renato Gaúcho. Vale destacar também que as substituições promovidas pelo treinador rubro-negro foram fundamentais para desmontar o esquema montado por Luiz Felipe Scolari. Mas nada explica melhor esse resultado (até certo ponto) surpreendente do que todas as mudanças no contexto de uma partida cheia de emoções, alternativas táticas e boas doses de emoção com as boas atuações dos “renegados” do Flamengo.

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É preciso dizer que o Grêmio dominou amplamente as ações no primeiro tempo. Luiz Felipe Scolari apostou no seu 4-2-3-1 e na mesma estratégia das últimas partidas: marcação por encaixes, forte pressão no portador da bola, ligações diretas e muitas jogadas com um pivô. Tudo feito com muita intensidade e concentração para bloquear as linhas de passe de um Flamengo extremamente confuso e sem muita agressividade no ataque. Mas o grande problema estava na péssima recomposição feita pelo escrete de Renato Gaúcho e na execução ruim do plano de jogo. A sensação deste que escreve era a de que as coisas eram feitas numa espécie de “modo aleatório” sem organização e sem intensidade. Gustavo Henrique e Bruno Viana sofriam para conter os avanços de Borja, Alisson e Douglas Costa (depois Ferreirinha) e atacavam pouco mesmo tendo um pouco mais de volume no final dos primeiros 45 minutos.

A boa marcação do Grêmio e a estratégia de Luiz Felipe Scolari exploraram muito bem os problemas defensivos do Flamengo. O escrete comandado por Renato Gaúcho sofreu para se achar na defesa e encontrar alternativas num primeiro tempo de domínio do Tricolor Gaúcho. Foto: Reprodução / TV Globo / GE

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A expulsão de Isla no final do primeiro tempo deu a impressão de que o Grêmio poderia sair vitorioso da sua Arena sem muitos problemas. No entanto, foi nesse momento que o “dedo” de Renato Gaúcho fez diferença. Muitos não gostam dos eu estilo e da maneira de pensar o futebol (o que é legítimo), mas precisamos admitir que ele foi cirúrgico nas substituições. E corajoso também. As entradas de Thiago Maia e Matheuzinho nos lugares de Arrascaeta e Diego não agradaram os torcedores num primeiro momento, mas se mostraram extremamente eficazes dentro desse novo contexto. Com dez em campo, o Flamengo se fechou num 4-4-1, bloqueou a entrada da área e escancarou as dificuldades do Grêmio na criação de espaços e nos momentos em que precisava propor o jogo. Ao mesmo tempo, o gol de Bruno Viana fez com o time de Luiz Felipe Scolari se desmanchasse. E aí temos a criação de um novo contexto.

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O Grêmio simplesmente perdeu toda a consistência que tinha quando foi vazado pela primeira vez. Alias, o desafio do Tricolor Gaúcho era outro com um a mais: criar espaços. Já o Flamengo bloqueava as investidas dos jogadores gremistas, marcava muito forte no meio-campo e na sua intermediária par roubar a bola e acelerar em alta velocidade. O meio-campo prendia a bola e fazia o jogo acontecer com muita dinâmica nos movimentos ofensivos e contra-ataques letais. Nesse ponto, Everton Ribeiro foi fundamental para prender a bola e distribuir passes para desestruturar a marcação adversária. Mas tudo começava no 4-4-1 de Renato Gaúcho com os pontas se somando aos laterais e com uma facilidade incrível para pisar na área adversária mesmo jogando com um a menos. O Flamengo assumiu o controle do jogo no segundo tempo, manteve a concentração e foi muito feliz nas conclusões a gol.

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Com a expulsão de Isla no final do primeiro tempo, o Flamengo se reorganizou num 4-4-1 bem fechado na frente da área de Diego Alves e baixou o bloco de marcação até a linha da grande área. As dificuldades que o Grêmio tinha para encontrar espaços na intermediária eram muito grandes. Foto: Reprodução / TV Globo / GE

Os “renegados” também foram encontrando sua “redenção” nesse contexto favorável. Michael foi fundamental no desafogo da defesa. Thiago Maia entrou bem no meio-campo e ajudou a dar mais concistência ao setor. Matheuzinho não de intimidou com Rafinha pelo seu lado. E Vitinho foi o mais decisivo da partida com duas assistências e um gol marcado no final da partida na Arena do Grêmio. Difícil também não notar a coragem de Renato Gaúcho ao sacar Arrascaeta e Diego e apostar num time mais pragmático do que o torcedor do Flamengo está acostumado. As mudanças no contexto da partida ajudam a explicar muito bem o que se passou em Porto Alegre. Assim como explica as alterações na estratégia inicial por parte de Renato Gaúcho. Até mesmo Rodinei fez boa partida e ainda deixou o seu golzinho. Ótima atuação coletiva do Flamengo na segunda etapa e belas jogadas nos contra-ataques.

Impossível não perceber que Renato Gaúcho usou as circunstâncias da partida para mudar o Flamengo para melhor após o intervalo. É o time que não tem o menor pudor em fazer ligações diretas e rifar a bola para frente quando é necessário. Ou quando o contexto pede essa postura. Por outro lado, essas mudanças no cenário ao longo de cada partida ajudam a explicar a fase irregular do escrete de Renato Gaúcho. A sensação é de que o todo escrete rubro-negro está sempre atuando no limite do cansaço e que os jogadores estavam sempre um passo atrás do Grêmio de Luiz Felipe Scolari (logo antes do intervalo). Ao mesmo tempo, também é difícil não perceber também que o Flamengo está se transformando no time do contra-ataque e da “trocação”. Não há muito controle do jogo. Há disposição, marcações por encaixe, movimentação e uma mudança bem clara no modelo de jogo da equipe da Gávea.

Mesmo assim, os problemas da primeira etapa preocupam bastante. Principalmente contra equipes mais fortes e qualificada. Há problemas crônicos na recomposição defensiva e uma certa desorganização na hora de atacar o adversário. Mas não faltou coragem para Renato Gaúcho fazer as substituições que eram necessárias para devolver a consistência da sua equipe. O treinador rubro-negro vem surpreendendo muita gente nesses primeiros jogos.

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