Home Futebol Entrosamento entre Lucas Paquetá e Neymar chancela classificação da Seleção Brasileira para a final da Copa América

Entrosamento entre Lucas Paquetá e Neymar chancela classificação da Seleção Brasileira para a final da Copa América

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a atuação dos comandados de Tite na vitória sobre o Peru no Estádio Nilton Santos

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a atuação dos comandados de Tite na vitória sobre o Peru no Estádio Nilton Santos

Por mais que uma certa dureza acadêmica ainda tome conta dos debates, todo estudo sobre tática e suas aplicações devem levar em contas as relações humanas. Não se trata apenas de números, de setinhas ou de mapas de calor. Se trata da sua relação com o outro dentro de campo. De algo intangível e tão presente ao mesmo tempo. O entrosamento entre Lucas Paquetá e Neymar na vitória da Seleção Brasileira sobre o Peru nesta segunda-feira (5), no Estádio Nilton Santos, é um exemplo muito bom de tudo isso. Não somente pelos lances de efeito e pela boa desenvoltura dos dois, mas como essa relação entre dois companheiros de equipe com e sem a bola ajudou a chancelar a classificação dos comandados de Tite para a decisão da Copa América. Ainda que o desempenho do escrete canarinho tenha caído no segundo tempo, Lucas Paquetá e Neymar deram o tom da partida e de mais uma vitória brasileira na competição.

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Sem poder contar com Gabriel Jesus (suspenso), Tite apostou na entrada de Everton Cebolinha no ataque e na manutenção de Lucas Paquetá no meio-campo da sua equipe com Neymar e Richarlison se revezando entre o lado esquerdo e o comando de ataque. Em números, quase um 4-2-3-1 com muito volume de jogo e que não deixou os comandado de Ricardo Gareca respirarem. Foram pelo menos seis grandes chances antes da Seleção Brasileira abrir o placar aos 34 minutos em belíssima jogada individual de Neymar e conclusão precisa de Lucas Paquetá. O Peru tentava sair do seu campo através de lançamentos longos para Lapadula e Cueva às costas de Marquinhos e Thiago Silva sem muito sucesso e via o pragmático e cauteloso 5-3-2 montado pelo seu treinador ser engolido pela ótima atuação coletiva (talvez a melhor em toda a Copa América) de Neymar, Lucas Paquetá e Casemiro (outro que vem jogando demais nessas últimas partidas).

Brasil vs Peru - Football tactics and formations

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Lucas Paquetá e Neymar tomaram conta do jogo no excelente primeiro tempo da Seleção Brasileira contra o Peru. De nada adiantou Ricardo Gareca montar uma linha de cinco na frente da área do goleiro Gallese. Foi a melhor atuação coletiva do escrete de Tite em toda a Copa América.

Se Neymar (apesar das chances desperdiçadas) segue encantando com o futebol apresentado nas últimas partidas (seja jogando como referência móvel ou como camisa 10 de fato e de direito), o bom futebol da Seleção Brasileira também teve o toque de classe de Lucas Paquetá. Aliás, o camisa 17 deve ser o jogador que melhor aproveitou as chances dadas por Tite nas Eliminatórias da Copa do Mundo e nessa Copa América. Seja jogando mais recuado ao lado de Casemiro, alinhado a Fred ou mais próximo do ataque (e de Neymar). Difícil não perceber o seu crescimento e seu amadurecimento após excelente temporada no Lyon. E mesmo quando a Seleção Brasileira caiu bruscamente de produção no segundo tempo (por desgaste físico e também pela melhora da Seleção Peruana na partida), Paquetá foi preciso na cobertura e ainda se mostrou bastante voluntarioso na marcação. São as tais relações humanas. Elas fazem toda a diferença.

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Também é preciso exaltar o trabalho e a inteligência de Ricardo Gareca. O treinador do Peru desfez o 5-3-2 com as entradas de Marcos López e Raziel García nos lugares de Trauco (ex-jogador do Flamengo) e do zagueiro Christian Ramos, adiantou as linhas da sua equipe e posicionou um jogador às costas de Danilo e Renan Lodi. O efeito foi praticamente imediato: a Seleção Brasileira diminuiu a intensidade e começou a errar passes demais no meio-campo. A equipe novamente oscilava demais dentro de um jogo e só não foi vazada porque Ederson fez pelo menos duas grandes defesas em chutes de Raziel García e Lapadula e porque Callens desperdiçou chance cristalina depois de cruzamento de Yotún. No final da partida, Tite fechou a sua equipe na defesa com Fabinho alinhado a Casemiro na proteção da zaga, Éder Militão como falso lateral e Douglas Luiz fechando o lado esquerdo do meio-campo.

Peru vs Brasil - Football tactics and formations

Ricardo Gareca melhorou o desempenho do Peru com alterações pontuais e certeiras e viu a Seleção Brasileira encontrar muitas dificuldades para se fechar na defesa. Tite, por sua vez, recuou sua equipe, reforçou o sistema defensivo e esperou o apito final para comemorar a vaga na final.

É fato que essa oscilação de um tempo para outro pode ser explicada de uma série de maneiras. Há a questão (inadmissível) do gramado do Estádio Nilton Santos, há o desgaste da maratona de jogos (vale lembrar que o Brasil jogou contra o Equador três dias atrás e teve que se virar com um a menos durante todo o segundo tempo contra o Chile) e há também o desgaste mental que a competição traz. Mesmo assim, é algo preocupante. Ainda mais sabendo que o nível de exigência será altíssimo na decisão da Copa América. É por isso que a maneira como Lucas Paquetá e Neymar se completaram num primeiro tempo de ótimo futebol é tão importante. Tática não é apenas setinhas, círculos e formações táticas. Trata-se dessa relação humana entre os jogadores dentro de campo. O saber a hora de acelerar e cadenciar. O descobrir dos espaços na defesa adversária. E a dedicação na ajuda aos companheiros na marcação.

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A ótima atuação coletiva no primeiro tempo e o entrosamento entre Lucas Paquetá e Neymar chancelaram a classificação da Seleção Brasileira para a final de uma das Copas Américas mais estranhas de todos os tempos. Seja pela maneira como começou, pelos inúmeros casos de COVID-19 relatados pela Conmebol e pelas partidas de futebol no máximo razoável na grande maioria delas. Mesmo assim, está mais do que claro que Tite não quer ser derrotado. Nem ele e nem os jogadores.

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