Após perder o primeiro set, Brasil vira o jogo em uma exibição de gala, conquista a Liga das Nações pela primeira vez e se credencia como uma das favoritas ao ouro olímpico
Em confronto que colocou lado a lado dois potenciais candidatos a medalhas nos Jogos Olímpicos de Tóquio, o Brasil levou a melhor sobre a Polônia e conquistou o título da Liga das Nações (VNL) de vôlei masculino em Rimini, na Itália. Por 3 sets a 1 (22/25, 25/23, 25/16 e 25/14), os comandados de Carlos Schwanke faturaram o troféu inédito da competição.
Wallace dominou o jogo e foi o destaque nas estatísticas com 22 pontos. Bruninho também teve grande atuação na distribuição. Os ponteiros Yoandy Leal e Lucarelli tiveram grande contribuição, com 17 e 13 pontos respectivamente. Bartosz Kurek e Michal Kubiak anotaram 17 e 15 para os poloneses.
Este domingo (27) marcou o 63º encontro entre Brasil e Polônia. A seleção brasileira registra 42 vitórias, contra 21 dos poloneses. Em finais, a vantagem era adversária. Os poloneses venceram os Campeonatos Mundiais de 2014 e 2018, enquanto o Brasil levou a melhor em 2006. Portanto, com o triunfo de hoje pela final da Liga das Nações, o confronto em decisões está empatado.
Na disputa do terceiro lugar, a França bateu a Eslovênia por 3 sets a 0, parciais de 25/20, 25/18 e 25/19. Os franceses receberão 300.000,00 mil dólares (cerca de 1.486.110,00 milhão de reais) como prêmio pelo terceiro lugar. A seleção eslovena levará 150 mil dólares (em torno de 742.875,00 mil reais).
Liga das Nações substitui a antiga Liga Mundial desde 2018
Esta é a terceira edição da Liga das Nações. Brasil e Polônia marcaram presença na final pela primeira vez. Nos dois campeonatos anteriores, a seleção brasileira terminou na quarta colocação. Inclusive, os poloneses levaram a melhor na disputa do terceiro lugar em 2019. A Rússia era o único país a faturar a competição, sendo bicampeã da Liga das Nações até então.
Pela antiga Liga Mundial de vôlei, que perdurou de 1990 a 2017, o Brasil é o maior campeão, com nove troféus. A Liga das Nações substitui o campeonato anterior desde 2018. Somando-se as conquistas, a seleção brasileira chegou à seu décimo triunfo em 31 edições disputadas (28 de Liga Mundial e três de Liga das Nações).
Com o título, o Brasil embolsará 1 milhão de dólares (por volta de 4.955.300,00 milhões de reais). Os poloneses irão faturar 500 mil dólares (aproximadamente 2.477.750,00 milhões de reais).
O JOGO
1º SET
A Polônia chegou a abrir três pontos de vantagem (15 a 12), forçando o saque e, no ataque, explorando bastante o bloqueio brasileiro para pontuar. Em um longo rali de 26 segundos, que não é tão comum no vôlei masculino, o Brasil enfim chegou ao empate em 16 a 16. O ponto foi concluído após três tentativas de ataque em que o bloqueio polonês funcionou e não deixava a bola passar. Na quarta tentativa, Wallace, explorou o bloqueio e finalizou o ponto.
Em uma cravada diagonal de Leal, o Brasil tomou a ponta. No entanto, a vantagem durou pouco. Os poloneses retomaram a frente novamente explorando o bloqueio brasileiro. Leon, cubano naturalizado polonês, um dos melhores sacadores do mundo, fez um ace. Após um bloqueio, a Polônia ampliou o placar para 23 a 20 e encaminhou a vitória no set. O Brasil não teve mais chance de reação. Em uma forte diagonal, o oposto Bartosz Kurek fechou a parcial em 25/22.
O próprio Kurek foi o destaque do primeiro set, anotando oito pontos. O ponteiro e capitão Michal Kubiak fez seis. Pelo Brasil, o oposto Wallace e o ponteiro Lucarelli obtiveram seis acertos.
2º SET
Voltando melhor e com bloqueio funcionando, o Brasil abriu 9 a 6. Porém, também neste fundamento, a Polônia se recuperou e empatou a parcial em 9 a 9. Bruninho acionou mais os centrais Lucão e Maurício Souza. No 15º ponto, o técnico Vital Heynen ficou inconformado com a marcação de dois toques de defesa após uma disputa na rede, mas a arbitragem não mudou de ideia e manteve o ponto brasileiro. Logo em sequência, Maurício Souza anotou um ace, levando o Brasil a vantagem de 16 a 12 no segundo tempo técnico.
Os poloneses melhoraram na defesa, dando suporte para seu ataque produzir e encostar no jogo. Carlos Schwanke pediu tempo para quebrar o ritmo. Porém, os adversários não diminuíram o ímpeto e Kurek empatou o jogo em 18 a 18. Douglas Souza entrou rapidamente no lugar de Wallace e logo foi acionado, colocando a bola no chão. Lucarelli com um ace e Wallace – que voltou no lugar de Douglas Souza – em mais dois pontos de ataque, recolocaram uma boa vantagem em 21 a 18.
Forte no bloqueio, a Polônia novamente diminuiu o placar (23 a 22), conseguindo cinco pontos no fundamento até o momento do set. Mas a reação parou por aí. O reconhecido saque eficiente de Leon ficou na rede e deu números finais ao set, em 25 a 23 para o Brasil.
Leal se destacou na reta final e chamou a responsabilidade. O cubano naturalizado brasileiro computou cinco acertos e Wallace contribuiu com mais quatro. Kurek e Kubiak novamente puxaram a pontuação polonesa, com quatro cada.
3º SET
Com um ace, Bruninho colocou 7 a 5 no placar. Wallace iniciou muito bem a parcial. Comandou as ações no ataque, encarando e pontuando até frente a um bloqueio triplo. O bloqueio brasileiro bem postado, amortecendo os ataques poloneses, facilitou o trabalho da defesa para dar o passe na mão para o levantador Bruninho.
O treinador Vital Heynen tirou o ponteiro Leon e colocou o central Kamil Selemiuk para tentar mexer taticamente em sua seleção. Bruninho acionou bem seus atacantes. O Brasil deslanchou no set e atropelou. Os adversários não acharam respostas para conter o ritmo brasileiro. Ataques, aces, bloqueios, tudo dando certo. Em um erro de ataque polonês, o Brasil faturou o set com surpreendente facilidade, 25 a 16. Virada no jogo para 2 sets a 1.
Wallace despejou sete pontos na quadra adversária. O levantador Bruninho também teve destaque na parcial. Pelo lado polonês, o central Mateusz Bieniek fez cinco pontos.
4º SET
Maurício Souza fechou a porta logo no início e parou o ataque adversário num bloqueio simples. Após tempo pedido por Heynen, com placar desfavorável em 7 a 4, a Polônia melhorou e empatou. Porém, a reação não durou muito tempo. Logo o Brasil se reencontrou no set. Muito vibrante e focado, abriu vantagem em uma jogada pipe (onde o atacante salta antes da linha dos 3 para atacar). Bruninho levantou e Leal cravou para ampliar o marcador em 14 a 10.
Em outra boa leitura de bloqueio por Wallace, a vantagem foi para 17 a 12. Repetindo a excelente atuação do final da terceira parcial, a seleção brasileira não deu chances para a Polônia. Os adversários sofreram um apagão. Psicologicamente abalados, assistiram a uma exibição de gala do Brasil. Lucarelli anotou mais um ace na partida e colocou 20 a 13 no marcador. Com um saque polonês na rede e ace de Lucão, veio o match-point.
Para finalizar em grande estilo, a bola veio para o destaque do jogo. Wallace, em uma diagonal rente a rede, anotou o ponto do set, do jogo e do campeonato para o Brasil. 25 a 14 e 3 sets a 1, com uma atuação de altíssimo nível da seleção brasileira.
Wallace e Yoandy Leal guardaram cinco pontos nesta parcial decisiva.
CAMPANHA
16 seleções disputaram a fase de classificação e lutaram por quatro vagas para as semifinais. Todas se enfrentaram em turno único, totalizando 15 jogos para cada. Brasil e Polônia foram as melhores seleções da fase inicial. Em 15 jogos, foram 13 vitórias e duas derrotas para a seleção brasileira, líder da competição. Os poloneses ficaram no segundo posto, somando 12 triunfos e três revezes.
Pelas semifinais, o time de Carlos Schwanke atropelou os franceses por 3 sets a 0 (25/20, 25/22 e 25/19). A Polônia bateu a Eslováquia pelo mesmo placar, parciais de 25/22, 25/21 e 25/23. Na decisão deste domingo, vitória brasileira por 3 sets a 1 (22/25, 25/23, 25/16 e 25/14) sobre os poloneses e título inédito da Liga das Nações. Abaixo, veja a trajetória do Brasil até o título:
Primeira rodada
28/05 – Brasil 3 x 0 Argentina (31/26, 26/24 e 25/16)
29/05 – Brasil 3 x 0 Estados Unidos (25/22, 35/23 e 25/19)
30/05 – Brasil 3 x 1 Canadá (25/17, 25/20, 22/25 e 27/25)
Segunda rodada
03/06 – Brasil 0 x 3 França (37/39, 18/25 e 28/30)
04/06 – Brasil 3 x 0 Japão (25/20, 25/16 e 25/20)
05/06 – Brasil 3 x 1 Sérvia (23/25, 25/23, 25/15 e 25/22)
Terceira rodada
09/06 – Brasil 3 x 0 Holanda (25/19, 25/22 e 27/25)
10/06 – Brasil 3 x 0 Bulgária (25/16, 25/22 e 25/12)
11/06 – Brasil 3 x 0 Polônia (25/17, 28/26 e 25/19)
Quarta rodada
15/06 – Brasil 3 x 2 Eslovênia (15/25, 25/22, 19/25, 25/13 e 15/12)
16/06 – Brasil 3 x 1 Irã (25/19, 23/25, 25/19 e 25/21)
17/06 – Brasil 3 x 0 Austrália (25/17, 25/22 e 25/12)
Quinta rodada
21/06 – Brasil 3 x 1 Itália (25/19, 32/30, 22/25 e 25/20)
22/06 – Brasil 3 x 0 Alemanha (25/21, 25/21 e 25/23)
23/06 – Brasil 0 x 3 Rússia (21/25, 26/28 e 20/25)
Semifinal
26/06 – Brasil 3 x 0 França (25/20, 25/18 e 25/19)
Final
27/06 – Brasil 3 x 1 Polônia (22/25, 25/23, 25/16 e 25/14)
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