Home Futebol Palmeiras tem mais volume de jogo, mas sofre com a precisão de um Corinthians ligado e mais organizado

Palmeiras tem mais volume de jogo, mas sofre com a precisão de um Corinthians ligado e mais organizado

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa o empate entre as equipes comandadas por Abel Ferreira e Sylvinho em jogo válido pelo Brasileirão 2021

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa o empate entre as equipes comandadas por Abel Ferreira e Sylvinho em jogo válido pelo Brasileirão 2021

O clima no primeiro Derby do Brasileirão 2021 não poderia ser outro senão o de ressaca. Palmeiras e Corinthians vinham de eliminações na Copa do Brasil e sofriam com as críticas em cima do trabalho dos técnicos Abel Ferreira e Sylvinho. Mesmo assim, as duas equipes até que fizeram uma partida movimentada no Allianz Parque neste sábado (12). Além de ser o resultado mais justo, o empate em 1 a 1 serviu para mostrar que o Verdão ainda tem muita força ofensiva e bom volume de jogo e que o Timão começa a dar sinais de evolução sob o comando de seu novo treinador apesar do elenco sem muitas peças de reposição. Seja como for, o clima de ressaca era nítido. Ao mesmo tempo, um certo ar de incerteza com relação ao futuro ainda paira sobre as cabeças dos treinadores de Palmeiras e Corinthians. Muito por conta daquilo que se esperava e ainda se espera das duas equipes nessa temporada.

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Seja por conta da ausência de jogadores convocados para a disputa da Copa América ou por opção de Abel Ferreira, é preciso dizer que o 4-3-3 tem se mostrado a melhor formação para um Palmeiras que ainda sente muito as ausências de seus principais jogadores. Não somente por conta do (belíssimo) gol de Raphael Veiga (marcado logo aos três minutos do primeiro tempo), mas por conta de todo o conjunto da obra. A equipe alviverde usava e abusava da movimentação no terço final e usava a velocidade de Rony e Wesley às costas de Fagner e Fábio Santos. O Corinthians, por sua vez, demorou para se encontrar em campo e, mesmo jogando com Cantillo entre as linhas do 4-1-4-1 de Sylvinho, teve problemas para conter o volume ofensivo do seu rival na partida desse sábado (12). Ainda que Luan se mexesse bastante e abrisse espaços, faltava mais chegada dos pontas. Principalmente de Mateus Vital.

Corinthians vs Palmeiras - Football tactics and formations

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Jogando num 4-3-3 bem ofensivo, o Palmeiras usava e abusava dos contra-ataques em velocidade e abriu o placar com um belo gol de Raphael Veiga. Do outro lado, o Corinthians sofria para se encontrar em campo e para “ler” os movimentos ofensivos do seu adversário. O time precisava de contundência.

O Corinthians só começou a se encontrar na partida assim que Gustavo Mosquito passou a ser mais acionado pelos lados do campo. Principalmente pelo direito, onde Victor Luís estava não contava tanto com o auxílio de Felipe Melo e Raphael Veiga na marcação. A equipe comandada por Sylvinho procurou valorizar mais a posse de bola e melhorou a concentração nos lances decisivos. O final da primeira etapa já mostrava um Timão mais ligado, mais organizado e que começava a entender como o sistema defensivo do Palmeiras se comportava. O gol de Gabriel (marcado aos dez minutos do segundo tempo) nasceu dessa melhora de desempenho e dessa “leitura” mais acurada do adversário. Victor Luís abandona a última linha e abre o espaço onde Roni lança Gustavo Mosquito pela direita. O atacante avança até a linha de fundo e faz o cruzamento para o camisa 5 apenas escorar para as redes.

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Roni recebe a bola na intermediária e faz o passe em profundidade para Gustavo Mosquito (às costas de Victor Luís) cruzar e Gabriel completar para as redes de Jailson. O Corinthians entendeu a movimentação defensiva do Palmeiras e conseguiu criar espaços. Foto: Reprodução / Premiere

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Também é preciso destacar o papel tático importantíssimo desempenhado por Luan no time do Corinthians. Mesmo sem ser brilhante, o camisa 7 era a referência móvel do 4-1-4-1 de Sylvinho e foi fundamental para atrair a defesa do Palmeiras e abrir espaços no terço final. Abel Ferreira respondeu com as entradas de Willian Bigode e Breno Lopes nos lugares de Luiz Adriano e Wesley respectivamente. A ideia aqui era clara: dar mais mobilidade ao ataque e aproveitar a lentidão da dupla de zaga formada por João Victor e Gil. O Palmeiras ainda conseguiu marcar o segundo (com Willian Bigode), mas o árbitro de vídeo anulou o lance por conta de impedimento milimétrico de Rony na origem do lance. Enquanto isso, Sylvinho trocava peças no Corinthians e fechava o meio-campo com Xavier, Araos e Ramiro e apostava em Léo Natel como alternativa de velocidade. O 4-1-4-1 foi mantido, mas sem tanta movimentação.

Palmeiras vs Corinthians - Football tactics and formations

Abel Ferreira manteve o 4-3-3 no Palmeiras, mas viu sua equipe esbarrar no bloqueio defensivo de um Corinthians concentrado e mais organizado em campo. Sylvinho também mexeu na sua equipe, mas manteve o desenho tático básico com poucas variações na formação que iniciou o jogo no Allianz Parque.

Embora criticados por torcida e parte da imprensa, Abel Ferreira e Sylvinho conseguiram fazer com que suas equipes ignorassem o clima de ressaca causado pelas eliminações na Copa do Brasil e jogassem um futebol razoavelmente agradável no Allianz Parque. Nada que enchesse os olhos, é verdade. Mas com um mínimo de organização ofensiva e posturas mais voltadas para o ataque do que em outros tempos nem tão longínquos assim. Se o Palmeiras recuperou a consistência jogando num 4-3-3 com Felipe Melo, Gustavo Scarpa (um dos melhores em campo na opinião deste que escreve) e Raphael Veiga jogando no meio-campo, o Corinthians começou a dar leves sinais de evolução sob o comando de Sylvinho. E a grande sacada do treinador foi o posicionamento de Cantillo à frente da zaga e os polivalentes Gabriel e Roni um pouco mais à frente. Mas o destaque do Timão foi mesmo o veloz Gustavo Mosquito.

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O Derby Paulista pode ter ficado marcado pelo clima de ressaca e por um certo desinteresse por parte da imprensa especializada. Mas basta apenas um olhar mais cuidadoso para concluir que as duas equipes ainda têm muita margem para crescimento nesse Campeonato Brasileiro. Vale lembrar que ainda estamos na terceira rodada da competição e que muita coisa ainda pode acontecer com o intenso Palmeiras de Abel Ferreira e o organizado Corinthians de Sylvinho. Podem ter certeza disso.

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