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Nada diminui o tamanho da vitória do Fluminense sobre o River Plate

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira explica como o time de Roger Machado construiu a vitória gigante sobre a equipe comandada por Marcelo Gallardo

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira explica como o time de Roger Machado construiu a vitória gigante sobre a equipe comandada por Marcelo Gallardo

É bem possível que nem todo mundo esteja enxergando a vitória do Fluminense sobre o sempre temido River Plate da mesma maneira que este que escreve. O escrete comandado por Marcelo Gallardo vinha de um triunfo impensável sobre o Santa Fe na semana passada diante da quantidade de jogadores afastados por conta de um surto de COVID-19 no elenco e da necessidade de se escalar o volante Enzo Pérez como GOLEIRO. Natural que vários atletas que retornaram ao time nesta terça-feira (25) tenham sentido muito a falta de ritmo por conta do isolamento forçado. Só que nada disso diminui o tamanho da atuação do time de Roger Machado, Fred, Nenê, Caio Paulista e Yago Felipe. O que o Fluminense fez em pleno Monumental de Núnez será lembrado por muito tempo. Afinal de contas, não é todo dia que vemos o sempre temido River Plate de Marcelo Gallardo ser derrotado dentro de seus domínios de maneira tão categórica.

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Antes de mais nada, é preciso dizer que a estratégia utilizada pelo técnico Roger Machado foi precisa. Com Caio Paulista e Gabriel Teixeira pelos lados, Nenê e Yago Felipe mais próximos no meio-campo e Fred abrindo espaços no trio de zagueiros do River Plate, o Fluminense foi capaz de se impor fisicamente no campo adversário. De acordo com os números do SofaScore (ver no tweet ao final da reportagem), o Tricolor das Laranjeiras teve apenas 38% de posse de bola, mas finalizou as mesmas 14 vezes dos Millonarios. Muito desse volume de jogo veio da postura pedida por Roger Machado: marcação forte no campo adversário, pressão no portador da bola e muita intensidade nas transições. Exatamente como aconteceu no gol marcado por Caio Paulista aos 21 minutos do primeiro tempo, em escapada de Fred pela direita (após passe de Samuel Xavier) e Nenê se lançando ao ataque e puxando a marcação do River Plate.

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Fred avança pela direita e espera até que Nenê, Caio Paulista e Gabriel Teixeira se posicionem na área para fazer o cruzamento. O Fluminense se impôs fisicamente através do 4-2-3-1 de Roger Machado e conseguiu dominar o River Plate com muita marcação e intensidade. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil

Se o Fluminense não conseguiu impor seu estilo na derrota para o Flamengo na decisão do Campeonato Carioca, a equipe comandada por Roger Machado conseguiu encontrar a medida certa entre linhas mais recuadas e marcação alta na partida contra o River Plate. Muito disso se deve ao belo contraponto defensivo feito por Yago Felipe (um dos melhores em campo na opinião deste que escreve) Caio Paulista e Gabriel Teixeira. Já se sabe muito bem que os veteranos Nenê e Fred (apesar da enorme qualidade com e sem a bola nos pés) já não possuem mais o mesmo vigor físico de anos passados e que, exatamente por isso, precisam que os companheiros façam o “trabalho sujo”. Não é por acaso que o segundo gol do Fluminense (marcado por Nenê após mais uma assistência de Fred) nasceu da pressão em De la Cruz (o “cara” da saída de bola do River Plate) exercida por Yago Felipe e Gabriel Teixeira. Golaço.

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Yago Felipe e Gabriel Teixeira pressionam De la Cruz e recuperam a bola. A partir daí, Nenê se lança às costas da zaga e recebe o passe de Fred antes de fuzilar Armani. Os mais jovens fizeram o “trabalho sujo” no Fluminense e deixavam os veteranos livres para decidir. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil

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Só que nem tudo foram flores e elogios no Fluminense. Nada que diminua o feito do escrete comandado por Roger Machado, mas é algo que merece atenção e cuidado nas próximas partidas. Já se sabe que o técnico do Tricolor das Laranjeiras tem preferência pela marcação por zona e que adaptou seu estilo com pequenas perseguições individuais na intermediária. A vantagem de dois gols no placar e a expulsão (justa) do zagueiro Maidana (do River Plate) fizeram com que o Fluminense diminuísse o ritmo e apostasse numa postura mais reativa. Reação até certo ponto natural se não fosse a dificuldade que Egídio apresentou ao fechar seu setor. Assim que a equipe de Marcelo Gallardo entendeu como o Fluminense se comportava defensivamente, a equipe começou a forçar o jogo pelo lado direito de ataque. Não foi por acaso que o gol de Girotti nasceu da movimentação de Julián Álvarez às costas de Egídio.

Egídio foi um dos jogadores que mais teve dificuldades para fechar seu setor na partida desta terça-feira (25). Assim que o River Plate compreendeu como o Fluminense se comportava na defesa, a equipe de Marcelo Gallardo levou perigo ao gol de Marcos Felipe. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil

A reclamação de Marcelo Gallardo sobre a falta de bom senso da CONMEBOL após o surto de COVID-19 no elenco do River Plate é legítima e reforça ainda mais as críticas sobre a postura da entidade diante do agravamento da pandemia na Argentina e no Brasil. Por outro lado, mesmo com a clara falta de ritmo de nomes como De la Cruz, Borré, Casco e vários outros, nada diminui o tamanho da atuação do Fluminense no Monumental de Núñez. É muito provável que estivéssemos exaltando a fibra dos Millonarios nesse momento se a equipe argentina tivesse vencido a partida desta terça-feira (25) e se classificado para as oitavas de final da Libertadores na primeira posição do seu grupo. O contexto conta muito para os dois lados e ajudam a entender bastante aquilo que aconteceu dentro de campo. E nesse ponto, a estratégia de Roger Machado se mostrou muito mais eficiente do que a de Marcelo Gallardo. Ponto final.

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A vitória sobre o River Plate em pleno Monumental de Núñez (e da maneira que ela aconteceu) mostra que o Fluminense está recuperando a consistência da temporada passada. Ainda é capaz da equipe oscilar em alguns momentos e que os mais veteranos sintam a maratona de jogos que virá pela frente com o início do Brasileirão. Mas ver o Tricolor das Laranjeiras jogando do jeito que jogou nessa terça-feira (25) só reforça a tese de que o jogo coletivo é o ponto mais forte desse time.

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