Home Futebol Paulo Nobre destaca relacionamento com a Crefisa e diz ser a favor do Palmeiras virar ‘clube-empresa’: “Esse é o futuro”

Paulo Nobre destaca relacionamento com a Crefisa e diz ser a favor do Palmeiras virar ‘clube-empresa’: “Esse é o futuro”

Paulo Nobre afirmou que adotando o projeto, os clubes seriam administrados com muito mais profissionalismo e frieza

Danielle Barbosa
Jornalista. Escrevendo para o Torcedores desde 2014.

Paulo Nobre afirmou que adotando o projeto, os clubes seriam administrados com muito mais profissionalismo e frieza

O ex-presidente do Palmeiras, Paulo Nobre, dificilmente aparece dando entrevista desde que deixou o cargo principal do clube em 2016, com a conquistado do Campeonato Brasileiro, mas sempre que fala, dá declarações importantes. Desta vez, Nobre falou o que pensa sobre o projeto de ‘clube-empresa’, e avaliou a possibilidade do time Alviverde passar a adotar essa medida futuramente.

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Em entrevista ao canal ‘Os Bocca Palmeiras’, no YouTube, o ex-mandatário do Verdão afirmou que vê com bons olhos o projeto de ‘clube-empresa’, e contou a história do que aconteceu no passado, com o Paulistano, que foi um os principais clubes do futebol paulista no passando, conquistando 11 títulos estaduais entre 1905 e 1929 – até hoje é o quinto clube com mais títulos da competição, atrás apenas de Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo.

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“Se você pensar com a cabeça no século XX, é um absurdo porque o clube deixa de ser dele mesmo para passar a ser de alguém. Mas se você fosse pensar nos anos 30… eu vou falar uma história do meu pai. Meu pai, se fosse vivo hoje, teria 111 anos. Pra que time torcia meu pai? Meu pai torcia para o Paulistano. Meu pai nunca se referiu ao Palmeiras como Palmeiras, ele só falava Palestra porque na cabeça dele o Palmeiras era o Palestra. Nos anos 30, o futebol se profissionalizou, pelo menos só de um lado do balcão. Os jogadores passaram a receber salário para jogar. Na época foi um absurdo. Dentro do Paulistano foi uma revolta. O Paulistano falou ‘O futebol é um esporte de cavalheiros, nós não vamos nos profissionalizar’. Só que um grupo dentro do Paulistano falou ‘A partir do momento que o Palestra começa a pagar as pessoas que jogam lá, o Corinthians começa a pagar, o Santos começa a pagar… se o Paulistano não pagar, não teremos os melhores jogadores. Não teremos poder de fogo para competir com os times profissionais’. E um grupo dentro do Paulistano saiu e fundou o São Paulo. Meu pai foi daqueles radicalmente contrários, não saiu do Paulistano e continuou sendo Paulistano. Naquela época foi um absurdo imaginar o futebol se profissionalizar, mas quem não se profissionalizou ficou para trás. Tanto é que o Paulistano deixou de competir junto com Palestra, Corinthians, Santos e São Paulo”, contou Paulo Nobre.

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Para o ex-presidente palmeirense, o projeto de clube-empresa é algo que precisa ser muito bem planejado e discutido, mas é o futuro do futebol. “Voltando agora para 2021. Quando a gente fala de clube-empresa, dá aquela sensação de que o clube é dos sócios e vai deixar de ser para passar a ser do dono. Na minha opinião, esse é o futuro. Quem não virar clube-empresa, quando alguns começarem a virar, vai ficar para trás. Eu acredito que não adianta a gente pensar no mundo de hoje com a cabeça do século passado. É uma coisa que precisa ser muito bem discutida, em quais moldes as coisas vão acontecer e etc. Mas eu acho que seria uma coisa muito saudável.”

Palmeiras como ‘clube-empresa’?

Paulo Nobre também avaliou como positiva a ideia do Palmeiras se tornar um ‘clube-empresa’, e destacou que atualmente, com a relação financeira que já que tem com a Crefisa, parece que o clube já foi vendido. O ex-mandatário reforçou ainda que acredita que a medida contribuiria para a profissionalização dos dirigentes no futebol.

“Como o Palmeiras é absolutamente pioneiro em quase tudo o que acontece no futebol brasileiro, [falando isso] sem clubismo, acho que seria muito interessante o Palmeiras virar clube-empresa. Mesmo porque, hoje, de uma certa maneira, dado o relacionamento que tem com o atual patrocinador – ele não é exatamente como era na época da Parmalat, que era uma cogestão – é uma pessoa muito rica que tem a pretensão de fazer a mulher dele a primeira presidenta do clube, e já tem uma relação financeira com o clube tão grande, que parece que o Palmeiras já foi vendido sem ter entrado dinheiro. O Palmeiras ainda deve”, avaliou.

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“Eu, sinceramente, não tenho uma visão pessimista caso o Palmeiras virasse um clube empresa, seja de quem for o dono. O dono não vai pagar R$ 100 mil. Na hora que entrar alguns bilhões de reais, não é para brincar com o clube. É para ser uma coisa rentável e que está sempre ganhando títulos. Eu não vejo com maus olhos, até porque quem comprasse também iria ter uma profissionalização do lado de cá do balcão. Virando um clube-empresa, você teria um CEO contratado que teria que apresentar resultados. Você não teria mais essa parte política estatutária. Você separaria o futebol do clube social. O clube social continuaria tendo a vida que tem hoje, e o futebol passaria a ser de uma pessoa que iria administrar com muito profissionalismo e frieza. Não é aquela coisa ‘Vamos contratar aquele cara que fez três gols na gente’. Um gestor profissional avalia de uma outra maneira. A gente, além de administrar, torce. Um gestor profissional não precisa nem torcer para o clube”, acrescentou.

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Nobre lembrou que, em seu primeiro mandato como presidente do clube Alviverde, em 2013, contratou dois profissionais que torciam para o Corinthians para comandar o departamento de comunicação do clube e, apesar do escândalo que foi, a relação do Palmeiras com a imprensa melhorou.

“Na minha gestão foi um escândalo quando em 2013 eu trouxe dois ‘gambás’ [referência a torcedores do Corinthians] para a nossa assessoria de imprensa. Mudou da água para o vinho a nossa relação com a imprensa, o vazamento de informações… tudo isso acabou porque eles não pensavam com o fígado como nós. Eles não sofriam porque nem palmeirense eram, mas eles eram muito profissionais. Quando o cara é profissional, rende mais. Eu pergunto para qual time torce o técnico quando eu vou contratá-lo? Eu pergunto o time do zagueiro ou do atacante? Então pra quê eu vou contratar só profissionais palmeirenses? Eles são profissionais e fazem de tudo para ganhar com o Palmeiras”, completou o ex-mandatário.

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