Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira destaca a atuação dos comandados de Abel Ferreira no jogo de ida da Recopa Sul-Americana
Este colunista já escreveu sobre isso uma vez, mas não custa nada repetir. É impressionante como o Palmeiras de Abel Ferreira é frio, calculista e extremamente eficiente. Mesmo jogando no campo dos adversários, a equipe quase não se abala com a pressão do adversário e segue a estratégia do treinador português sem perder consistência. Mas isso não quer dizer que Rony, Zé Rafael, Felipe Melo e companhia tenham feito uma partida perfeita nesta quarta-feira (7). A vitória por 2 a 1 sobre um Defensa y Justicia insinuante e ofensivo não escondeu os problemas do meio-campo palmeirense. Principalmente quando a equipe de Sebastián Beccacece subia as suas linhas e pressionava o já veterano Felipe Melo. A estreia dos titulares na temporada de 2021, no entanto, acabou tendo saldo positivo mesmo com as deficiências notadas na partida disputada no Estádio Norberto “Tito” Tomaghello.
Diante do contexto que se apresentava antes da bola rolar na Argentina, era mais do que natural que o Palmeiras fosse adotar uma postura um pouco mais pragmática e vertical. Mesmo com menos posse de bola do que o Defensa y Justicia, o escrete de Abel Ferreira conseguia ser intenso nas transições e levava perigo ao gol de Unsaín. O problema estava no meio-campo. Felipe Melo, Raphael Veiga e Zé Rafael não conseguiam sair da marcação do 4-4-2 de Sebastián Beccacece e sofriam com as movimentação de Braian Romero e Walter Bou entre a última linha e os volantes palmeirenses. Embora a equipe paulista tenha conseguido abrir o placar com Rony (aproveitando belo passe de Willian Bigode) aos 16 minutos do primeiro tempo, o Palmeiras sentiu um pouco a falta de ritmo (o que é perfeitamente normal) e mostrou algumas dificuldades para conter o ímpeto ofensivo do Defensa y Justicia.
Abel Ferreira manteve a marcação mais baixa no seu 4-2-3-1 costumeiro no início de partida contra o Defensa y Justicia. O Palmeiras conseguiu ser eficiente e aproveitou as chances que teve no primeiro tempo, mas sofreu com o volume de jogo do escrete comandado por Sebastián Beccacece.
Vale lembrar que Weverton (sempre ele) salvou o Palmeiras duas vezes apenas no primeiro tempo. Tudo por conta da falta de compactação do meio-campo e da falta de proteção a Felipe Melo. Não foram poucas as vezes em que o camisa 30 ficou exposto na frente da zaga mesmo com todo o contexto da partida sendo favorável ao estilo de jogo mais pragmático e vertical proposto por Abel Ferreira. Aliás, isso sempre acontecia quando a equipe paulista subias as suas linhas para pressionar a saída de bola. Essa situação acabou sendo determinante na jogada do gol de Braian Romero, aos 12 minutos da segunda etapa. Walter Bou recebe na intermediária (nas costas de Felipe Melo e aproveitando que Zé Rafael havia abandonado sua posição) e nota o camisa 31 do Defensa y Justicia se lançando no espaço entre Luan e Marcos Rocha. O passe sai certeiro e Braian Romero toca na saída de Weverton.
Zé Rafael abandona sua posição, Felipe Melo fica desprotegido e o Defensa y Justicia consegue armar a jogada que resultou no gol de Braian Romero. A falta de compactação no meio-campo palmeirense era um dos grandes problemas do escrete de Abel Ferreira. Foto: Reprodução / Conmebol TV
Não foi por acaso que o treinador português sacou Raphael Veiga, Zé Rafael e Felipe Melo e mandou Gustavo Scarpa, Danilo e Patrick de Paula para o jogo logo depois de sofrer o gol de empate. As substituições deram mais consistência e também mais intensidade nos movimentos de um Palmeiras mais incisivo e veloz nos contra-ataques. Do outro lado, o Defensa y Justicia mantinha sua postura mais ofensiva e com marcação alta, mas ainda abrindo espaços no seu campo. Gustavo Scarpa ainda marcaria um belíssimo gol de falta antes de Abel Ferreira mandar Mayke para o lugar de Breno Lopes. Como Esteves já havia entrado na vaga de um exausto Willian Bigode, o escrete paulista jogou com quatro laterais nos últimos minutos da partida no Estádio Norberto “Tito” Tomaghello. Mas a marcação seguiu frouxa no meio-campo e a defesa tinha muitas dificuldades para conter o ataque adversário.
Com Mayke e Marcos Rocha de um lado e Viña e Esteves do outro, o Palmeiras se fechou num 4-4-2 em duas linhas após o gol de Gustavo Scarpa. Mas a marcação no meio-campo continuou frouxa e a última linha encontrava sérias dificuldades para conter o ataque do Defensa y Justicia.
Este que escreve não teria anulado o gol marcado por Walter Bou (um dos melhores em campo). Há como se discutir se Braian Romero e Tomás Martínez realmente participam e interferem na jogada de ataque do Defensa y Justicia. Lance de pura interpretação da arbitragem. Mas nem isso diminui mais esse feito do Palmeiras de Abel Ferreira. É verdade que a equipe paulista ainda tem que passar por ajustes no meio-campo para que Felipe Melo e Zé Rafael (ou qualquer que sejam os volantes escalados) não fiquem expostos na frente da linha defensiva. Ao mesmo tempo, ainda existe a questão da falta de ritmo que só será resolvida com o tempo. Mesmo assim, o Verdão mostrou a frieza e a eficiência da temporada passada para superar o “primeiro round” da Recopa Sul-Americana contra um Defensa y Justicia insinuante e de ótimo volume de jogo. Méritos de Sebastián Beccacece mais uma vez.
A próxima parada do Palmeiras é a Supercopa do Brasil contra o Flamengo. Por mais que os comandados de Rogério Ceni já estejam com mais ritmo e mais entrosamento, a equipe de Abel Ferreira ainda merece muito respeito por conta da maneira como encara seus adversários. Os jogadores quase não se abalam com as adversidades e mostram uma frieza muito grande. Pontos que podem ser muito úteis na partida do próximo domingo (11) na Arena Mané Garrincha.
Foi o nosso primeiro jogo contra o Defensa y Justicia na história e… vencemos! Demos #UnPasoAdelante na decisão da @ConmebolRecopa ➤ https://t.co/79kkEKjeNE #AvantiPalestra #DYJxPAL #JuntosNaRecopa pic.twitter.com/Did6okSSEG
— SE Palmeiras (@Palmeiras) April 8, 2021
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