Novo superintendente de marketing do Timão sempre acreditou que o investimento nas plataformas diminuiria as perdas do valor de mídia.
Entre tantos desgovernos dentro da administração do Corinthians, há anos, ao menos um caminho parece ter avanços significativos. O do marketing. Dirigido desde janeiro por José Colagrossi Neto, ex-vice-presidente do Ibope Repucon, o departamento é a esperança de dias melhores no caixa corintiano.
Ele não precisou de muito tempo para notar que teria muito trabalho. Mexeu no patrocinador máster no futebol masculino. Arrumou um para o feminino, tem dedicado horas a fio em renegociar parcerias que envolvam a marca do clube e que são exploradas sem que haja a correta remuneração.
Uma outra parte do novo trabalho é dedicado à renovação das redes sociais do Corinthians. Em três meses, o investimento já deu resultado com mais de 100 mil novos seguidores (108 mil), principalmente no Instagram.
Essa aposta nas redes sociais já era esperada. Vou reproduzir aqui, trechos de uma entrevista que Colagrossi me deu em maio do ano passado, quando nem sonhava em aceitar um convite de Duílio Monteiro Alves.
Na ocasião, o futebol estava totalmente parado, inclusive os treinos. Segundo o superintendente, a exposição de uma marca em uma competição representava 90% do valor de mídia que os clubes geram aos patrocinadores. Consequentemente, a perda de espaço nas TVs, já que não tem mais jogos mostrados, implica em perda de valor de mídia. Esse problema persiste ainda hoje.
Ideia é criar conteúdo
Convite aceito, o novo superintendente corintiano passou a pôr em prática o que já acreditava para ajudar o clube a minimizar o caos econômico, gerando novas receitas e melhorando as que já existiam.
Para Colagrossi, se o espaço na mídia tradicional diminuiu por conta da pandemia, restou ao clube cuidar daquilo que tem controle. Me disse, na ocasião:
“Os clubes não controlam o que o governo decide, não controlam o vírus e as consequências. Mas o que ele controla? A comunicação, as mídias sociais, todos os projetos de patrocínios. Já que vai perder em cobertura jornalística, vamos criar conteúdos engajadores, interessantes que atraiam os torcedores com grande exposição de marca.”
O superintendente de marketing corintiano acredita que ações como essas compensam, em parte,
o valor de mídia perdido ao longo da pandemia. E assim tem sido. Desde janeiro, já se vê mais bastidores de jogos e treinos, um aumento de participação de artistas corintianos nas redes sociais.
O torcedor pode esperar por muitas resenhas com os jogadores e produções que resgatem as histórias de campeonatos conquistados no passado. Se puser todo o projeto em prática, haverá sempre um quiz com perguntas e respostas em promoções de parceiros comerciais.
Sabendo que os direitos de imagens das competições pertencem às emissoras, Colagrossi lembra que se pode relembrar velhas histórias com depoimentos de ex-jogadores e ex-treinadores. Mostraria o que o craque daquela época faz atualmente, e sempre com muita exposição da marca.
A meta é diminuir a distância para o que os clubes europeus realizam. Para se ter uma ideia, me disse na ocasião o então vice-presidente do Ibope, que cerca de 20% do valor de mídia das corporações esportivas do velho mundo vinham das redes sociais.
Sabem qual é a média brasileira? Não chega a 2%. Quem usa bem, costuma chegar a 4,5%
TIK TOK – a menina dos olhos
Os números são crescentes das redes sociais do Corinthians.
- o Facebook é o líder com 10,9 milhões de seguidores
- o Twiiter vem em segundo com 6,3 milhões
- o Instagram tem 5,5 milhões
- o Youtube, 1,46 milhões
- o Tik Tok tem 997,9 mil.
O tik tok, inclusive, é a menina dos olhos do novo dirigente. Foi a pedido dele que o Ibope passou a incluir a rede social chinesa a partir de julho do ano passado.
Se Colagrossi puder, seguirá os passos do Barcelona, que envolveu muito o torcedor do clube em vários cantos do mundo. O objetivo é colocar os torcedores corintianos nas plataformas do clube e permitir que ele seja visto.
“Só tem uma coisa que o torcedor gosta de fazer mais do que torcer por seu clube. É ser reconhecido na sua paixão.”
O dirigente enxerga no Tik Tok um público jovem e que tem seus corações disputados não apenas pelos clubes do futebol brasileiro como do europeu. Ele quer que o Corinthians ofereça plataformas sociais, de jogos, de comunicação, para não apenas se aproximar dos jovens, mas fazer com que eles se identifiquem com o clube.
“A turma do Tik Tok é uma garotada que consome futebol europeu. Na hora que os clubes abraçam essa plataforma, estão se aproximando de um público que está se afastando deles. Daí a importância estratégica,”