Alex Muralha desabafou ao lembrar da final da Copa do Brasil perdida nos pênaltis para o Cruzeiro, em 2017
O goleiro Alex Muralha vestiu a camisa do Mirassol para a disputa do Campeonato Paulista em 2021. Aos 31 anos, o atleta já viveu altos e baixos, chegando, inclusive, à seleção brasileira, mas foi pelo Flamengo que teve os momentos mais tensos ao longo da carreira. Em entrevista ao ‘ge’, Muralha admitiu que sente mágoa pelas críticas que recebeu durante a passagem pelo Rubro-Negro carioca.
“Em certo momento fui o alvo. Todos esperavam um simples erro para atacar. Às vezes, eu tomava gol que qualquer outro goleiro tomaria, mas como era o Alex Muralha era o errado, o pior de todos. Isso vai deixando você pressionado, com a cabeça a milhão e sabendo que não pode errar de maneira alguma. Aquilo me deu muitos ensinamentos. Independentemente do que você faça, seja bom ou ruim, vão criticar. Pode ser o melhor, pior ou mediano, mas em algum momento irão lhe apontar o dedo”, disse Muralha.
“Fui muito criticado e de certa forma atingiu muito a minha mãe. Disse para ela sair, esquecer aquilo, mas mesmo assim ela queria de alguma forma me proteger. Acabou tomando remédios para dormir, aquilo me chateou muito e me pegou. Saíram do futebol e começaram a influenciar minha vida pessoal. Mesmo assim, valeu a pena passar por tudo isso porque meu sonho sempre foi ser jogador profissional. Hoje é muito fácil criticar, fazer que é difícil”, acrescentou.
Muralha relembrou também a final da Copa do Brasil de 2017, quando o Flamengo perdeu o título na disputa de pênaltis contra o Cruzeiro. “Eu me senti como um criminoso, bandido. Aquele jogo do Cruzeiro ficou muito marcado por ter caído apenas para um lado na decisão de pênaltis. Foi uma escolha minha, estudei e acabou não dando certo. Se desse, a história teria sido outra”.
Com a camisa do Flamengo entre 2016 e 2018, Muralha disputou 77 jogos pela equipe da Gávea, sendo Campeão Carioca em 2017. Ao ser questionado sobre a passagem pelo Rubro-Negro, o goleiro avaliou como positiva e afirmou ser grato ao clube.
“Minha passagem pelo Flamengo considero positiva, para maioria das pessoas talvez não. No meu primeiro ano no clube ficamos quase oito meses sem perder, brigamos pelo título, fui para a Seleção. Fui campeão estadual invicto, brigamos pelo título em todos os campeonatos. O que o Bandeira plantou naqueles anos o clube está colhendo agora. Eu sabia que mais cedo ou mais tarde voltaria a ser o grande clube que deveria sempre ser. Sou grato ao Flamengo”, disse.
PESO DA IMPRENSA NAS CRÍTICAS:
Durante a entrevista, Alex Muralha também comentou sobre o peso da imprensa nas críticas. O goleiro destacou que ‘alguns pegam muito pesado’ e que sofreu muito. “Vocês repórteres têm um peso muito grande para nós atletas. O que vocês falam a maioria das pessoas acredita.”
“Não generalizo, mas alguns pegam muito pesado, e isso tem um impacto muito grande na carreira, na família de um jogador. Sofri muito, carrego até hoje. Saí do Flamengo e até hoje carrego isso. Sei do meu valor, da minha qualidade, mas certas situações vão em um ponto que foge do lado profissional e atinge o pessoal. Muito pesado, hoje soubemos assimilar isso e temos uma cabeça muito boa. Para onde for, o que fizer será muito falado”, completou.
Muralha ainda destacou que nunca pensou em mudar o apelido por causa das críticas. “Nunca passou pela cabeça tirar o Muralha porque, quando fui convocado para a Seleção, o Tite falou: “Muralha, do Flamengo”. Foi um apelido carinhoso que recebi, estourou. Por onde vou, todos me conhecem como Muralha. As pessoas acham que é meu nome, se tornou uma marca.”