Os asquerosos acontecimentos da terça-feira de Champions League, remetem a outros casos de protesto ao racismo no esporte. E o mais emblamático deles nos últimos anos vem da NFL, entenda o “Caso Kaepernick”
Colin Kaepernick tem se tornado um dos nomes mais relevantes dos debates sócio-culturais estadunidenses. Entretanto o eterno camisa 7, quer voltar a ter seu nome lembrado nos gramados da NFL.
O atleta e ativista de 33 anos, foi escanteado da NFL em 2017, e desde então está buscando oportunidade para retornar aos campos.
Kaepernick foi finalista da NFL uma vez, e ainda detém alguns recordes de jardagem terrestre para quarterbacks. Apesar de uma boa carreira, e números significativos, a jornada do passador se encerrou antecipadamente por conta de sua conduta extracampo.
Diferente dos muitos colegas de profissão com fichas criminais extensas, o “problema” de Kaep é o ativismo. O jogador foi o responsável pelos protestos durante a exibição do hino no início das partidas. Esse hábito tomou conta da de toda a NFL, e se espalhou para todos os esportes americanos.
O objeto central das manifestações foi denunciar a brutalidade policial, problema ainda mais atual depois dos assassinatos recentes nos EUA. Quando interrogado sobre a motivação por trás desse ato tão chamativo, Kaepernick respondeu: “não vou me levantar e mostrar orgulho à bandeira de um País que oprime os negros e ‘pessoas de cor’. Para mim, isso é maior do que o futebol americano e seria egoísmo ver de outra maneira.”
A persistência do jogador, combinada a clareza de suas respostas, e a triste continuação do problema, fez com que a popularidade da ação crescesse num ponto impossível de ignorar.
O Caso Kaepernick
A proporção foi tamanha, a ponto de gerar polêmicas dentro da Casa Branca, culminando na infeliz frase do presidente Donald J. Trump. Trump afirmou que os donos das franquias “deveriam tirar esses filhos da p… de campo”.
Durante os protestos recentes aos assassinatos de George Floyd e Breonna Taylor, foi uma cena comum a reprodução do ajoelhamento começado por Collin, e os frequentes aparecimentos de camisas do Kaepernick entre a multidão.
No decorrer desse processo, Kaep passou desempregado. Após a temporada de início dos atos, o quarterback ficou livre no mercado, e ainda que talentoso o suficiente, e estatisticamente um titular, Kaepernick não foi solicitado por nenhum dos 32 times, nem como titular, nem como um dos dois substitutos. Ou seja, um jogador na época Top-20, que não foi utilizado entre 96 vagas possíveis.
CK, doou grande parte do seu último contrato para, pelo menos, 10 organizações que combatem a desigualdade racial. A ação mais impactante, a fundação da “Know Your Rights” (“Conheça Seus Direitos”). Uma escola de educação social para jovens negros, que ensina direitos humanos, história afro-americana, além da formação de lideranças e distribuição de bolsas acadêmicas. Tudo isso com participação de artistas, atletas, e personalidades importantes da comunidade negra.
Após um processo de conluio contra a NFL, centenas de camisetas queimadas, vaias, ameaças de morte, e muitos prêmios em homenagem a sua luta e sacrifício contra o racismo, o Ex Jogador do San Francisco quer voltar a jogar o esporte que ama.
O Caso Kaepernick
Anos a fio treinando religiosamente cinco dias por semana, C. Kaepernick alegou no final de Novembro, estar pronto para o retorno ao Futebol Americano. A liga está repleta de lesões na posição, e Colin é estatisticamente o melhor quarterback da história da NFL a ser involuntariamente aposentado. Melhor do que alguns titulares, e do que praticamente todos os reservas, Kaep tem bom pleito para voltar aos domingos de football.
Sem pré temporada usual, e com os constantes casos de contágio, problemas típicos de um 2020 caótico, muitos times tiveram que utilizar passadores reservas, ou até mesmo os substitutos dos substitutos. O exemplo mais extremo, foi a utilização de um recebedor, improvisado como passador, em um jogo do Broncos.
A luta contra o racismo sempre foi o motivo que afastou os times de Kaepernick. Uma liga com 32 Times, e 32 donos brancos não surpreende com a postura insensível em temas raciais.
Muito se alegou que seria uma distração no vestiário, ou um desrespeito ao hino e bandeira endossar o comportamento do protesto pacífico do Atleta. No entanto, a popularidade de Colin não para de crescer, e a opinião pública sobre ele tem ficado cada vez menos polarizada. CK, foi figura altamente controversa em 2016, mas hoje é o rosto da Nike, fechou parceria com Disney para criação de série biográfica, entre outras parcerias futuras que vizam dar voz/espaço para histórias protagonizadas e produzidas por minorias sociais.
Ou seja, o que em dado momento foi impopular, agora é quase plenamente aceito.
O que não mudou, é o medo. As franquias temem por contratar um ativista, mais do que temem perder jogos por incompetência de seus QBs, e QBs reservas.
Kaepernick não só estava certo em 2016, como também estava a frente do tempo. Em 2020, a luz de todos os protestos se espalhando por NFL, NBA, e principalmente nas ruas, não restam dúvidas: Se Kaepernick não voltar aos gramados, o futebol americano perde, mas acima de tudo, a injustiça e o preconceito vencem.