Home Futebol Seleção Feminina fecha ano de 2020 mostrando consistência, concentração e boas variações táticas

Seleção Feminina fecha ano de 2020 mostrando consistência, concentração e boas variações táticas

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa mais uma goleada das comandadas de Pia Sundhage sobre o Equador

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa mais uma goleada das comandadas de Pia Sundhage sobre o Equador

Esqueça por um momento a fragilidade do adversário da Seleção Feminina. As comandadas de Pia Sundhage fizeram exatamente o que tinham que fazer diante de um frágil e até ingênuo time do Equador. E a goleada por 8 a 0 na partida realizada nesta terça-feira (1) no Morumbi só não mostrou que o Brasil deve manter a hegemonia no continente sul-americano por mais algum tempo como também deixou claro que a equipe ganhou ainda mais consistência, melhorou seu jogo coletivo, mostrou boas variações táticas e manteve a concentração em todos os momentos da partida. Mesmo não sendo testada defensivamente. Foi bom ver Andressa Alves voltando a jogar razoavelmente bem e a maneira como Ludmila e Debinha se movimentavam e bagunçavam completamente a defesa equatoriana. O último teste de 2020 deixa um saldo muito positivo e um caminho promissor até os Jogos Olímpicos de Tóquio.

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Pia Sundhage promoveu apenas duas mudanças na Seleção Feminina. Jucinara entrou no lugar de Tamires na lateral-esquerda e Ana Vitória entrou no lugar de Adriana no meio-campo. Ao invés da formação confusa dos primeiros 45 minutos do primeiro tempo do jogo da última sexta-feira (27), a treinadora sueca manteve o 4-4-2/4-2-4 que funcionou muito bem no segundo tempo na NeoQuimica Arena. Tanto que o Brasil abriu o placar logo na primeira vez em que foi ao ataque. Ludmila fez boa jogada individual pela esquerda e cruzou para Debinha (a principal jogadora da seleção atualmente) completar de letra. Era a senha para a goleada que veio com toda a força a partir da boa movimentação da camisa 19 pela esquerda e abrindo espaços para as chegadas de Andressa Alves por dentro quase como uma segunda atacante. A Seleção Feminina mostrava boa consistência e muita intensidade nas transições ofensivas.

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Pia Sundhage manteve seu 4-4-2/4-2-4 no amistoso desta terça-feira (1) e viu a Seleção Feminina se comportar ainda melhor dentro de campo. Ludmila, Andressa Alves e Debinha levaram a defesa do Equador à loucura com muita movimentação e intensidade no ataque. Foto: Reprodução / SPORTV

Toda a Seleção Feminina estava bastante ligada na partida e tratou logo de mostrar que era (muito) superior. Tanto que as comandadas de Pia Sundhage mantiveram o ritmo da partida lá na estratosfera. Primeiro com as boas jogadas no ataque construídas a partir da já mencionada movimentação constante do quarteto ofensivo e da chegada das volantes Formiga e Luana para esperar a chamada “segunda bola”. E depois pela maneira como as jogadoras brasileiras forçavam o erro das equatorianas na saída de bola. Nesse momento, o escrete canarinho se organizava em algo próximo de um 4-2-3-1 com Debinha mais recuada, Ana Vitória e Andressa Alves pelos lados e Ludmila, a principal válvula de escape da equipe, mais à frente. Cada jogadora fechada seu espaço, cortava as linhas de passe das adversárias e estava sempre ligada na possibilidade de iniciar os contra-ataques em alta velocidade.

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Principal válvula de escape da Seleção Feminina, Ludmila ficava mais à frente (pronta para puxar os contra-ataques em alta velocidade) enquanto Debinha, Andressa Alves e Ana Vitória fechavam as linhas de passe do Equador. Tudo para forçar o erro na saída de bola. Foto: Reprodução / SPORTV

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Se os gols não saíam pelo chão, a Seleção Feminina também mostrou que as jogadas pelo alto também funcionavam muito bem e foram muito bem treinadas por Pia Sundhage. O segundo tempo seguiu o mesmo panorama do primeiro: quase um treino de ataque contra defesa. No entanto, mesmo com a ampla vantagem (que poderia gerar um relaxamento até certo ponto natural no escrete canarinho), as jogadoras seguiram aplicando os conceitos propostos pela treinadora sueca. Principalmente no gol marcado por Júlia Bianchi. Chú recebe pela direita e puxa a marcação para o fundo. Todas as jogadoras brasileiras atacam o espaço vazio. Incluindo a meio-campista do Avaí/Kindermann. O volume de jogo da Seleção Feminina era imenso. E nem mesmo a fragilidade da equipe comandada por Emily Lima (que pouco pôde fazer para fazer sua equipe competir) diminui a atuação do escrete canarinho no Morumbi.

Chú recebe pela direita e puxa a marcação para o fundo. Júlia Bianchi aparece no espaço vazio e só completa para as redes. A construção do sétimo gol da Seleção Feminina no Morumbi deixou bem clara a superioridade da equipe de Pia Sundhage. Mais uma ótima atuação coletiva. Foto: Reprodução / SPORTV

O saldo das duas partidas amistosas contra o Equador é positivo. A boa dinâmica de Debinha (mais atacante do que “winger” com Pia Sundhage) e Ludmila na frente, a consistência que Formiga e Luana deram ao meio-campo e a atuação de novatas como Adriana, Valéria, Júlia Bianchi, Duda e Nycole são algumas das boas notícias trazidas nas duas goleadas sobre o Equador. Por outro lado, é preciso observar que, enquanto Bruna Benites esteve em campo, a Seleção Feminina insistiu em jogadas pela esquerda, fazendo com que Ana Vitória tivesse que ocupar uma faixa do campo maior para não deixar espaços às suas costas. Pode ser que Pia Sundhage queira jogar com uma “lateral-zagueira” por um lado e uma mais apoiadora pelo outro. Mas só há como saber se essa formação vai dar certo de verdade contra equipes mais qualificadas e que testem o sistema defensivo brasileiro. Coisa que o Equador não fez.

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Por mais que eu e você ainda tenhamos questionamentos sobre essa ou aquela escolha da treinadora sueca, é praticamente impossível não notar a consistência do trabalho na Seleção Feminina. Existe um caminho a ser seguido e uma ideia de jogo bem clara na equipe brasileira, pontos que tornam a equipe de Pia Sundhage como uma das equipe que vai chegar forte sim na disputa da inédita medalha de ouro olímpica.

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