Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira destaca a vitória dos Reds e a importância de Diogo Jota no time de Jürgen Klopp
A partida entre Liverpool e Atalanta (válida pela terceira rodada da fase de grupos da Liga dos Campeões da UEFA) estava cercada de expectativa por conta do estilo de jogo extremamente ofensivo das equipes comandadas por Jürgen Klopp e Gian Piero Gasperini. Os gols tão aguardados apareceram, mas apenas do lado vermelho. Os Reds simplesmente atropelaram a equipe italiana numa das melhores atuações coletivas da temporada e que lembrou a equipe campeã continental em 2018/19 em vários momentos. No entanto, mas do que a goleada de 5 a 0, a partida também revelou a importância do português Diogo Jota. O camisa 20 não somente marcou três vezes como se saiu muito bem numa função que era de Roberto Firmino. O estilo é diferente, mas o rendimento já deixa uma pulga atrás da orelha de Jürgen Klopp para as próximas partidas do Liverpool nessa temporada.
🔴⚽️ 16' Diogo Jota
🔴⚽️ 33' Diogo Jota
🔴⚽️ 47' Salah
🔴⚽️ 49' Mané
🔴⚽️ 54' Diogo Jota🤔 Describe this Liverpool display in one word!#UCL pic.twitter.com/6ESh2mLE68
— UEFA Champions League (@ChampionsLeague) November 3, 2020
Os números do SofaScore comprovam o amplo domínio do time de vermelho na partida desta terça-feira (3). A goleada foi construída a partir da execução quase perfeita dos já amplamente estudados conceitos de Jürgen Klopp: forte marcação na saída de bola do adversário, intensidade absurda nas transições e muita objetividade no ataque. Vale destacar aqui o encaixe quase perfeito de Diogo Jota no 4-3-3 bem conhecido do Liverpool. As trocas de posição entre o português, Sadio Mané e Salah eram constantes e bagunçavam completamente o 3-4-1-2 de Gian Piero Gasperini. E isso sem mencionar as subidas quase constantes de Alexander-Arnold e Robertson ao ataque e o suporte de Curtis Jones e Wijnaldum. O que se viu no Atleti Azzurri D’Italia, em Bérgamo, foi uma verdadeira avalanche vermelha. Exatamente como nas históricas temporada de 2018 e 2019.
Diogo Jota se encaixou muito bem no comando de ataque do 4-3-3 costumeiro de Jürgen Klopp. As trocas de posição entre o camisa 20, Salah e Mané eram constantes e exploravam bem os espaços às costas dos alas Hateboer e Mojica e os erros de posicionamento do trio de zagueiros da Atalanta.
Vale destacar que, apesar do placar elástico e do atropelo do Liverpool na partida, a Atalanta também criou chances de gol fez o goleiro Alisson a trabalhar em alguns momentos da partida. Mesmo assim, o domínio vermelho foi incontestável. Ainda mais depois que Diogo Jota marcou duas vezes ainda na primeira etapa em lançamentos milimétricos de Alexander-Arnold e Joe Gomez. Se o brasileiro Roberto Firmino é um jogador de mais preparação de jogadas (quase um “camisa 10” nos moldes antigos), o português da camisa 20 funciona muito bem com espaço para arrancar e partir pra cima dos zagueiros saindo da esquerda para dentro. Não é exatamente um centroavante, mas rende muito quando atua como “flecha” recebendo os passes em profundidade dos companheiros. Ainda mais quando a equipe da Atalanta pecava demais na cobertura e na transição defensiva.
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Our hat-trick hero 🤩 pic.twitter.com/4c6xFReg0c
— Liverpool FC (@LFC) November 3, 2020
Os primeiros dez minutos da segunda etapa em Bérgamo trataram de confirmar o massacre do Liverpool sobre a Atalanta. E isso em verdadeiras aulas de contra-ataque em que os Reds mostraram como uma equipe de qualidade explora bem os passes longos. Salah, Mané e Diogo Jota (pela terceira vez) trataram de fechar o placar e confirmar a superioridade do escrete inglês na casa de um adversário completamente atônito com tamanha intensidade. Do lado da Atalanta, o técnico Gian Piero Gasperini fez o que pôde para tentar diminuir o estrago, mas o escrete italiano só conseguiu chegar com certo perigo quando o Liverpool diminuiu o ritmo alucinante que vinha colocando. Luis Muriel e Zapata eram os jogadores mais lúcidos da equipe de Bérgamo, mas pouco puderam fazer diante da melhor atuação coletiva do Liverpool nos últimos meses. E isso não é nenhum exagero.
Com a ampla vantagem no placar, Jürgen Klopp descansou seus principais jogadores, mas manteve seu 4-3-3 básico. Firmino entrou na partida e jogou mais como um “camisa dez” do que um atacante de fato. Do outro lado, a Atalanta tentou diminuir o estrago com boas chegadas de Zapata, mas não foi suficiente.
Apesar das oscilações na temporada (incluindo a goleada sofrida diante do Aston Villa pela Premier League) e a lesão do sempre importantíssimo zagueiro Van Dijk, o Liverpool ainda é uma equipe extremamente difícil de se vencer. Não somente pelos conceitos já muito bem assimilados e executados de Jürgen Klopp, mas pela maneira como os Reds vêm se renovando. A chegada de Diogo Jota é um alívio para quem dependia apenas de Origi, Minamino e Shaqiri para mudar o panorama das partidas. O português abre ainda mais o leque de opções de Klopp dentro do seu 4-3-3 costumeiro com boa movimentação por todo o terço final e ocupação inteligente dos espaços. Impossível não notar que o encaixe com Salah e Mané deu ainda mais mobilidade e mais fluidez ao setor ofensivo, pontos que ajudaram a desestabilizar a defesa da forte equipe da Atalanta. Não é pouca coisa.
O Liverpool já mostrou que tem totais condições de repetir as grandes apresentações das temporadas passadas, quando se sagrou campeão da Liga dos Campeões da UEFA e da Premier League. É exatamente por isso que a atuação coletiva desta terça-feira (3) e o “hat-trick” de Diogo Jota devem ser festejados pelos Reds. A equipe está se renovando sem perder consistência e equilíbrio. Um deleite para os amantes do futebol bem jogado.
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