Home Futebol Jogo coletivo é a chave para Koeman acabar com a dependência de Messi no Barcelona; entenda

Jogo coletivo é a chave para Koeman acabar com a dependência de Messi no Barcelona; entenda

Luiz Ferreira analisa a goleada sobre o Villarreal e a boa atuação do escrete blaugrana na coluna PAPO TÁTICO

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Luiz Ferreira analisa a goleada sobre o Villarreal e a boa atuação do escrete blaugrana na coluna PAPO TÁTICO

É bem verdade que estamos falando apenas do primeiro jogo oficial da temporada. Mesmo assim, diante de tudo o que aconteceu no Barcelona nas últimas semanas, era mais do que natural que as atenções estivessem todas em cima da equipe, de Ronald Koeman e (principalmente) de Lionel Messi. Por outro lado, a vitória por 4 a 0 sobre o Villarreal (em partida válida pela primeira rodada do Campeonato Espanhol) mostrou uma equipe muito mais preocupada em tirar toda a responsabilidade das costas do craque argentino. Com uma primeira etapa acachapante (e grande atuação da jóia Ansu Fati), o Barça construiu a goleada usando e abusando da movimentação ofensiva, intensidade e das trocas de posição no setor ofensivo. É apenas o primeiro jogo oficial de Koeman no comando do escrete blaugrana. Mas o que se viu no Camp Nou já mostra o caminho a ser seguido.

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Koeman armou o Barcelona num 4-2-3-1 básico, com Messi no comando de ataque (e voltando aos tempos de “falso nove”), Griezmann e Ansu Fati pelos lados e Philippe Coutinho jogando por dentro, mas sem deixar de se movimentar por todo o setor ofensivo. O quarteto ofensivo contou com o apoio constante de Sergi Roberto e Jordi Alba num ataque posicional que esgarçou as linhas defensivas do Villarreal com muita intensidade no último terço do campo. Quem se destacava de verdade era o jovem Ansu Fati. Partindo em diagonal a partir do lado esquerdo, o camisa 22 abria o corredor para as descidas de Jordi Alba e ainda aparecia no comando de ataque sempre que Messi abria espaços pelo setor. Mas o que segue merecendo destaque é o jogo coletivo. Messi fez boa partida, mas não viu o Barcelona depender da sua genialidade como em outros tempos.

Barcelona vs Villarreal - Football tactics and formations

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Koeman armou o Barcelona num 4-2-3-1 básico, mas com muita movimentação ofensiva e apoio constante dos laterais. Messi fez seu papel no comando de ataque ao abrir espaços para as chegadas de Ansu Fati, Philippe Coutinho e Griezmann. Bom jogo coletivo, boas trocas de passe no setor ofensivo e muita intensidade.

Vale destacar que o holandês Ronald Koeman aplicou vários dos conceitos já explicados aqui neste espaço no especial sobre o “jogo de posição”. Primeiro pela valorização da posse de bola e depois pela movimentação constante dos jogadores de frente. Mas a grande mudança aconteceu na “inversão da pirâmide” aplicada por Rinus Michels no Barcelona com Johan Cruyff nos anos 1970 e repetida pela própria lenda holandesa no “Dream Team” de 1992. O já citado 4-2-3-1 se transformava numa espécie de 3-2-5 com o avanço de Sergi Roberto e Jordi Alba para junto de Messi, Griezmann e Ansu Fati. Mais atrás, De Jong recuava para junto da dupla de zaga e Philippe Coutinho se juntava a Busquets na armação das jogadas e na distribuição dos passes. A formação pôde ser vista no lance que originou o primeiro gol do Barcelona, marcado pelo jovem Ansu Fati logo aos 14 minutos.

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Sergi Roberto e Jordi Alba avançavam, Griezmann e Ansu Fati abriam o corredor e De Jong voltava para junto da dupla de zaga. A variação do 4-2-3-1 para o 3-2-5 proposta por Ronald Koeman é apenas um dos conceitos que o treinador do Barcelona aprendeu com Johan Cruyff nos anos 1990. Foto: Reprodução / YouTube / La Liga Santander

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O segundo tempo começou com o Barcelona mantendo a posse de bola e buscando as triangulações pelos lados do campo, mas sem ser tão intenso como foi nos primeiros 45 minutos. Postura até natural para quem construiu uma vantagem de quatro gols na primeira etapa. Do outro lado, o Villarreal tentava se recuperar o baque com as entradas de Trigueros e Iborra nos lugares de Coquelin e Paco Alcácer. A ideia de Unai Emery era reforçar o meio-campo e tentar criar alguma superioridade numérica no setor para acionar a velocidade de Gerard Moreno (depois Bacca) no ataque. A estratégia até funcionou um pouco com Moi Gómez explorando os espaços atrás de Sergi Roberto e Jordi Alba. Mas o Barcelona seguia muito superior ao seu adversário e poderia até ter construído uma goleada histórica se não fosse a grande atuação do goleiro Asenjo na segunda etapa.

Villarreal vs Barcelona - Football tactics and formations

O Barcelona diminuiu o ritimo em alguns momentos do segundo tempo, mas o Villarreal não conseguiu ter volume de jogo suficiente para superar a equipe de Ronald Koeman. O treinador holandês, inclusive, aproveitou os 45 minutos finais para rodar o elenco e dar minutos a nomes como Dembelé, Pedri, Trincão e Pjanic.

É verdade que estamos falando apenas do primeiro jogo oficial da temporada e que Ronald Koeman ainda vai precisar de mais tempo para deixar o Barcelona do jeito que deseja. Fato é, no entanto, que a goleada construída nesse domingo (27) indicou um caminho a ser seguido. Primeiro por ter se imposto diante de uma equipe inferior tecnicamente e por ter construído a goleada sem muitas dificuldades. E depois pelo fato da equipe blaugrana ter conseguido criar jogadas sem depender tanto de Messi. Ao mesmo tempo, jogadores como Philippe Coutinho, Jordi Alba e Griezmann ganharam ainda mais importância nesse momento de “reconstrução” do Barça depois de uma temporada decepcionante. Koeman sabe que vai precisar de um conjunto muito bom para tirar a responsabilidade das costas do seu principal jogador e deixá-lo à vontade para fazer aquilo que sabe fazer muito bem.

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A goleada sobre o Villarreal dá a confiança e o respaldo necessário para que Koeman siga implementando seus conceitos no Barcelona. Mesmo ainda sendo muito cedo para se cravar qualquer coisa, a atuação e o posicionamento do time mostram que existe sim um caminho a ser seguido. Um caminho que valorize o jogo coletivo e que faça a equipe não depender tanto de Messi.

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