Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa os nomes escolhidos pelo treinador do escrete canarinho
A lateral-direita tem sido uma das grandes dores de cabeça dos treinadores da Seleção Brasileira. E não é de hoje. Desde que Cafu se aposentou (depois de quatro participações em Copas do Mundo), a posição foi disputada por nomes como Cicinho, Maicon, Daniel Alves, Rafinha, Fagner e Danilo sem que nenhum deles conseguisse conquistar a unanimidade que o capitão do penta conquistou. E a lista de convocados para os jogos contra Bolívia e Peru (pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2022) deixa isso ainda mais claro. Tite optou por Danilo (jogador que perdeu a vaga de titular na Copa da Rússia para Fagner) e pelo jovem Gabriel Menino (volante de origem) para a lateral-direita. Não que os dois não tenham capacidade de assumir a responsabilidade. Mas a escolha de Tite diz muito sobre a busca de um nome confiável para a posição na Seleção Brasileira.
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Antes de mais nada, é preciso dizer que Tite seguiu a lógica na convocação da Seleção Brasileira e chamou nomes que podem render muito. Rodrigo Caio, Alex Telles (em grande fase no Porto), Douglas Luiz (ex-jogador do Vasco e hoje no Aston Villa) e o ex-santista Rodrygo (que vem conquistando a confiança de Zidane no Real Madrid) são alguns desses jogadores. E isso sem falar em Renan Lodi, Felipe (atletas que têm crescido crescido muito no Atlético de Madrid), Bruno Guimarães (jogador que pode ser muito útil à frente da zaga), além dos já tarimbados Alisson, Gabriel Jesus, Philippe Coutinho, Roberto Firmino e, é claro, Neymar. Não é uma lista que encha os olhos, mas que segue uma linha de raciocínio bem clara de Tite. Algo que vem sendo desenhado desde a conquista da Copa América no ano passado. Há uma base e uma ideia de jogo bem definida.
Saiu a convocação da #SeleçãoBrasileira! Veja o técnico Tite lendo a lista de atletas para os jogos das Eliminatórias. pic.twitter.com/3rZTZrReKS
— CBF Futebol (@CBF_Futebol) September 18, 2020
Mas voltemos à questão da lateral-direita da Seleção Brasileira. Conversando com o jornalista Lincoln Chaves (grande amigo e grande colega de profissão na TV Brasil e na Rádio Nacional), chegamos à constatação de que a posição que já foi de Carlos Alberto Torres, Leandro, Jorginho e Cafu é uma das mais carentes no escrete canarinho. Difícil não acreditar que o comandante do escrete canarinho chamaria Daniel Alves para a posição caso o camisa 10 do São Paulo não estivesse lesionado (e mesmo com ele jogando no meio-campo com Fernando Diniz) A verdade é que faltam nomes que passem a confiança necessária para conquistar Tite e toda a comissão técnica. Guga (do Atlético-MG) foi utilizado por André Jardine na Seleção Olímpica e poderia ganhar chances. Assim como outros nomes como o garoto Calegari (do Fluminense) ou Samuel Xavier (do Ceará).
Gigantes pela própria natureza! 💪🐷
Weverton e Gabriel Menino foram convocados para defender a Seleção Brasileira!Parabéns, meus campeões! 🇧🇷🟢⚪#AvantiPalestra pic.twitter.com/uxq2keFC74
— SE Palmeiras (@Palmeiras) September 18, 2020
O que não quer dizer que Danilo e Gabriel Menino não tenham seu valor e não mereçam a oportunidade. Mas a lista diz muito sobre os nomes que temos à disposição para a lateral-direita. Danilo já é figurinha presente nas últimas convocações da Seleção Brasileira principal há pelo menos cinco anos e nunca mostrou algo de especial para conquistar definitivamente a posição. E sobre o jovem jogador do Palmeiras, ainda é cedo para dizer se é o nome certo jogar por aquele setor. Primeiro por estar jogando (e muito bem) como volante no time de Vanderlei Luxemburgo e depois pelo fato de termos outros nomes atenderiam melhor à “lógica” de Tite. Pode ser que o treinador da Seleção Brasileira também esteja pensando nos Jogos Olímpicos e queira dar rodagem a Gabriel Menino. Mesmo assim, não faz muito sentido quando ele poderia pensar no atleticano Guga, por exemplo.
Possível time titular de Tite para os jogos contra Bolívia e Peru nas Eliminatórias para a Copa do Mundo. Danilo (pela experiência) seria o titular num time que teria Philippe Coutinho armando o jogo a partir da esquerda, Neymar e Firmino se revezando no comando de ataque e Bruno Guimarães ao lado de Casemiro no meio-campo.
Fato é que existe sim uma escassez de nomes confiáveis para a lateral-direita na Seleção Brasileira. Basta olhar para o “outro lado” da equipe. Renan Lodi e Alex Telles vêm de ótimas temporadas nos seus times e com plenas condições de serem titulares. Muito mais do que Alex Sandro, por exemplo. Danilo e Gabriel Menino podem sim se firmar na posição. Principalmente o jogador do Palmeiras, mais novo e com mais possibilidade de conquistar sua vaga na Seleção jogando pela lateral-direita, setor bem menos concorrido do que o meio-campo onde os nomes surgem aos montes. Não deixa de ser uma aposta de Tite e nem uma constatação de que não estamos bem servidos de nomes naquele setor. E talvez seja esse o motivo pelo qual o treinador do escrete canarinho apostou nesses dois nomes. Um pela experiência e outro pela possibilidade de crescer muito com o passar do tempo.
As partidas contra Bolívia (marcado para o dia 9 de outubro na Neo Química Arena) e Peru (quatro dias depois, em Lima) vão dizer com certeza se Tite acertou nas suas escolhas ou se ainda é preciso garimpar. A vaga lateral-direita da Seleção Brasileira, no entanto, ainda segue aberta. Pelo menos até que alguém consiga conquistar o treinador da Seleção Brasileira e tome conta da posição.
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