Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira destaca a boa atuação da Seleção Portuguesa na goleada sobre a Croácia pela Liga das Nações
A Seleção Portuguesa já sofreu muito com as críticas deste que escreve pelas dificuldades que encontrou para jogar sem Cristiano Ronaldo. Principalmente na Copa do Mundo da Rússia, em 2018. Por outro lado, o que tem se visto desde a última edição da Liga das Nações é a clara evolução técnica e tática do time comandado por Fernando Santos e o crescimento de jogadores que vem fazendo a diferença com a bola no pé. Nos seus clubes e no selecionado nacional. Não por acaso, Portugal não precisou suar muito para vencer a Croácia (atual vice-campeã mundial) por 4 a 1 neste sábado (5), no Estádio do Dragão. Destaque para as boas atuações de Bruno Fernandes, João Cancelo (autor de um belo gol), Diogo Jota e Bernardo Silva e para o ótimo volume de jogo da equipe lusitana. Mesmo sem CR7, a “Seleção das Quinas” mostrou que tem força para conquistar o bicampeonato da Liga das Nações.
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Assim como foi dito no empate entre Alemanha e Espanha, todas as análises aqui levam em consideração o fato de quase todos os jogadores estarem vindo de um período considerável de inatividade. Fora isso, o cenário imposto pela pandemia do novo coronavírus também dificulta demais a reunião dos jogadores nas suas seleções. Mesmo assim, Portugal foi logo tratando de colocar suas estratégias em prática com um grande volume de jogo a partir do 4-3-3/4-4-2 de Fernando Santos. E dentro desse esquema tático, Bernardo Silva é o jogador mais importante do time. Era o camisa 11 quem distribuía o jogo e aproveitava a movimentação de João Félix, Bernardo Silva e Diogo Jota no espaço à frente de Lovren e Vida e atrás de Kovacic e Pasalic. Gol mesmo, no entanto, só quando João Cancelo saiu da lateral para o meio e acertou um belo chute de canhota no ângulo de Livakovic.
Portugal foi intenso, veloz, envolvente e controlou o jogo com inteligência. Nem mesmo a ausência de Cristiano Ronaldo (com uma inflamação no dedão do pé) diminuiu o ímpeto ofensivo do escrete comandado por Fernando Santos diante de uma Croácia que carecia de criatividade e objetividade no seu meio-campo.
Kovacic era um dos poucos jogadores lúcidos do time de Zlatko Dalic (que optou pelo tradicional 4-2-3-1 para a estreia da Croácia na Liga das Nações). O camisa 8 tentava (sem sucesso) dar a dinâmica necessária na saída de bola para furar a primeira linha de marcação de Portugal, mas esbarrava na atuação apagada de Vlasic e na falta de aproximação do quarteto ofensivo. Chances reais de gol só quando o escrete lusitano baixava a guarda e concedia espaços às costas de João Cancelo e Raphael Guerreiro. Tal como aconteceu com o chute de Kramaric (no final do primeiro tempo) e com Petkovic aproveitando cochiclo da zaga adversária para tocar na saída do ótimo Antonhy Lopes (já no final da partida). Muito pouco para uma seleção que ficou conhecida pela garra na Copa da Rússia, mas que já demonstra que a geração vice-campeã mundial precisa de renovação o quanto antes.
O segundo tempo deixou ainda mais clara a superioridade técnica de Portugal. Principalmente quando o time de Fernando Santos teve espaço para atacar assim que a Croácia saiu mais para o ataque. Foi nesse instante que o futebol de Bruno Fernandes apareceu ainda mais. Seja nas tabelas com Bernardo Silva, abrindo o jogo com os laterais João Cancelo e Raphael Guerreiro ou acionando os velozes Diogo Jota e João Félix mais à frente. Intensidade nas transições, toques de bola objetivos, força na marcação com Danilo Pereira à frente da experiente zaga formada por Pepe e Rùben Dias. O técnico Fernando Santos ainda faria as três substituições permitidas e veria Trincão, Sérgio Oliveira e André Silva não deixarem o nível de intensidade cair. Nem mesmo quando Petkovic descontou aos 45 minutos do segundo tempo. Portugal vem forte e mostra que criou alternativas interessantes.
Com espaço para atacar, Portugal foi construindo a goleada a partir da intensa movimentação de João Félix, Diogo Jota, Bruno Fernandes e Bernardo Silva no campo ofensivo. A Croácia mostrou uma leve melhora com as mexidas de Zlatko Dalic apenas no final da partida. Otima atuação coletiva do escrete lusitano.
Comecei essa análise tática mencionando as críticas que fiz ao time de Portugal na Copa do Mundo da Rússia por depender demais do futebol de Cristiano Ronaldo. No entanto, depois de ver a vitória contra a Croácia neste sábado e toda a evolução que a equipe teve desde a primeira edição da Liga das Nações, fico com a certeza de que Fernando Santos soube muito bem como unir a experiência de CR7, Pepe e João Moutinho à juventude de nomes como Bruno Fernandes, João Félix, Diogo Jota e outros jovens valores que surgiram nesses últimos anos. Não é exagero afirmar que Portugal tem hoje uma das seleções mais fortes do Velho Continente e que tem totais condições de brigar pelo bicampeonato da Liga das Nações e da própria Eurocopa. Com ou sem Cristiano Ronaldo, a “Seleção das Quinas” está hoje no “hall” das melhores da Europa. Principalmente pelo ótimo conjunto e elenco.
É lógico que é muito cedo para afirmar que Portugal vai conquistar a Liga das Nações. Ainda mais quando a equipe faz parte do chamado “grupo da morte” (junto com França, Croácia e Suécia). Por outro lado, o futebol apresentado pelos comandados de Fernando Santos coloca sim a equipe lusitana como uma das mais fortes da competição. E com Cristiano Ronaldo em campo, o nível só tende a subir ainda mais.
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