Último trabalho de Paulo Roberto Falcão foi em 2016, no Internacional; treinador pretende voltar ao futebol em breve
Há quase quatro anos longe da beira do gramado comandando um time de futebol, o ex-jogador e agora técnico Paulo Roberto Falcão tem usado o período de quarentena e isolamento social para ler livros sobre táticas e assistir a jogos antigos. Apesar da vontade de assumir uma equipe e retomar a carreira de treinador, Falcão analisa com cautela qualquer convite. A prioridade é ter garantia de tempo de trabalho para montar um elenco que, além de vencedor, encante o torcedor – e que saiba lidar com o possível sucesso. Por isso, o ex-volante reforça a importância da saúde mental dos atletas, já que acredita que a vitória é tão – ou mais – perigosa que a derrota.
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Em entrevista ao Torcedores, Falcão contou que faz terapia há vinte anos, o que o ajuda na relação com os jogadores, e entendeu que o emocional é tão importante quanto a tática. “É preciso dar condições aos atletas. A derrota é perigosa, pode te induzir a erros, mas a vitória, pelo risco de deslumbramento, é mais”, afirmou. Para que os profissionais saibam lidar com isso, o treinador quer que o trabalho de saúde mental comece e seja cada vez mais eficaz na base. “Em um dia você é anônimo, vai treinar de ônibus, e no outro, depois de uma partida boa, parte direto para a fama, com nome na televisão e jornais”, disse. “Essa ascensão é muito brusca. É muito difícil administrar sem um apoio emocional”, completou.
A preocupação com a saúde mental dos jogadores é, para o ex-volante, obrigação de quem lidera um grupo. “É preciso trabalhar a questão psicológica dos atletas. Em um time, são eles que fazem a diferença, e é preciso que tenham as condições ideais”, afirmou. Falcão completou o raciocínio com uma frase que não é de autoria própria, mas é sempre citada em palestras dadas pelo treinador: “O ruim da vitória é que ela não é definitiva; o bom da derrota é que também não é definitiva”.
Inspiração em outros esportes faz treinador buscar excelência
Além de se dedicar à leitura de livros sobre esquemas táticos, Falcão tem usado o período de quarentena para rever jogos do ex-tenista Guga. O treinador, de certo modo, se inspira nele, a quem considera um ídolo que carregou a bandeira do Brasil e ficou eternizado, além das vitórias, pela maneira de jogar.
“As partidas do Guga me emocionam. Ele levou o país a acompanhar um esporte que não é o nosso forte, e isso é muito legal. Oscar, no basquete, e Bernardinho e Zé Roberto Guimarães, no vôlei, fizeram isso. No futebol, também é preciso emocionar. O torcedor não quer apenas ganhar o jogo, quer o time jogando bem”, disse.
Tempo para trabalhar e desejo de ficar marcado na história
Os anos que Falcão tem passado afastado do futebol não são à toa. O treinador não quer assumir uma equipe em que não haja estabilidade para trabalhar. A ideia é ter tempo e espaço para criar uma filosofia de jogo e tentar desenvolver algo novo. “Futebol não é uma coisa muito simples. Meu objetivo não é montar um time que tenha performance, que fique perpetuado na história, senão a vitória vira apenas estatística”, pontuou.
Importância de se posicionar em tempos difíceis
Falcão fez parte, em 1982, de uma seleção brasileira que, assim como deseja para a carreira de treinador, ficou marcada no imaginário do torcedor de futebol. Mais do que isso: o grupo tinha, principalmente na figura de Sócrates, quem se posicionava em causas sociais. E isso, na visão do treinador, é importante. “Estamos passando por um momento em que cada um precisa ajudar um pouco. É importante contribuir no trabalho social do país”, disse.
Em casa por conta da quarentena, Falcão sabe que enfrentar o novo coronavírus não é trabalho fácil, e que, no futebol, CBF, clubes e jogadores precisam estar unidos: “É um momento crítico. Todos precisam se dar conta disso. Estamos enfrentando um adversário complicado, mas que fica menos difícil se houver parceria, diálogo e bom senso”.
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