Após a eliminação, o treinador disse que todos os jogadores do banco do Leipzig jogariam no time dele
Não é algo novo. Na realidade, é um comportamento cada vez mais típico de José Mourinho. O desgaste na relação com o próprio elenco sempre foi uma questão de tempo, mas, por muitos anos, o excelente desempenho justificava os eventuais contratempos. O problema é que, nos últimos tempos, não tem sido um preço que compensa.
O Tottenham não teve a menor chance contra o RB Leipzig. A equipe alemã foi superior nos 180 minutos e construiu o placar com naturalidade. Os 4 a 0 no agregado ilustram bem a diferença entre os times.
Você conhece o canal do Torcedores no Youtube? Clique e se inscreva!
Siga o Torcedores também no Instagram
Em tese, não seria assim. Quando o sorteio das oitavas foi realizado, o duelo entre Leipzig e Tottenham prometia ser um dos mais equilibrados e interessantes. O choque entre Julian Nagelsmann e José Mourinho colocava dois estrategistas de gerações diferentes em destaque.
É verdade que os desfalques tiveram papel importante na equação. Ao perder Harry Kane e Son Heung-Min, o Tottenham ficou sem seus dois jogadores mais capazes de desequilibrar no ataque. Bergwijn, Davinson Sánchez, Sissoko e Ben Davies foram outras ausências. Com um elenco curto para alguns setores, as opções não foram suficientes.
Só que também não foram problemas de última hora. Mourinho teve tempo para, no mínimo, trabalhar possibilidades que representassem um mínimo de competitividade. Não foi o que aconteceu. O desempenho na Premier League é pouco convincente. Na Champions, a eliminação foi incontestável.
Ao falar “todos os jogadores do banco do Leipzig, no momento, jogariam no meu time”, talvez Mourinho nem tenha mentido. Diante da pobreza apresentada pelo Tottenham, é possível discutir o nível atual do elenco e a enorme queda em tão pouco tempo para um atual vice-campeão europeu.
A questão maior não é o conteúdo, e sim a forma como o treinador expõe determinados comentários. Não é a primeira vez e não costuma ser um bom sinal. A gestão de grupo é parte fundamental para qualquer trabalho de qualquer comissão técnica. Nos últimos anos, Mourinho perdeu a mão nas coletivas. Enquanto esteve no Manchester United, apontava o dedo para seus jogadores e falava publicamente sobre não ter qualidade suficiente nas mãos.
Quando chegou ao Tottenham, a primeira reação foi elogiar o elenco que tinha e levantar a bola do clube, garantindo que ali não teria as limitações que o atrapalharam antes. A fase da lua de mel durou pouco. Em poucos meses, já não é mais o suficiente, sem esquecer do peso dos desfalques. E sem esquecer também que cabe ao técnico extrair mais e potencializar os jogadores que tem à disposição. Se o banco do Leipzig parece bom, é também resultado de um processo conduzido por Nagelsmann. A sensação é de que, para o Mourinho atual, o elenco bom é sempre o dos outros. Uma pena para um treinador que é referência em sua geração.
LEIA MAIS:
Rafael Oliveira: a difícil situação do Chelsea na Champions League