Lucía Barbuto foi a primeira mulher a ocupar o cargo mais alto em um clube da elite argentina
Por Livia Camillo
Primeira mulher a ocupar a presidência de um clube da elite argentina, Lucía Barbuto caminhou contra todas as estatísticas até chegar ao cargo mais alto no C.A. Banfield, em 2019. Obstetra de formação, a dirigente começou a se envolver com a política do clube desde cedo pela paixão herdada da família, e nunca abriu mão da militância feminista em sua trajetória.
“Eu nasci com o que conhecemos aqui [na Argentina] como “DNA do Banfileño”. Sou de uma família de fãs de Banfield há anos. Antes de começar a estudar medicina e depois disso, na graduação em obstetrícia, eu já participava das políticas do clube”, contou Lucía ao Papo de Mina.“Eu não achava que íamos fazer progresso suficiente para que uma mulher presidente pudesse existir. Tenho certeza que o caminho de crescimento, aprendizado e militância me levou aqui.”
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Um convite muito importante foi primordial para determinar a projeção de Lucía de destaque no clube aos 33 anos. “Comecei a participar de reuniões abertas do grupo liderado por Eduardo Spinosa [ex-presidente] e, após anos de militância em que vencemos as primeiras eleições, eu já fazia parte do conselho de administração. Toda a minha vida entendi política e militância como uma ferramenta de mudança e modo de vida e foi isso que me levou a abordar o grupo”, disse.
Responsabilidade na luta feminista
Como a maior parte das mulheres que ocupam espaços importantes em ambientes masculinos, Lucía precisou passar episódios em que foi subestimada. Em algumas dessas situações, a presidente relembrou ter passado por “testes” ao responder perguntas com tom de dúvida sobre seus conhecimentos. “Durante muito tempo o futebol foi um ambiente de homens, mas isso está mudando e as mulheres o amam da mesma maneira que os homens.”
O respeito ao seu trabalho foi construído aos poucos, e abrir caminho para as novas líderes é um papel que Lucía leva como responsabilidade da profissão. Mas o objetivo da presidente não é só ter influência no cenário do esporte.
“Vejo mais e mais mulheres ocupando posições que antes eram apenas homens. Confio em toda uma nova geração de jovens com muita capacidade e nas pioneiras que há anos vêm nos apoiando. Muita responsabilidade [ter esse papel] , mas também é uma alegria em abrir uma porta para que sejamos cada vez mais mulheres em posições relevantes, em clubes e em todos os espaços que queremos ocupar.”